A pureza
Sermão de S. João Maria Vianney sobre a Pureza
“Bem-aventurados os puros de coração, porque eles verão a Deus”. (Mt.5,8)
Nós lemos no Evangelho, que Jesus Cristo, querendo ensinar ao povo
que vinha em massa, aprender dEle o que era preciso fazer para ter a
vida eterna, senta-se e, abrindo a boca, lhes diz: “Bem-aventurados os
puros de coração, porque eles verão a Deus.” Se nós tivéssemos um grande
desejo de ver a Deus, meus irmãos, só estas palavras não seriam acaso
suficientes para nos fazer compreender quanto a pureza nos torna
agradáveis a Ele, e quanto ele nos é necessária? Pois, segundo Jesus
Cristo, sem ela, nós não o veremos jamais! “Bem-aventurados, nos diz
Jesus Cristo, os puros de coração, porque eles verão o bom Deus”.
Pode-se acaso esperar maior recompensa que a que Jesus Cristo liga a
esta bela e amável virtude, a saber, a posse das Três Pessoas da
Santíssima Trindade, por toda a eternidade? … S. Paulo, que conhecia bem
o preço desta virtude, escrevendo aos Coríntios, lhes diz: “Glorificai a
Deus, pois vós o levais em vossos corpos; e sede fiéis em conservá-los
em grande pureza. Lembrai-vos bem, meus filhos, de que vossos membros
são membros de Jesus Cristo, e que vossos corações são templos do
Espírito Santo. Tomai cuidado de não os manchar pelo pecado, que é o
adultério, a fornicação, e tudo aquilo que pode desonrar vossos corpo e
vosso coração aos olhos de Deus, que a pureza mesma”. (I Cor, 6, 15-20)
Oh! Meus irmãos, como esta virtude é bela e preciosa, não somente aos
olhos dos homens e dos anjos, mas aos olhos do próprio Deus. Ele faz
tanto caso dela que não cessa de a louvar naqueles que são tão felizes
de a conservar. Também, esta virtude inestimável constitui o mais belo
adorno da Igreja, e, por conseguinte, deveria ser a mais querida dos
cristãos. Nós, meus irmãos, que no Santo Batismo fomos rociados com o
Sangue adorável de Jesus Cristo, a pureza mesma; neste Sangue adorável
que gerou tantas virgens de um e outro sexo; nós, a quem Jesus Cristo
fez participantes de sua pureza, tornando-nos seus membros, seu templo…
Mas, ai! Meus irmãos, neste infeliz século de corrupção em que vivemos,
não se conhece mais esta virtude, esta celeste virtude que nos torna
semelhantes aos anjos!… Sim, meus irmãos, a pureza é uma virtude que nos
é necessária a todos, pois que, sem ela, ninguém verá o Bom Deus. Eu
queria fazer-vos conceber desta virtude uma idéia digna de Deus, e vos
mostrar, 1º. quanto ela nos torna agradáveis a Seus olhos, dando um novo
grau de santidade a todas as nossas ações, e 2º. o que nós devemos
fazer para conservá-la.
I – Quanto a pureza nos torna agradáveis a Deus.
Seria preciso, meus irmãos, para vos fazer compreender bem a estima
que devemos ter desta incomparável virtude, para vos fazer a descrição
de sua beleza, e vos fazer apreciar bem seu valor junto de Deus, seria
preciso, não um homem mortal, mas um anjo do céu. Ouvindo-o, vós diríeis
com admiração: Como todos os homens não estão dispostos a sacrificar
tudo antes que perder uma virtude que nos une de uma maneira íntima com
Deus? Procuremos, contudo, conceber dela alguma coisa, considerando que
dita virtude vem do céu, que ela faz descer Jesus Cristo sobre a terra, e
que eleva o homem até o céu, pela semelhança que ela dá com os anjos, e
com o próprio Jesus Cristo. Dizei-me, meus irmãos, de acordo com isto,
acaso não merece ela o título de preciosa virtude? Não é ela digna de
toda nossa estima e de todos os sacrifícios necessários para
conservá-la? Nos dizemos que a pureza vem do céu, porque só havia o
próprio Jesus Cristo que fosse capaz de no-la ensinar e nos fazer sentir
todo o seu valor. Ele nos deixou o exemplo prodigioso da estima que
teve desta virtude.
