quarta-feira, 5 de dezembro de 2012

Santa Teresinha fala de seus escrúpulos



No retiro para a Segunda Comunhão é que fui assaltada pela terrível doença de escrúpulos... É preciso passar por tal martírio, para o compreender. Ser-me-ia impossível dizer quanto não sofri em ano e meio... Todos os meus pensamentos e as minhas mais comezinhas atividades se tornavam para mim motivo de perturbação. Só tinha sossego, quando os contava à Maria, e isto me era muito penoso, por sentir a obrigação de lhe dizer todas as idéias extravagantes que me vinham à mente a respeito dela própria. Alijado meu fardo, desfrutava um instante de paz, mas a paz desvanecia-se como um relâmpago, e logo começava novamente meu martírio. De quanta paciência não precisava minha querida Maria, para me ouvir, sem dar mostras de nenhum aborrecimento!...

Mal chegava eu da Abadia, punha-se ela a arrumar-me os cabelos para o dia seguinte (pois, querendo agradar ao Papai, a rainhazinha andava todos os dias com os cabelos em cachinhos, para grande admiração das colegas, mormente das professoras que não tinham diante de si crianças tão bem cuidadas pelos pais). E durante a arrumação não parava de chorar, contando todos os meus escrúpulos.


Sta Teresinha de Lisieux, História de Uma Alma.
Créditos: Amor e Pobreza

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