terça-feira, 2 de abril de 2013
Santo Afonso de Ligório - Da Guarda do Coração
A modéstia dos olhos pouco nos servirá se não vigiarmos sobre o nosso coração.
"Aplica-te com todo o cuidado possível à guarda do teu coração, diz o Sábio (Prov 4,
27), porque é dele que procede a vida". É aqui o lugar apropiado para se dizer algumas
palavras sobre as amizades e, primeiramente, sobre as santas, depois sobre as puramente
naturais e, afinal, sobre as perigosas.
1) Descrevendo São Paulo a corrupção moral dos gentios, enumerava entre seus
vícios a falta de sentimento e de susceptibilidade para a amizade. A amizade, segundo
São Tomás, é mesmo uma virtude. A perfeição não proíbe se entretenham amizades, diz
São Francisco de Sales; exige somente que sejam santas e edificantes, a saber, só devem
ser mantidas aquelas uniões espirituais por meio das quais duas, três ou mais pessoas,
comunicam entre si seus exercícios de devoção, seus desejos piedosos e sentimentos
nobres, tornando-se como que um só coração e uma só alma para a glória de Deus e o
bem espiritual próprio e alheio. Com toda a razão podem tais almas exclamar: "Vede
quão bom e suave é habitarem os irmãos em união" (Sl 132, 1). São Francisco diz mais
que, em tal caso, o suave bálsamo da caridade destila de coração em coração por meio
dessas mútuas comunicações, e bem pode-se dizer que Deus lança Sua benção sobre tais
amizades, por toda a eternidade (Fil., III, c. 19).
Tais amizades são recomendadas pela Escritura mesma, em termos eloqüentes:
"Nada se pode comparar com o valor de um amigo fiel, e o valor do ouro e da prata não
iguala a bondade de sua fidelidade" (Ecli 6, 16). "Um amigo fiel é um remédio para a
vida e a mortalidade, e os que temem o Senhor encontram um tal" (Idem).
Mas como podeis aconselhar as amizades particulares, dirá alguém, quando elas
são tão rigorosamente condenadas por todos os ascetas? Respondo: As amizades
particulares são proibidas unicamente nos claustros e com toda a razão, pois é
imperiosamente necessário que todos os religiosos se amem mutuamente com amor
fraterno, para que haja uma vida comum claustral. Ora, num claustro, as amizades
particulares podem facilmente ocasionar perturbações dessa mútua caridade, dando
ocasião a invejas, suspeitas e outras misérias humanas. São Basílio não hesitou dizer
que as amizades particulares em um convento são uma sementeira perpétua de invejas,
de desconfianças e inimizades. O mesmo acontece nas famílias em que o pai ou a mãe
tem mais carinhos para um filho que para os outros. Os filhos de Jacó odiavam seu
irmão José, porque seu pai lhe dedicava um amor especial.
Não há, além disso, nenhum motivo de se alimentar tais amizades num estado
religioso, pois, num convento, onde reinam a disciplina e a ordem, todos os membros
tendem ao mesmo fim, à perfeição, e não é necessário travar amizades particulares para
animar-se mutuamente ao serviço de Deus e ao trabalho do aperfeiçoamento próprio.
Os que, vivendo no mundo, desejam dedicar-se à prática da virtude verdadeira e
sólida, precisam, pelo contrário, de se unir aos outros por uma amizade santa e
edificante, para poderem, por meio dela, se animar, se auxiliar e se estimular ao bem.
Há no mundo poucas pessoas que tendem à perfeição e muitas que não possuem o
espírito de Deus e, por isso, é preciso que os bons, quanto possível, evitem os que
podem impedir seu adiantamento espiritual e travem amizade com os que os podem
auxiliar na prática do bem.
