quarta-feira, 27 de março de 2019

Uma Roseira Mística para as Almas Devotas - por São Luís Maria Grignion de Montfort

      
       Boas e devotas almas, que andam na luz do ESPÍRITO SANTO eu creio que vocês não irão se importar se lhes der essa pequena roseira mística que vem diretamente dos céus e que deve ser plantada diretamente no jardim de suas almas. Ela não pode ferir a frangância das flores de suas contemplações; pois é uma roseira celestial e de sua fragrância é deliciosa. Não perturbará em quase nada na ordem de seu jardim tão bem plantado; porque, sendo em si própria toda pura e bem ordenada, a todos encaminha à ordem e à pureza. Se ela for cuidadosamente regada e cultivada propriamente, todos os dias, ela crecerá a uma tamanha extensão que, não somente não perturbará às demais devoções, como também as conservará e as aperfeiçoará.
      É claro que você entende o que eu estou a dizer, pois sois almas espirituais, esta roseira mística é constituída de JESUS e Maria com sua vida, morte e eternidade; suas verdes folhas são Mistérios Gozosos, os espinhos são os Dolorosos e as rosas são os Mistérios Gloriosos de JESUS e Maria. Os botões são a infância de JESUS e Maria, as rosas entrearbertas mostram-nos, ambos, em seu sofrimento, e as totalmente abertas mostram JESUS e Maria em sua glória e em seu triunfo. Uma rosa nos alegra por causa da sua formosura, aí estão JESUS e Maria nos Mistérios Gozosos. Seus espinhos são pontudos e ferem o que nos faz lembrá-los nos Mistérios Dolorosos, e, finalmente seu perfume é tão suave que todos a amam, e sua fragrância simboliza os Mistérios Gloriosos. 
       Por favor, não desprezem, pois, esta roseira maravilhosa e celestial, mas plantaia com suas proprias mãos no jardim de suas almas, tomando a resolução de rezar o Rosário todo o dia. Cultive-a e regue-a, rezando-o todos os dias e fazendo boas ações afofando a terra ao seu redor. Eventualemnte, você contemplará esta pequena semente que lhe dei, e que aparenta ser bem pequena agora, mas que com o tempo se tornará tão grande como uma árvore, tão grande que os pássaros nos Céus, ou seja, as almas predestinadas e contemplativas, nela farão morada e nela edificarão seus ninhos. E o melhor de tudo, alimentar-se-ão dos frutos da árvore, que não é outro que o adorável JESUS, a quem seja dada toda honra e glória para sempre e sempre. Amém. Assim Seja.

Livro: ''O Segredo Admirável do Santíssimo Rosário'' 
São Luís Grignion de Montfort

segunda-feira, 25 de março de 2019

Anunciação do Anjo à Santíssima Virgem - por Santo Efrém


«Grandes coisas fez em mim o Omnipotente» (Lc 1, 49)


Contemplai Maria, bem-amados, vede como Gabriel entrou em sua casa e que, ao ouvi-la perguntar  «Como será isso?», o servo do Espírito Santo deu a seguinte resposta: «Nada é impossível a Deus, para Ele tudo é simples». Ela acreditou no que ouvira e disse: «Eis a serva do Senhor». E o Senhor desceu, de uma forma que só Ele conhece: pôs-Se em movimento e veio como Lhe agradava; entrou nela sem que Ela o sentisse e Maria acolheu-O sem sofrimento. Ela trouxe dentro de si Aquele de que o mundo está cheio. Ele abaixou-Se para ser o modelo que renova a antiga imagem de Adão. 

Por isso, quando te anunciarem o nascimento de Deus, guarda silêncio. Que a palavra de Gabriel esteja presente no teu espírito, pois nada é impossível a esta gloriosa Majestade que Se abaixou por nós e que nasceu da nossa humanidade. Nesse dia, Maria tornou-se o Céu que contém a Deus, pois a divindade sublime veio fazer dela a sua morada. Nela, Deus fez-se pequeno sem enfraquecer a sua natureza, para nos fazer crescer. Nela, Ele Deus teceu para nós uma veste com a qual nos salvou.  Nela se cumpriram todas as palavras dos profetas e dos justos. Dela se elevou a luz que expulsou as trevas do paganismo. 

Numerosos são os títulos de Maria [...]: ela é o palácio no qual habitou o poderoso Rei dos reis, mas Ele não a deixou como viera, pois foi dela que Ele Se fez carne e que nasceu. Ela é o novo Céu no qual o Rei dos reis habitou; nela Se elevou Cristo e dela subiu para iluminar a criação, formada e talhada à sua imagem. Ela é a cepa de vinha que deu uvas; ela gerou um fruto superior à natureza; e Ele, se bem que diferente dela pela sua natureza, vestiu a sua cor quando nasceu dela. Ela é a fonte da qual brotaram as águas vivas para os sequiosos, e quantos aí se dessedentam dão frutos a cem por um.


Santo Efrém (c. 306-373)
Diácono da Síria, doutor da Igreja
Homilias sobre a Mãe de Deus, 2, 93-145
Fonte: Evangelho Quotidiano

quarta-feira, 6 de março de 2019

Os exercícios da Quaresma: a esmola, a oração, o jejum - Por São Pedro Crisólogo



Meus irmãos, começamos hoje a grande viagem da Quaresma. Levemos, pois, no navio todas as nossas provisões de alimento e bebida, colocando sobre elas a misericórdia abundante de que teremos necessidade. Porque o nosso jejum terá fome, o nosso jejum terá sede se não se alimentar de bondade, se não se dessedentar com misericórdia. O nosso jejum terá frio, o nosso jejum desfalecerá se o velo da esmola não o cobrir, se a capa da compaixão não o envolver.

Irmãos, a misericórdia está para o jejum como a primavera está para os solos: a suave brisa primaveril faz florescer os rebentos nas planícies; a misericórdia do jejum faz brotar as nossas sementes até à floração, fá-las encherem-se de frutos até à colheita celeste. A bondade está para o jejum como o óleo está para o candeeiro: tal como a matéria gorda do óleo alimenta a luz do candeeiro, e com tão pouco alimento o faz brilhar para o conforto de toda a noite, assim a bondade faz o jejum resplandecer, emitindo raios até atingir o brilho pleno da continência. A esmola está para o jejum como o sol está para o dia: o esplendor do sol aumenta o brilho do dia, dissipa a obscuridade das nuvens; a esmola que acompanha o jejum santifica a santidade do mesmo jejum e, graças à luz da bondade, remove dos nossos desejos tudo o que poderia ser mortífero. Em suma, a generosidade está para o jejum como o corpo está para a alma: quando a alma se retira do corpo, traz-lhe a morte; se a generosidade se afastar do jejum, é a morte deste.


São Pedro Crisólogo (c. 406-450)
bispo de Ravena, doutor da Igreja
Sermão 8; CCL 24, 59; PL 52, 208

Fonte: Evangelho Quotidiano
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