Tendo resolvido na grandeza de sua misericórdia,
resgatar o mundo, Ele tomou um corpo mortal como o nosso; mas Ele quis
escolher uma Virgem por Mãe. Quem foi esta incomparável criatura, meus
irmãos? Foi Maria, a mais pura entre todas e por uma graça que não foi
concedida a ninguém mais, foi isenta do pecado original. Ela consagrou
sua virgindade ao Bom Deus desde a idade de três anos, e oferecendo-lhe
seu corpo, sua alma, ela lhe fez o sacrifício mais santo, o mais puro e o
mais agradável que Deus jamais recebeu de uma criatura sobre a terra.
Ela manteve este sacrifício por uma fidelidade inviolável em guardar sua
pureza e em evitar tudo aquilo que pudesse mesmo de leve empanar seu
brilho. Nós vemos que a Virgem Santa fazia tanto caso desta virtude, que
Ela não queria consentir em ser Mãe de Deus antes que o anjo lhe
tivesse assegurado que Ela não a perderia. Mas, tendo lhe dito o anjo
que, tornando-se Mãe de Deus, bem longe de perder ou empanar sua pureza
de que Ela fazia tanta estima, Ela seria ainda mais pura e mais
agradável a Deus, consentiu então de bom grado, a fim de dar um novo
brilho a esta pureza virginal. Nós vemos ainda que Jesus Cristo escolhe
um pai nutrício que era pobre, é verdade; mas ele quis que sua pureza
estivesse por sobre a de todas as outras criaturas, exceto a Virgem
Santa. Dentre seus discípulos, Ele distingue um, a quem Ele testemunhou
uma amizade e uma confiança singulares, a quem Ele fez participante de
seus maiores segredos, mas Ele toma o mais puro de todos, e que estava
consagrado a Deus desde sua juventude.
Santo Ambrósio nos diz que a pureza nos eleva até o céu e nos faz
deixar a terra, enquanto é possível a uma criatura deixá-la. Ela nos
eleva por sobre a criatura corrompida e, por seus sentimentos e seus
desejos, ela nos faz viver da mesma vida dos anjos. Segundo São João
Crisóstomo, a castidade duma alma é de um preço aos olhos de Deus maior
que a dos anjos, pois que os cristãos só podem adquirir esta virtude
pelos combates, enquanto que os anjos a têm por natureza. Os anjos não
têm nada a combater para conservá-la, enquanto que um cristão é obrigado
a fazer uma guerra contínua a si mesmo. S. Cipriano acrescenta que, não
somente a castidade nos torna semelhantes aos anjos, mas nos dá ainda
um caráter de semelhança com o próprio Jesus Cristo. Sim, nos diz este
grande santo, uma alma casta é uma imagem viva de Deus sobre a terra.
Quanto mais uma alma se desapega de si mesma pela resistência às suas
paixões, mais ela se une a Deus; e, por um feliz retorno, mais o bom
Deus se une a ela; Ele a olha, Ele a considera como sua esposa, como sua
bem-amada; faz dela o objeto de suas mais caras complacências, e fixa
nela sua morada para sempre. “Bem-aventurados, nos diz o Salvador, os
puros de coração, porque eles verão ao bom Deus”. Segundo S. Basílio, se
encontramos a castidade numa alma, encontramos aí todas as outras
virtudes cristãs, ela as praticará com uma grande facilidade, “porque” –
nos diz ele – “para ser casto é preciso se impor muitos sacrifícios e
fazer-se uma grande violência. Mas uma vez que alcançou tais vitórias
sobre o demônio, a carne e o sangue, todo o resto lhe custa muito pouco,
pois uma alma que subjuga com autoridade a este corpo sensual, vence
facilmente todos os obstáculos que encontra no caminho da virtude”.
