quarta-feira, 20 de março de 2013

Santa Teresinha do Menino Jesus: "Estava tão protegida... impossível sentir medo"



De madrugada, às três horas, atravessei a cidade de Lisieux ainda adormecida. Na ocasião, várias impressões me passaram pelo espírito. Sentia que caminhava para o desconhecido, e que grandes coisas me aguardavam por lá... Papai estava alegre. Quando o trem de ferro se pôs em movimento, ele cantarolou o velho refrão: "Rode, minha diligência, rode! Já estamos na estrada real". Chegando a Paris na parte da manhã, começamos logo a visitá-la. O pobre Paizinho cansou-se muito, a fim de nos contentar, e assim dentro em pouco tínhamos visto todas as maravilhas da capital.

Por mim só encontrei uma única que me arrebatasse. A maravilha era "Nossa Senhora das Vitórias". Oh! o que senti aos seus pés, não o poderia dizer... As graças que me outorgou, comoveram-me tão profundamente, que só minhas lágrimas exprimiam minha felicidade, como no dia da minha primeira comunhão...

A Santíssima Virgem deu-me a perceber que foi ela realmente quem sorrira pra mim, e quem me curara. Compreendi que velava por mim, e que eu era sua filha, e por isso já não lhe podia dar outro nome a não ser o de "Mamãe", que me parecia mais afetuoso do que Mãe... Com que fervor não lhe supliquei me tomasse para sempre em sua guarda, e logo fizesse do meu sonho uma realidade, aconchegando-me à sombra de seu manto virginal!... Oh! nisso consistia um dos meus primeiro desejos de criança... Crescendo, compreendi que só no Carmelo me seria possível encontrar, realmente, o manto da Santíssima Virgem, e a essa fértil Montanha tendiam todos os meus desejos...

Pedi, ainda, a Nossa Senhora das Vitórias, desviasse de mim tudo o que poderia manchar minha pureza. Não ignorava que, numa viagem como esta para a Itália, aconteceriam muitas coisas susceptíveis de me conturbarem, mormente porque, ignorando o mal, receava dar com ele, pois não sabia ainda por experiência que "tudo é puro para os que são puros", e que a alma simples e reta não vê o mal em coisa alguma, uma vez que o mal não existe efetivamente senão nos corações impuros e não em objetos insensíveis... Pedi também a São José velasse por mim. Desde a meninice tinha por ele uma devoção que se fundia com meu amor à Santíssima Virgem. Recitava todos os dias a oração: "São José, pai e protetor das virgens". Por isso, empreendi sem receio minha longa viagem. Estava tão protegida, que me parecia impossível sentir medo.


Santa Teresinha do Menino Jesus, Histórias de Uma Alma

Nenhum comentário:

Postar um comentário

Related Posts Plugin for WordPress, Blogger...