2) Quanto às amizades puramente naturais, deve-se dizer que elas têm seu
fundamento na nossa natureza, que nos compele a amar nossos pais, nossos benfeitores
e todos aqueles em quem vemos belas qualidades e com quem simpatizamos. Esta
espécie de amizade é o laço da família e da sociedade, mas facilmente degenera em
amizades falsas; por exemplo, se os pais, por um carinho demasiado, toleram as faltas
de seus filhos, ou se um amigo ofende a Deus para agradar a seu amigo, etc. As
amizades naturais só são agradáveis a Deus se as santificarmos por meio da boa
intenção; por exemplo, amando a nossos pais e amigos por amor de Deus.
3) Por amizades perigosas entendem-se, em particular, as sensuais, isto é,
aquelas que se baseiam sobre uma complacência sensual, sobre a fruição comum de
prazeres dos sentidos, sobre certas qualidades fúteis e vãs de espírito e coração. Essas
amizades são já por si perigosas, mesmo que, no começo, nada tenham de
inconveniente, e devemos guardar nosso coração desembaraçado delas.
a) "Quem não evita relações perigosas, cai facilmente no abismo", diz Santo
Agostinho (Serm. 293). O triste exemplo de Salomão bastaria para nos encher de terror.
Depois de ter sido amado tanto por Deus, servindo ao Espírito Santo de mão para
escrever, travou relações com mulheres pagãs, já na sua velhice, e caiu tão
profundamente que chegou a sacrificar aos deuses. Isso, porém, não nos deve estranhar,
pois, será para admirar que alguém se queime, permanecendo no meio das chamas? -
pergunta São Cipriano (De sing. cler.).
Mas em nossas conversas, graças a Deus, não ocorre nada de mal, dirá alguém.
Respondo: Todas as amizades que têm sua origem em afeições meramente materiais
são, pelo menos, um grande impedimento à perfeição, ainda que não dessem ocasião a
outras coisas. Elas, no mínimo, fazem-nos perder o espírito de oração e recolhimento
interior; a alma que está presa por uma afeição natural poderá achar-se corporalmente
na igreja, mas seu espírito estará se entretendo com o objeto de seu amor; perderá o
amor aos Santos Sacramentos; não será mais sincera para com seu confessor, temendo
que ele a obrigue a romper com essa cadeia e, envergonhando-se de lhe descobrir sua
afeição, não lhe dirá a causa de sua tibieza, e assim se agrava, de dia para dia, seu estado
lastimoso. Ao ouvir que fala mal da pessoa amada, se enfurece, defende-a
calorosamente; descuida-se da obediência, pois quando o confessor a exorta a renunciar
a tal amizade, procura mil desculpas para não ter de obedecer.
Não é só grande a perda espiritual que se sofre com essas amizades baseadas
sobre certas qualidades externas duma pessoa, mas, principalmente se for doutro sexo, é
também enorme o perigo que se corre de se se perder eternamente. No começo tais
amizades parecem indiferentes, mas tornam-se pouco a pouco pecaminosas e, enfim,
arrastam a alma ao pecado mortal. "São como o fogo e a palha, e o demônio não cessa
de assoprar até irromper o incêndio", diz São Jerônimo.
Pessoas de diferentes sexos abrasam-se por causa da muita familiaridade, com a
mesma facilidade com que a palha atingida pelo fogo, e, em certo sentido, até com mais
facilidade, porque o demônio emprega tudo quanto é apto para atiçar o fogo. Santa
Teresa viu-se um dia transportada ao inferno, onde Deus lhe mostrou o lugar que lhe
preparara, se não rompesse com um apego puramente natural a um seu parente.
b) Se sentires em teu coração, alma cristã, uma tal afeição para com alguém, não
há outro remédio para te libertares dela, senão cortá-la resolutamente de uma vez para
sempre, pois, se quiseres renunciá-la pouco a pouco, crê-me, nunca chegarás a desfazerte
dela. Essas cadeias são dificílimas de romper, e só o conseguirá quem as quebrar
violentamente, duma só vez. E não venhas com a desculpa de que, até agora, nada
ocorreu de inconveniente, pois deves saber que o demônio não começa com o pior, mas
só pouco a pouco leva a alma imprudente às bordas do precipício e, então, com um leve
empurrão, precipita-as no abismo.