Vemos também, meus irmãos, que os cristãos castos são os mais perfeitos.
Nós os vemos reservados em suas palavras, modestos em todos os seus
passos, sóbrios em suas refeições, respeitosos no lugar santo e
edificantes em toda sua conduta. Santo Agostinho compara aqueles que têm
a grande alegria de conservar seu coração puro, aos lírios que se
elevam diretamente ao céu e que difundem em seu redor um odor muito
agradável; só a vista deles nos faz pensar naquela preciosa virtude.
Assim a Virgem Santa inspirava a pureza a todos aqueles que a olhavam…
Bem-aventurada virtude, meus irmãos, que nos põe entre os anjos, que
parece mesmo elevar-nos por sobre eles!
II – O amor que os Santos tinham por esta virtude
Todos os Santos fizeram o maior caso dela e preferiram perder seus
bens, sua reputação e sua própria vida a descorar esta virtude.
Nós temos um belo exemplo disto na pessoa de Santa Inês. Sua formosura e
suas riquezas fizeram com que, à idade de doze anos, ela fosse
procurada pelo filho do prefeito da cidade de Roma. Ela lhe fez saber
que estava consagrada ao bom Deus. Ela foi presa sob o pretexto de que
era cristã, mas em realidade para que consentisse nos desejos do rapaz.
Ela estava de tal modo unida a Deus que nem as promessas, nem as
ameaças, nem a vista dos carrascos e dos instrumentos expostos diante de
si para amedrontá-la, não a fizeram mudar de sentimentos. Não tendo
conseguido nada dela, seus perseguidores a carregaram de cadeias, e
quiseram colocar uma argola e anéis em seu pescoço e em sua mãos; eles
não puderam fazê-lo, tão débeis eram suas pequenas mãos inocentes. Ela
permaneceu firme em sua resolução, no meios destes lobos enraivecidos,
ela ofereceu seu corpinho aos tormentos com uma coragem que espantou aos
carrascos. Arrastam-na aos pés dos ídolos; mas ela confessa bem alto
que só reconhece por Deus a Jesus Cristo, e que os ídolos deles não são
mais que demônios. O juiz, cruel e bárbaro, vendo que não consegue nada,
crê que ela será mais sensível diante da perda daquela pureza que ela
estimava tanto. Ele ameaça expô-la num lugar infame; mas ela responde
com firmeza; “Vós podeis fazer-me morrer, mas não podereis jamais
fazer-me perder este tesouro: o próprio Jesus Cristo é zeloso deste
tesouro.” O juiz, morrendo de raiva, manda conduzi-la ao lugar das
torpezas infernais. Mas Jesus Cristo, que velava por ela duma maneira
particular, inspira um tão grande respeito aos guardas, que eles só a
olhavam com uma espécie de pavor, e manda a Seus anjos que a protejam.
Os jovens que entram naquele quarto, inflamados de um fogo impuro, vendo
um anjo ao lado dela, mais belo que o sol, saem dali abrasados do amor
divino. Mas o filho do prefeito, mais perverso e mais corrompido que os
outros, penetra no quarto onde estava santa Inês. Sem ter consideração
por todas aquelas maravilhas, ele se aproxima dela na esperança de
contentar seus desejos impuros; mas o anjo que guarda a jovem mártir
fere o libertino que cai morto a seus pés. Rapidamente se espalha em
Roma o boato de que o filho do prefeito tinha sido morto por Inês. O
pai, enfurecido, vem encontrar a santa e se entrega a tudo o que seu
desespero lhe pode inspirar. Ele a chama de fúria do inferno, monstro
nascido para a desolação de sua vida, pois tinha feito morrer seu filho.
