sábado, 26 de janeiro de 2019

Timóteo e Tito levam por todo o mundo a fé dos apóstolos - São Cirilo de Jerusalém



A Igreja é chamada católica ou universal porque está espalhada por todo o mundo, de uma à outra extremidade da Terra, e porque ensina, universalmente e sem erro, toda a doutrina que os homens devem conhecer, sobre as coisas visíveis e invisíveis, celestes e terrenas. É chamada católica também porque conduz ao verdadeiro culto toda a classe de homens, autoridades e súbditos, doutos e incultos. 

É católica finalmente porque cura e sara todo o género de pecados, tanto os da alma como os do corpo, e possui todo o género de virtudes, qualquer que seja o seu nome, em obras e palavras, e os mais diversos dons espirituais. Com toda a propriedade é chamada Igreja, quer dizer, assembleia convocada, porque convoca e reúne a todos na unidade, tal como o Senhor determina no Levítico: «Convoca toda a assembleia para a entrada da tenda da reunião» (8,3) [...]. E no Deuteronómio diz Deus a Moisés: «Convoca o povo para junto de Mim, a fim de ouvirem as minhas palavras» (4,10). [...] Também o salmista proclama: «Eu Te darei graças na solene assembleia, e Te louvarei no meio da multidão» (Sl 35,18) [...]. 

São Paulo Ordenando São Timóteo
Mas foi a partir das nações gentias que o Salvador instituiu uma segunda assembleia, a nossa Santa Igreja dos cristãos, acerca da qual disse a Pedro: «Sobre esta Pedra edificarei a minha Igreja, e as portas do abismo nada poderão contra ela» (Mt 16,18). [...] E quando a primeira assembleia, fundada na Judeia, foi destruída, multiplicaram-se por toda a Terra as Igrejas de Cristo. Delas falam os salmos, que dizem: «Aleluia! Cantai ao Senhor um cântico novo, louvai-O na assembleia dos fiéis!» (149,1). [...] E é a respeito desta nova Igreja Santa e Católica que Paulo escreve a Timóteo: «Quero que saibas como deves proceder na casa de Deus, esta Igreja do Deus vivo, coluna e sustentáculo da verdade» (1Tm 3,15


São Cirilo de Jerusalém (313-350)
Bispo de Jerusalém, doutor da Igreja
18.ª Catequese aos Iluminandos, 23-25

Fonte: Evangelho Quotidiano

quarta-feira, 16 de janeiro de 2019

Não sejas vã, ó minha alma...! (Santo Agostinho)





       Não sejas vã, ó minha alma, nem ensurdeças o ouvido do coração com o tumulto da tua vaidade. Ouve também: o mesmo Verbo clama que voltes. O lugar do descanso imperturbável está onde o Amor não é abandonado, a não ser que o Amor nos abandone primeiro. Eis como estas coisas passam, para outras lhes sucederem, e assim se formar de todas as partes este mundo, cá embaixo. "Afasto-me eu, porventura, para outro lugar?", diz o Verbo de Deus. Fixa aqui, ó alma, a tua mansão. Retribui-lhe tudo o que dele alcançaste, já que estás cansada de tantos enganos.


        Entrega à Verdade tudo o que tens recebido da Verdade, e não só não perderás nada, mas ainda a tua podridão reflorescerá, as tuas fraquezas serão curadas, as tuas frouxidões serão reformadas, rejuvenescidas e estreitamente unidas a ti, sem te colocarem na ladeira por onde descem, mas ficando contigo e permanecendo junto do Deus sempre estável e eterno.


       Por que é que tu, perversa, segues a tua concupiscência? Que ela te siga a ti, quando retrocederes. O que por ela sentes constitui partes, e tu ignoras o todo formado por essas partes que ainda te deleitam. Mas se a sensibilidade do teu corpo fosse apta para receber o todo - e se na parte do todo não tivesses recebido, para teu castigo, a justa limitação -, quererias que passasse o que presentemente existe, para que o conjunto mais te deleitasse. Ora, tu ouves pelos mesmos sentidos carnais o que pronunciamos, e certamente não queres que as sílabas parem, mas desejas que voem para outras lhe sucederem, para ouvires o conjunto. Do mesmo modo acontece com as partes que formam um todo sem que haja simultaneidade nas partes de que consta o todo. Deleita mais o todo uno, quando pode ser percebido, do que cada uma das partes. Mas quanto melhor que estas coisas é Aquele que as fez todas, o nosso Deus, que não passa porque nada Lhe sucede.


Santo Agostinho, Confissões, Livro IV, Cap. 11.
Fonte: Blog Anjos de Adoração
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