É uma máxima aceita por todos os mestres da vida espiritual de que, neste ponto,
não há outro remédio senão fugir e afastar-se da ocasião. São Filipe Néri costumava
dizer que, nesse combate, só os covardes saem vencedores, isto é, os que fogem da
ocasião. Podemos resistir aos outros vícios ficando na ocasião, diz São Tomás (De mod.
conf., c. 14), fazendo violência contra nós mesmos; mas o vício contrário à pureza,
porém, só o poderemos vencer fugindo da ocasião e renunciando às afeições perigosas.
Se sentires, porém, teu coração livre e desembaraçado de tais afeições, toma
todo o cuidado possível para não te emaranhares em laço algum, como já se tem dado a
muitos em razão de sua negligência. Eis o conselho que te dá São Jerônimo (Ep. ad
Eust.): "Se, no trato com alguém, notares que alguma afeição desregrada se quer
apoderar de teu coração, apressa-te a sufocá-la antes que se torne um gigante. Enquanto
o leão é ainda pequeno, pode ser facilmente trucidado; uma vez crescido, torna-se-á mui
difícil e humanente impossível".
Coisa verdadeiramente lamentável e vergonhosa seria se permitisses que
fizessem, em tua presença, gracejos indecentes. Não julgues que não pecas calando-te e
simplesmente ouvindo tais gracejos; se não evitares o mais depressa possível a
companhia de um homem tão insolente, já cooperaste com o seu pecado e te fizeste réu
dele. Se receberes de alguém uma carta com palavras amorosas, rasga-a imediatamente
ou lança-a ao fogo e não lhe dês resposta. Se, por motivo grave, tiveres de responder,
faze-o então em poucas e sérias palavras, e não dês a entender que notaste as tais
palavras e muito menos que achaste nelas qualquer prazer.
c) Não repliques também que não há perigo, porque a pessoa de que se trata é
piedosa. São Tomás de Aquino diz (De mod. conf., c. 14): "Quanto mais santas são as
pessoas pelas quais sentimos afeição particular, tanto mais devemos nos acautelar,
porque o alto apreço que fazemos de sua virtude mais nos estimula ainda a amá-las". O
padre Sertório Caputo, da Companhia de Jesus, diz: "O demônio, a princípio, nos
inspira amor à virtude daquela pessoa, depois o amor à própria pessoa e, finalmente, nos
lança na perdição". O Doutor Angélico faz notar que o demônio sabe perfeitamente
esconder um tal perigo: no começo não dispara seta alguma que pareça envenenada,
mas só tais que excitem a afeição, ocasionando leves feridas do coração; em seguida,
quando o amor já está aceso, essas pessoas já não se tratam mais como anjos, mas como
homens de carne e sangue: trocam repetidos olhares e palavras amorosas, desejam estar
muitas vezes a sós, juntas e, por fim, a piedade espiritual degenera em amor carnal.
d) São Boaventura indica cinco sinais dos quais se pode deduzir se a afeição que
a alguém nos prende é impura. Primeiro: se se entretêm conversas inúteis; e inúteis são
todas as que levam muito tempo. Segundo: se ocorrem olhares e louvores mútuos.
Terceiro: se se desculpam as faltas reciprocamente [evitando correções para não
desagradar]. Quarto: se aparecem pequenos ciúmes. Quinto: se a separação causa certa
inquietação. Eu ajunto ainda: Se se sente grande prazer e gosto nas maneiras ou
gentileza natural da pessoa amada, se se deseja que a afeição seja correspondida, e se se
não gosta de que outros observem, ouçam ou falem disso.
e) Mas, mesmo as pessoas que pretendem contrair matrimônio, estarão obrigadas
a sufocar a inclinação ou simpatia recíproca, suposto mesmo que seja honesta? me
perguntará alguém. Se esses futuros esposos estiverem animados de tais sentimentos,
que estejam prontos a empregar todos os cuidados para tornar remota a ocasião próxima
do pecado, e resolvidos a nunca ofender a Deus por causa de tal afeição, não precisarão
romper com ela. A experiência, porêm, ensina que os mais nobres sentimentos
degeneram facilmente em paixão.