Santa Inês lhe responde tranqüilamente: “É que ele quis fazer-me
violência, então o meu anjo lhe deu a morte.” O prefeito, um pouco
acalmado, lhe diz: pois bem, pede a teu Deus para ressuscitá-lo, para
que não se diga que foste tu que o mataste.” – Sem dúvida, diz-lhe a
Santa, vós não mereceis esta graça; mas para que saibais que os cristãos
nunca se vingam, mas, pelo contrário, eles pagam o mal com o bem, saí
daqui, e eu vou pedir ao bom Deus por ele.” Então Inês se põe de
joelhos, prostrada com a face em terra. Enquanto ela reza, seu anjo lhe
aparece e lhe diz: “Tenha coragem”. No mesmo instante o corpo inanimado
retoma a vida. O jovem ressuscitado pelas orações da Santa, se retira da
casa, corre pelas ruas de Roma gritando: “Não, não, meus amigos, não há
outro Deus que o dos cristãos, todos os deuses que nós adoramos não são
mais que demônios que nos enganam e nos arrastam ao inferno.”
Entretanto, apesar de um tão grande milagre, não deixaram de a condenar.
Então o tenente do prefeito manda que se acenda um grande fogo, e faz
lançá-la nele. Mas as chamas entreabrindo-se, não lhe fazem nenhum mal e
queimam os idólatras que acudiram para serem espectadores de seus
combates. O tenente, vendo que o fogo a respeitava e não lhe fazia
nenhum mal, ordena que a firam com um golpe de espada na garganta, afim
de lhe tirar a vida; mas o carrasco treme como se ele mesmo estivesse
condenado à morte… Como os pais de Santa Inês chorassem a morte de sua
filha, ela lhes aparece dizendo-lhes: “Não choreis minha morte, pelo
contrário, alegrai-vos de eu Ter adquirido uma tão grande glória no
Céu.”
Estais vendo, meus irmãos, o que esta Santa sofreu para não perder
sua virgindade. Formai agora idéia da estima em que deveis ter a pureza,
e como o bom Deus se compraz em fazer milagres para se mostrar-se seu
protetor e guardião. Como este exemplo confundirá um dia estes jovens
que fazem tão pouco caso desta bela virtude! Eles jamais conheceram seu
preço. O Espírito Santo tem, portanto, razão de exclamar: “Ó, como é
bela esta geração casta; sua memória é eterna, e sua glória brilha
diante dos homens e dos anjos!” É certo, meus irmãos, que cada um ama
seus semelhantes; também os anjos, que são espíritos puros, amam e
protegem duma maneira particular as almas que imitam sua pureza. Nós
lemos na Sagrada Escritura que o anjo Rafael, que acompanhou o jovem
Tobias, prestou-lhe mil serviços. Preservou-o de ser devorado por um
peixe, de ser estrangulado pelo demônio. Se este jovem não tivesse sido
casto, é certíssimo que o anjo não o teria acompanhado, nem lhe teria
prestado tantos serviços. Com que gozo não se alegra o anjo da guarda
que conduz uma alma pura!
