São
José de Calazans diz que, se não se der a Jesus todo o coração, não se
Lhe deu nada. Isso é inteiramente verdade, porque nosso coração já é em
si muito pequeno para amar dignamente a um Deus que merece um amor
infinito; e esse pequeno coração deveria ainda ser dividido entre Deus e
as criaturas?
Como
poderás, pois, tu, alma cristã, te incomodares com o mundo, depois de
te consagrares a Deus? Esquece de tudo o mais e procura guardar o teu
coração inteiro para teu Divino Esposo, que escolheste para Lhe
dedicares todo o teu amor. Eu disse: teu coração inteiro, porque Jesus
Cristo quer que Sua esposa seja "um jardim fechado e uma fonte selada" (Cânt 4, 12);
um jardim fechado, pois não deve receber a ninguém mais senão a seu
Divino Esposo; uma fonte selada, porque esse Divino Esposo é zeloso e
não permite que encontre entrada no coração de sua esposa outro amor que
o amor por Ele. Por isso diz-Lhe: "Quero que me coloques como um selo sobre teu coração e sobre teu braço" (Cant 8, 6),
para que a ninguém mais ames senão a Mim, e para que todos os teus atos
sejam feitos com a única intenção de Me agradares. O Amado é colocado
como um selo sobre o coração e o braço, diz São Gregório, quando a alma
mostra por sua vontade (isto é, o coração) e por suas ações (isto é, o
braço), quanto ama a seu celeste Esposo.
Quando o amor divino reina numa alma, expulsa toda a afeição que não se refere a Deus, pois "o amor é forte como a morte" (Id. it.).
Como nada há que possa resistir à veemência da morte quando é chegada a
sua hora, assim também não há nenhum impedimento e nenhuma dificuldade
que não seja superada pelo amor divino, quando ele se apodera de um
coração. "Se um homem der todas as riquezas de sua casa, ele as desprezará como se nada tivesse dado" (Id., v. 7).
Um coração que ama a Deus, despreza tudo o que lhe oferece e pode
oferecer o mundo; numa palavra, ele despreza tudo o que não é Deus. São
Bernardo diz que Deus, como nosso Senhor, exige de nós temor; como Pai,
respeito; como Esposo, porém, unicamente amor.
Sto Afonso de Ligório, Tratado da Castidade
Créditos: GRAA
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