Por esse motivo os teólogos exigem muita cautela com essas pessoas. Sabendo o
quanto o coração humano é inclinado ao pecado e quão fraco quando dominado por uma
paixão, só permitem tais relacionamentos entre os jovens quando estão em idade e têm
vontade séria de se casar; além disso, que não sejam travadas sem o consentimento dos
pais, que não se prolonguem por muito tempo e só se namorem quando estiver próximo
o casamento; também lhes interditam a conversa a sós, longe das vistas dos pais, grande
familiaridade, e tudo o que possa manchar a pureza da alma, seja por pensamentos,
olhares, palavras ou gestos.
Do filho de Tobias podemos aprender como os jovens devem se preparar para o
casamento. Na cidade de Ragés, na Média, vivia uma piedosa donzela, de nome Sara,
filha de Raguel. Estava profundamente aflita porque sete rapazes, que a haviam
sucessivamente desposado, haviam sido mortos pelo demônio da impureza, Asmodeu,
na primeira noite depois das núpcias. Ora, o anjo Rafael, que acompanhara o jovem
Tobias em sua viagem a Ragés, aconselhou-o a pedir Sara em casamento. Ele, porém, a
par do ocorrido com os outros homens, temia expor-se ao mesmo perigo. O Anjo,
porém, tranquilizou-o, dizendo: "Ouve-me... o de mônio só tem poder sobre aqueles que
abraçam o estado conjugal excluindo a Deus de seus pensamentos, para satisfazerem
unicamente a sua concupiscência, como o cavalo e a mula, que não têm entendimento.
Tu, porém, quando receberes a Sara, entra com ela no teu quarto por três dias e três
noites, guardando continência, e não te entregues a outra coisa que à oração, e então a
receberás em matrimônio no temor do Senhor, levado mais pelo desejo de ter filhos que
pela concupiscência, para que sejas abençoado e teus filhos sirvam e glorifiquem a
Deus; então nada terás a temer do demônio". O jovem Tobias seguiu esse conselho, e
seu casamento foi muito abençoado por Deus.
Notemos igualmente as quatro exortações dadas a Sara por seus pais, ao se
despedirem dela: Primeiro, honra a teu sogro; segundo, ama a teu marido; terceiro,
cuida em governar bem tua casa; quarto, porta-te em tudo irrepreensivelmente. Estes
avisos devem servir de norma a todos os jovens que pretendem contrair matrimônio.
f) O que dissemos até aqui se refere ao trato com pessoas de diferente sexo. O
amor desregrado, todavia, pode existir também existir entre pessoas do mesmo sexo,
principalmente se são ainda moços e existe entre eles uma familiaridade por demais
íntima. A este respeito, São Basílio diz o seguinte (Serm. de abd. rev.): "Vós que sois
ainda jovens, evitai a companhia de vossos iguais, pois, por meio dessas amizades, o
demônio já arrastou a muitos para o inferno". "Alguns começaram com uma afeição
aparentemente santa, continua ele, mas pouco a pouco precipitou-os o demônio num
lodaçal de vícios os mais abomináveis". Santa Ângela de Foligno se exprime de modo
semelhante (Vit., c. 64): "Ainda que seja o amor a fonte de todo o bem, não deixa de ser
igualmente a fonte de todo o mal. Não falo do amor impuro, que deve ser evitado em
todo o caso, mas da inclinação, em si inocente, que facilmente pode degenerar em amor
desordenado. O trato mui assíduo com outro, com protestos de afeição, tem por
consequência tornar nocivo o amor, visto que ele prende estreitamente um coração ao
outro, obscurecendo a afeição crescente cada vez mais a razão. Em pouco tempo só
quererá um o que o outro quer, e então não terá mais coragem de resistir ao outro
quando for convidado ao mal, e, assim, se perderão ambos".