Não há outra virtude para conservação da qual Deus faça milagres tão
numerosos como os que ele pródiga em favor duma pessoa que conhece o
preço da pureza e que se esforça por salvaguardá-la. Vede o que Ele fez
por Santa Cecília. Nascida em Roma de pais muito ricos, ela era muito
instruída na religião cristã, e seguindo a inspiração de Deus, ela Lhe
consagrou sua virgindade. Seus pais, que não o sabiam, prometeram-na em
casamento a Valeriano, filho de um senador da Cidade. Era, segundo o
mundo, um partido bem considerado. Ela pediu a seus pais o tempo de
pensá-lo. Ela passou este tempo no jejum, na oração e nas lágrimas, para
obter de Deus a graça de não perder a flor daquela virtude que ela
estimava mais que sua vida. O bom Deus lhe respondeu que não temesse
nada e que obedecesse a seus pais; pois, não somente não perderia esta
virtude, mas ainda obteria… Consentiu, pois, no matrimônio. No dia das
núpcias, quando Valeriano se apresentou, ela lhe disse: “Meu caro
Valeriano, eu tenho um segredo a lhe comunicar.” Ele lhe respondeu:
“Qual é este segredo? ” – Eu consagrei minha virgindade a Deus e jamais
homem algum me tocará, pois eu tenho um anjo que vela por minha pureza;
se você atenta contra isto, você será ferido de morte”. Valeriano ficou
muito surpreso com esta linguagem, porque sendo pagão, não compreendia
nada de tudo isto. Ele respondeu: “Mostre-me este anjo que a guarda.” A
Santa replicou: “Você não pode vê-lo porque você é pagão. Vá ter com o
Papa Urbano, e peça-lhe o batismo, você em seguida verá o meu anjo”.
Imediatamente ele parte. Depois de Ter sido batizado pelo Papa, ele
volta a encontrar sua esposa. Entrando no seu quarto, vê o anjo velando
com Santa Cecília. Ele o acha tão bonito, tão brilhante de glória, que
fica encantado e tocado por sua formosura. Não somente permite à sua
esposa permanecer consagrada a Deus, mas ele mesmo faz voto de
virgindade … Em breve eles tiveram a alegria de morrerem mártires.
Estais vendo como o bom Deus toma cuidado duma pessoa que ama esta
incomparável virtude e trabalha por conservá-la?
Nós lemos na vida de Santo Edmundo que, estudando em Paris, ele se
encontrou com algumas pessoas que diziam tolices; ele as deixou
imediatamente. Esta ação foi tão agradável a Deus, que Ele lhe apareceu
sob a forma de um belo menino e o saudou com um ar muito gracioso,
dizendo-lhe que com satisfação o tinha visto deixar seus companheiros
que mantinham conversas licenciosas; e, para recompensá-lo, prometia que
estaria sempre com ele. Além disto, Sto. Edmundo teve a grande alegria
de conservar sua inocência até a morte. Quando Santa Luzia foi ao túmulo
de Santa Águeda para pedir ao Bom Deus, por sua intercessão, a cura de
sua mãe, Santa Águeda lhe apareceu e lhe disse que ela podia obter, por
si mesma, o que ela pedia, pois que, por sua pureza, ela tinha preparado
em seu coração uma habitação muito agradável ao seu Criador. Isto nos
mostra que o bom Deus não pode recusar nada a quem tem a alegria de
conservar puros seu corpo e sua alma…
Escutai a narração do que aconteceu a Santa Pontamiena que viveu no
tempo da perseguição de Maximiano. Esta jovem era escrava dum dissoluto e
libertino, que não cessava de a solicitar para o mal. Ela preferiu
sofrer todas as sortes de crueldades e de suplícios a consentir nas
solicitações de seu senhor infame. Este, vendo que não podia conseguir
nada, em seu furor, entregou-a como cristã nas mãos do governador, a
quem prometeu uma grande recompensa se a pudesse conquistar. O juiz
mandou que a conduzissem ante seu tribunal, e vendo que todas as ameaças
não a faziam mudar de sentimentos, fez a Santa sofrer tudo o que a
raiva pôde lhe inspirar. Mas o bom Deus concedeu à jovem mártir tanta
força que ela parecia ser insensível a todos os tormentos. Aquele juiz
iníquo, não podendo vencer sua resistência, faz colocar sobre um fogo
bem ardente uma caldeira cheia de pez, e lhe diz: “Veja o que lhe
preparam se você não obedece a seu senhor.” A santa jovem responde sem
se perturbar: “Eu prefiro sofrer tudo o que vosso furor puder vos
inspirar a obedecer aos infames desejos de meu senhor; aliás, eu jamais
teria acreditado que um juiz fosse tão injusto de me fazer obedecer aos
planos de um senhor dissoluto.” O tirano, irritado por esta resposta,
mandou que a lançassem na caldeira. “Ao menos mandai, diz-lhe ela, que
eu seja lançada vestida. Vós vereis a força que o Deus que nós adoramos
dá aos que sofrem por Ele.” Depois de três horas de suplício, Pontamiena
entregou sua bela alma a seu criador, e assim alcançou a dupla palma do
martírio e da virgindade.
