quinta-feira, 2 de janeiro de 2014

Não recuso o combate - Santa Teresinha do Menino Jesus

 Oh! não, não me atemorizo com uma vida longa. Não me nego  ao combate, pois o Senhor é a rocha na qual fui criada. Adestra minhas mãos para a luta, e meus dedos para a guerra. É o meu escudo. Nele espero. Por isso, nunca pedi ao Bom Deus que morresse jovem. Verdade é, sempre esperei com o desejo de trabalhar pela sua glória, e sabeis, minha Madre, que meus desejos são muitos grandes. Sabeis, outrossim, que Jesus me apresentou mais de um cálice amargo, mas afastou-o dos meus lábios antes que o bebesse, mas não antes que me fizesse saborear sua amargura.

Madre muito amada, tinha razão o santo Rei Davi, quando cantava: Oh! quão bom e quão suave é para irmãos habitarem juntos em perfeita unidade. É exato, experimentei-o muitas vezes, mas é nas entranhas dos sacrifícios que tal união deve formar-se na terra. Não foi para viver com minhas irmãs que vim ao Carmelo, mas unicamente para atender ao chamado de Jesus. Ah! bem pressentia que viver com suas irmãs, quando se não quer fazer nenhuma concessão à natureza, seria motivo de contínuo sofrimento.

Como se pode afirmar que é maior perfeição apartar-se alguém dos seus?... Já se levou a mal alguma vez que irmãos combatam no mesmo campo de batalha, que juntos acorram para alcançar a palma do martírio?... Sem dúvida alguma, formou-se a justa opinião de que se animariam uns aos outros, como também que o martírio de cada qual se tornaria comum de todos. Assim, também, acontece na vida religiosa, a que os teólogos chamam de martírio. - Quando o coração se dá a Deus, não perde a afetividade. Pelo contrário. A afetividade cresce, na medida que se torna mais pura e mais divina.

Madre muito amada, é com um afeto assim que vos amo, que amo minhas irmãs. Sinto-me feliz de combater, em família, pela glória do Rei dos Céus. Estou, porém, disposta a voar para outro campo de luta, se o Divino General me manifestar seu desejo. Não se faria mister voz de comando; apenas um olhar, um simples aceno.


Santa Teresinha do Menino Jesus, História de Uma Alma

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