Devemos ainda expor de que vantagem a Santa Missa é para os outros Santos. Devemos homenagem aos Santos. Eles são amigos de Deus que os honra; seguem Cristo vestidos de branco, porque disso são dignos (Ap 3, 5); e é deles que Nosso Senhor diz: “Quem vos glorifica, a mim glorifica.”
Durante a vida fugiram das honras, desprezaram-se a si próprios, sofreram com paciências as injúrias, os insultos, as perseguições dos maus. Por essa razão Deus manifesta-lhes a inocência e a virtude e quer que sejam reverenciados por toda a cristandade.
A história de Mardoqueu, que nos refere a Sagrada Escritura, é disso um exemplo. O piedoso servo de Deus viu-se cruelmente perseguido pelo orgulhoso Amã. Deus, porém, desfez as intenções perversas do favorito do Rei Assuero e glorificou a Mardoqueu diante de todo o povo. Quando o rei perguntou a Amã: Que se deve fazer para honrar aquele que o Rei deseja cumular de honra? Este, pensando que se tratava de sua pessoa, respondeu: É preciso que traga vestidos reais; que, montado no mesmo cavalo que o rei costuma montar, tenha, na cabeça, um diadema real; que o primeiro príncipe da corte lhe conduza o cavalo e, percorrendo as praças e as ruas da cidade, exclame:
É assim que será honrado aquele a quem o rei deseja honrar.
O rei lhe respondeu: Depressa, toma um vestido e uma montada e trata, como disseste, ao judeu Mardoqueu que está à porta do palácio, e cuida em não omitir coisa alguma de quanto acabas de dizer (Es 6).
Se um rei pagão remunerou assim o serviço de um homem, que glória não reservará Deus aos seus servos fiéis?! De que magnificência não os cercará no dia de sua feliz entrada no céu e quando a Igreja celebra a sua festa na terra!
Sob inspiração do Espírito Santo, a Igreja exprime a admiração por seus filhos vitoriosos com os ofícios próprios do breviário, com cânticos, prédicas, procissões, peregrinações, mas, principalmente, pelo Sacrifício da Missa. Assim será honrado a quem o Rei dos Céus quiser honrar.
Na verdade, a honra mais excelente é prestada aos Santos pelo Santo Sacrifício do Altar, se mandamos celebrá-lo ou, se o assistimos, com a intenção de aumentar-lhes a honra acidental.
Para honrar um príncipe dá-se, às vezes, uma representação teatral, e, se bem que, na peça não se faça menção dele, o príncipe nisto experimenta prazer. Da mesma maneira, apesar de, na Santa Missa, representar-se só a vida e paixão do Divino Salvador, os Santos sentem grande alegria e delícias singulares, quando este espetáculo se realiza em sua honra, e todo o céu se regozija.
Quando o sacerdote pronuncia o nome dos Santos, o coração se lhes enternece, porque, observa São João Crisóstomo, tendo o rei alcançado a vitória, o povo, querendo lhe exaltar os feitos, nomeará também os companheiros de armas do herói que, valentemente, destroçou o inimigo. Da mesma forma, é uma grande honra para os Santos serem nomeados, em presença de seu Divino Mestre, do qual se celebram, como em triunfo, a paixão e a morte, ouvindo louvar as vitórias alcançadas sobre o inimigo infernal.”
(A Santa Missa para Leigos: Uma Explicação do Santo Sacrifício da Missa, Frei Martinho de Cochem)
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