III – Como esta virtude é pouco conhecida e apreciada no mundo.
Ai, meus irmãos, como esta virtude é pouco conhecida no mundo, quão
pouco nós a estimamos, quão pouco cuidado nós pomos em conservá-la, quão
pouco zelo temos em pedi-la a Deus, pois que não a podemos ter de nós
mesmos. Não, nós não conhecemos esta bela e amável virtude que ganha tão
facilmente o coração de Deus, que dá um tão belo brilho a todas as
nossas outras boas obras, que nos eleva acima de nós mesmos, que nos faz
viver sobre a terra como os anjos no céu!…
Não, meus irmãos, ela não é conhecida por este velhos infames
impudicos que se arrastam, se rolam e se submergem na lama de suas
torpezas, cujo coração é semelhante àqueles … sobre o alto das
montanhas… queimados e abrasados por estes fogos impuros. Ai! Bem longe
de procurar extingui-lo, eles não cessam de acendê-lo e abrasá-lo por
seus olhares, por seus pensamentos, seus desejos e suas ações. Em que
estado estará esta alma, quando aparecer diante de Deus, a Pureza mesma?
Não, meus irmãos, esta bela virtude não é conhecida por esta pessoa,
cujos lábios não são mais que uma abertura e um tubo de que o inferno se
serve para vomitar suas impurezas sobre a terra, e que se alimenta
disto como de um pão quotidiano. Ai! A alma deles não é mais que um
objeto de horror para o céu e para a terra! Não, meus irmãos, esta bela
virtude não é conhecida por estes jovens cujos olhos e mãos estão
profanados por estes olhares e … Ó DEUS, QUANTAS ALMAS ESTE PECADO
ARRASTA PARA O INFERNO!… Não, meus irmãos, esta bela virtude não é
conhecida por estas moças mundanas e corrompidas que tomam tantas
precauções e cuidados para atraírem sobre si os olhos do mundo; que por
seus enfeites exagerados e indecentes, anunciam publicamente que são
infames instrumentos de que o inferno se serve para perder as almas;
estas almas que custaram tantos trabalhos, lágrimas e tormentos a Jesus
Cristo! … Vede estas infelizes, e vós vereis que mil demônios circundam
sua cabeça e seu coração. Ó meu Deus, como a terra pode suportar tais
sequazes do inferno? Coisa mais espantosa ainda, como mães as suportam
num estado indigno de uma cristã! Se eu não temesse ir longe demais, eu
diria a estas mães que elas valem o mesmo que suas filhas. Ai, este
infeliz coração e estes olhos impuros não são mais que uma fonte
envenenada que dá a morte a qualquer que os olha e os escuta. Como tais
monstros ousam se apresentar diante de um Deus santo e tão inimigo da
impureza! Ai! A vida deles não é mais que uma acumulação de banha que
eles estão juntando para inflamar o fogo do inferno por toda a
eternidade. Mas, meus irmãos, deixemos uma matéria tão desagradável e
tão revoltante para um cristão, cuja pureza deve imitar a de Jesus
Cristo mesmo; e voltemos à nossa bela virtude da pureza que nos eleva
até o céu, que nos abre o coração adorável de Jesus Cristo, e nos atrai
todas as bênçãos espirituais e temporais.