Por isso, os que dedicam à educação da mocidade estão gravemente obrigados a
ter os olhos abertos nesse ponto, e não precisam ter escrúpulos, suspeitando mal com
algum motivo. Se noterem qualquer apego ou familiaridade entre dois jovens,
intervenham imediatamente e conservem-nos rigorosamente separados um do outro.
g) Aqui na terra cada um de nós anda por caminhos escabrosos e em trevas, e se,
além disso, ainda um anjo mau, isto é, um mau companheiro, que é pior que um
demônio, nos persegue e impele à perdição, como poderemos escapar ilesos? Já Platão
dizia: "Tomarás os mesmos modos daqueles com quem convives". Segundo São João
Crisóstomo, para se certificar dos hábitos de alguém, basta saber com quem ele anda, já
que os amigos ou são ou fazem-se semelhantes uns aos outros. E isso por duas causas:
primeiro, porque um se esforça por imitar o outro para lhe ser agradável; segundo,
porque o homem, como nota Sêneca, é inclinado a fazer o que vê os outros fazerem.
Dos israelitas lemos: "Eles se mesclaram com os gentios e aprenderam suas obras" (Sl
105, 35). Devemos, portanto, não só fugir do comércio com os impuros, diz o Sábio,
mas também nos conservarmos longe de seus caminhos: "Meu filho, não andes com eles
e não ponhas o pé em seus caminhos" (Prov 1, 15). Devemos evitar todo o trato com
eles, suas conversas ou presentes, com os quais procuram nos enredar. "Meu filho, se os
pecadores te atraírem com seus afagos, não condescendas com eles" (Prov 1, 10).
"Cairá, talvez, uma ave, no laço armado na terra, sem a isca?" (Am 3, 5). O demônio
serve-se dos maus amigos como de iscas, segundo Jeremias, para prender as almas em
suas redes de pecado. "Meus inimigos, sem motivo, prenderam-me como se prende uma
ave" (Jer 3, 52). Ele diz 'sem motivo' porque, pergunto-se a um tal sedutor por que
aliciou sua pobre vítima ao pecado, responderá: não havia motivo; eu só queria que ela
fizesse como eu. É exatamente essa a astúcia do demônio, diz Santo Efrém: "Capturada
uma alma em sua rede, serve-se dela como de uma armadilha para prender a outra" (De
rect. viv. rat., c. 22).
Fujamos, pois, a toda familiaridade com tais escorpiões infernais, como se foge
da peste. Digo: fujamos à familiaridade, isto é, não travemos amizade com homens
viciosos, evitando tomar parte em sua mesa, banquetes ou outros convívios com eles. É
impossível evitar todo o comércio com eles, porque então teríamos de sair deste mundo,
segundo o Apóstolo (I Cor 5, 10); contudo, é bem possível evitar um trato mais familiar
com eles, seguindo o conselho do mesmo Apóstolo: "Eu vos escrevi que não tenhais
comunicação com eles... com um tal não deveis nem sequer cear". Disse ainda: Fujamos
de tais escorpiões, pois o profeta Ezequiel designa assim os sedutores: "Pervertedores
estão contigo e habitas com escorpiões" (Ez 2, 6).
Não ousarias, alma cristã, habitar com escorpiões, e certamente te afastarias com
toda a pressa de sua proximidade. Pois assim deves evitar os amigos que dão escândalo
e envenenam a tua alma com maus exemplos e conversas perversas. Quanto mais
estreitamente estão ligados a nós, tanto mais perniciosos se tornam. "Os inimigos do
homem são os seus domésticos" (Mat 10, 36). Na Sagrada Escritura se diz: "Quem se
compadecerá de um encantador mordido pela serpente e de todos os que se aproximam
de animais ferozes? Assim também, quem se compadecerá daquele que se torna
companheiro de um homem iníquo?" (Ecli 12, 13). Se um tal homem, por motivo do
perigo a que se expõe, cai no pecado e se precipita na condenação eterna, ninguém, nem
Deus nem os homens, terá compaixão dele, pois já fôra advertido do perigo.
Santo Afonso Maria de Ligório, Tratado da Castidade
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