Lutemos para que, a exemplo de amizades como esta, nossas amizades estejam cada vez mais purificadas e santificadas a fim de alcançarmos o fim único de todos os relacionamentos: Nosso Senhor Jesus Cristo.
Minha caríssima Aninha,
Tomando a pena para escrever-lhe, vem-me à lembrança as nossas últimas despedidas, as promessas recíprocas que fizemos, justamente no momento da separação. Como as poderemos esquecer, ao menos, como poderei eu esquecê-las? Não, ser-me-ia impossível.
Somente tive o prazer de falar-lhe por poucos dias, mas aquelas breves palavras, e todos os colóquios sobre Jesus, marcaram em meu coração tão viva impressão, e inspirou-me (permita que lho diga) tão grande afeto para com a sua pessoa, que não sei como externá-lo.
Muito tarde nos conhecemos ou muito tarde começamos a ser amigas. Mas por ser mesmo tarde, dediquemos-nos a amar mais a Jesus, a expandir nossos mais ternos afetos no seu coração.
Quisera que meu coração não palpitasse, não vivesse, não suspirasse, senão por Jesus, que minha língua não soubesse proferir senão o nome de Jesus, que meus olhos não vissem nada mais senão a Jesus, que minha pena não soubesse escrever senão a respeito de Jesus, e que meus pensamentos não dirigissem senão para Jesus.
Muitas vezes procuro refletir se há na Terra um objeto ao menos para o qual eu pudesse inclinar o meu amor; mas não acho nenhum nem na Terra, nem no Céu, senão o meu Amado Jesus.
Entretanto, quantas vezes me tenho desviado entre as enfadonhas dissipações da Terra; e quantos são os que se perdem nas vaidades do mundo!
Como são loucos! Parece impossível! Se pensassem em Jesus, Jesus lhes mudaria o coração, os afetos, os sentimentos e os suspiros; e se gozassem por um só instante da consolação que se sente em estar com Jesus, digo que não se separariam jamais dEle.
Chegaremos nós a amar a Jesus verdadeiramente? Sobretudo eu que continuamente O ofendo, e tenho ainda a coragem de acrescentar novos espinhos naquela coroa cruel que Lhe circunda o Coração?
Pobre Jesus! Mas sabe de que modo Ele se vinga das minhas infidelidades? Faz-me ver muitas vezes as Suas chagas, Suas mãos jorrando o sangue num incêndio de amor, com os braços abertos para nos estreitar e diz-me que é vítima perfeita do Seu grande amor por nós.
Peço sempre a Jesus que faça chegar depressa aquele momento que tanto desejo ir para o convento, porque sinto que no mundo não estou bem e ele não me pode fazer feliz de nenhum modo.
Peço que não se esqueça de mim em suas orações aos pés de Jesus Crucificado; o mesmo farei eu, o quanto puder; mas não espere nada de minas orações que são muito fracas.
Desejo que esta carta a encontre de perfeita saúde, como espero: e se não achar dificuldade, estimarei que cumprimente sua boa mãe por mim, e lhe peça que se lembre algumas vezes de mim junto a Jesus.
Perdoe-me a letra tão feia, e a má redação desta carta, porque não sei fazer nada.
Rezemos, invoquemos juntas a Jesus que nos dê a força de viver só para amá-Lo, que não se viva senão para amá-Lo, e que nos dê a graça de morrer expirando em Seu Coração num transporte de ardente amor.
Com muito particular estima a cumprimento; e peça muito, muito a Jesus pela pobre
GEMA
Retirada do livro Santa Gema Galgani, de Padre Germano de Santo Estanislau, C.P.
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