Seguem duas mensagens ao Cláudio.
A importância da castidade
Rezem para que se cultive sobre a terra o amor pela castidade
“Paz!”
Filhinhos amados: Muito obrigada pela alegria que me dais!
Eu vos amo tanto!
Hoje gostaria de vos pedir que rezeis muito para que se cultive sobre a terra o amor pela Castidade!
Que ensineis vossos filhos a importância da Castidade!
E pedir para que vós, jovens, percebais esta importância!
Com efeito, por que é pecado a falta de castidade?
Deus Pai, por ser muito Sábio, não dita ordens ou mandamentos que possam prejudicar seus filhos.
E, entre muitas razões, podeis perceber as doenças transmitidas em todo o
mundo, por causa do ato sexual: quantas dores, quantas doenças, quantas
famílias desagregadas, quantas crianças ao relento!
Já vos foi dito: O pecado contra o Sexto Mandamento, fere todos os outros mandamentos!
Mas o Pai preocupa-se, sobretudo, com a vossa saúde, com o vosso bem-estar!
Filhinhos amados: Hoje os homens apresentam fórmulas artificiais, a fim
de conter os nascimentos… Isto é crime, pois incentiva os
relacionamentos sexuais, além de trazer enormes somas em dinheiro aos
fabricantes de tais produtos: o demônio os faz crescer mais e mais, à
custa do pecado…
Velai sempre por vossos filhos ou por vós mesmos!
Hoje, deveis pedir ajuda a Santa Filomena, Virgem e Mártir, para que possais vencer as tentações!
Deus não está no relacionamento sexual puro e simples: Deus está no amor
puro que existe nos corações que seguem corretamente suas leis, que
visam apenas a segurança dos filhos que ama!
Amai também os vossos filhos, ensinando-lhes os caminhos que levam a
Deus e que trará, em conseqüência, a felicidade e a paz duradoura a eles
e a toda sua descendência!
Muito obrigada, Filhinhos! Rezai também pelo Santo Padre o Papa Bento XVI, que grita angustiado por socorro! Amém!
Rezai muito pela Santa Igreja!
Eu vos abençôo, em nome do Pai, do Filho e do Espírito Santo. Amém!
“Maria, Mãe do Universo!
No final, São Miguel diz:
“De que adianta participar das Vigílias de Santa Filomena, Mártir por defender a Virgindade, se não se vive os seus exemplos?”
6º MANDAMENTO
“Filhos, Paz!”
O mundo atravessa momentos difíceis e mais ainda atravessará com tribulações piores das que hoje experimentais!
E tudo isto é causado pelo próprio homem que cego, não quer enxergar.
Sua cegueira o faz dar passos errados sobre pisos perigosos, colocados
sob seus pés pelos demônios! Estes (os demônios) têm tramado contra
Deus, desde o princípio da história, e têm usado de suas artimanhas e
astúcias, para atingir a Deus. Não têm conseguido e não conseguirão! Por
isso, atiram-se com todas as armas, contra as criaturas de Deus,
especificamente, contra os homens, com o fim mesmo de atingir ao
Criador.
E, por sua astúcia, o demônio descobriu que o pecado que mais haveria de
destruir o homem, é o pecado da carne! De fato, este pecado fere todos
os mandamentos dados a Moisés, e os novos Mandamentos!
O Sexto Mandamento é explícito: Não pecar contra a castidade, portanto,
não pode haver argumento contrário! É explícito: não pecar, de forma
alguma, contra a castidade! Contra a própria e contra a dos outros!
O pecado contra este mandamento, isto é, quem pratica a concupiscência
carnal, fere o Mandamento Novo: “Amar o próximo como a si mesmo!”
De fato, qualquer pecado carnal, envolve outra pessoa, isto é, leva
outra pessoa ao erro, quando praticado a dois ou mais, ou quando se faz
julgamento errado de outras pessoas, ao praticar a sós, dando asas ao
pensamento vândalo, que cria imagens diferentes que denigrem o outro,
causando grande mal, como a corrupção do próprio coração, pois, “quem
somente olhar com concupiscência para outro, já cometeu adultério em seu
coração!” E não estará amando então, o próximo como a si mesmo!
Este pecado, (o sexto mandamento) fere também o segundo mandamento de
Moisés: “Não tomar o Nome de Deus em vão”, pois quem pratica este mal, o
faz já aguardando o perdão de Deus, já que a adúltera foi perdoada!
Esta prática torna a pessoa, um blasfemo, pois coloca Deus abaixo de
seus pensamentos puramente animalescos! À adúltera, lhe foi pedido que
não pecasse mais!
O pecado contra a castidade fere também o Terceiro Mandamento, já que, a
maioria que o pratica comete sacrilégio, quando nos dias do Senhor, por
milhares de vezes, comunga com o coração apodrecido pelo sexo impuro,
pecando então gravemente contra o Dia Santo de Guarda: o Dia do Senhor!
O quarto mandamento também é atingido, já que muitos casamentos são
desfeitos, machucando pais, mães, famílias. Muitos pais e mães são
desonrados por causa da devassidão dos filhos e sofrem profundamente
esta dor: os pais são profanados!
O Quinto Mandamento: o sexo mata a alma! Mata a vida espiritual, mata os
sonhos de muitos, mata fisicamente os corpos, por doenças contraídas
por estes atos. Mata vidas por abortos! O pecado contra a castidade,
mata!
O Sétimo Mandamento: Não furtar, é atingido violentamente, pois o pecado
da carne, rouba o convívio com Deus; rouba a harmonia na família; rouba
o tempo de trabalho que produz o pão de cada dia; rouba a paz na
família; rouba o dinheiro da família: o dinheiro da esposa, dos filhos! O
pecado contra a castidade é um grande ladrão!
O Oitavo Mandamento, igualmente é atingido, pois o sexto causa
maledicências, intrigas por calúnias ou desconfianças e traumas, gerando
até assassinatos e fazendo com que as pessoas envolvidas passem a ter
suas imagens manchadas. E muitas vezes, mancham nomes inocentes!
Não desejar a mulher do próximo! Investe contra o próximo, contra a
pureza do coração, contra a família, contra os sacramentos… É
concupiscência do coração. É pecado do Sexto Mandamento.
Este pecado também fere o Décimo Mandamento, pois não se pode desejar as
coisas alheias! E é pecado da carne, pois a pessoa não se contenta com
o que tem, e, por inveja é capaz de destruir vidas irmãs! E muitas
mulheres e homens são desejados pela carne…
Filhos, todos estes pecados são cometidos diariamente, freneticamente,
ferindo todos os Mandamentos do Senhor, originados por um só pecado: Não
pecar contra a castidade!
E, por causa deste pecado, que gera todos os outros, Deus fica em plano
inferior, e assim, é cruelmente açoitado e morto nos corações das
pessoas, que demonstram amor a tudo, exceto o “Amor a Deus sobre todas
as coisas!” O Primeiro Mandamento, portanto é duramente atingido!
O pecado da carne é o pecado da besta! Os homens tornam-se bestas
irracionais! Rezai muito, filhos por todos os que vivem esta tragédia!
Amém!
Eu vos abençôo, em nome do Pai, do Filho e do Espírito Santo. Amém!
Resguardai-vos de todo o mal, pois Deus vos fez perfeitos, e vossa
missão é procurar viver esta perfeição. É necessária a luta, a vontade
firme e forte, pois os demônios têm armas poderosíssimas, e, em todos os
lados, em todo o mundo, as portas da perdição, cada vez mais se
escancaram à vista dos homens! Amém!”
“JESUS!”
(Gentileza Antonio, de Portugal)
Fonte: Repórter de Cristo