A Mãe de Deus e todos os Santos gozam de uma felicidade dupla: da bem-aventurança essencial e da bem-aventurança acidental. A primeira consiste na vista e na posse de Deus, conforme o grau de glória, na qual foram confirmados, no momento de sua entrada no céu. Esta bem-aventurança essencial não pode aumentar nem diminuir. A bem-aventurança acidental consiste nas honras particulares que Deus, os outros Santos e os homens rendem aos felizes habitantes do céu. Podemos acreditar, por exemplo, que, quando celebramos sua festa aqui na terra, eles recebem no céu honras particulares e que todas as nossas orações e boas obras feitas em sua honra lhes sejam apresentadas por nossos Anjos como um ramalhete de perfume delicioso.
As revelações de Santa Gertrudes confirmam esta crença, e o Evangelho a indica, claramente, por estas palavras de Nosso Senhor:
“Assim vos digo que haverá mais júbilo entre os Anjos de Deus por um pecador que faz penitência. (Lc 15, 10)”
Esta alegria se renova pelo Bom Pastor, pelos Anjos e pelos Santos a cada volta de uma ovelha desgarrada, porém, cessa logo que o pecador deixa de novo o aprisco por uma recaída no pecado.
Este curto esclarecimento fará compreender em que sentido a Santa Missa é a maior alegria de Maria Santíssima: é a maior alegria acidental e ultrapassa todas as outras felicidades desta ordem.
O que torna ainda a Santa Missa muito cara à Mãe de Deus, é o zelo que tem pela glória de Deus, que a Divina Majestade faz consistir, sobretudo, na salvação das almas. Pelo Santo Sacrifício do Altar, prestamos à Augusta Trindade a única homenagem digna d’Ela e lhe oferecemos, ao mesmo tempo, o preço da redenção do gênero humano. Ainda uma vez, que prazer agradável, suave, perfeito para Maria Santíssima ver-nos cercar o altar, onde seu amado Filho é adorado, onde choramos os nossos pecados, onde contemplamos a Dolorosa Paixão e onde o Precioso Sangue é derramado sobre nossas almas!
Daí compreenderás facilmente com que benevolência a Santa Virgem acolhe a prece dos cristãos devotos do Santo Sacrifício da Missa. Refere Barônio:
“Em 989, Roberto, Rei da França, sitiava o castelo de São Germano. Os moradores defenderam-se, heroicamente, e muito sofreu o exército do rei. No sexto dia, Roberto exasperado ordenou o assalto; era para tudo temer. Os sitiados amedrontados dirigiram-se ao Bem-Aventurado Gilberto, monge beneditino. Este os exortou a confiar em Maria Santíssima e celebrou a Santa Missa em honra da Mãe de Deus, em seu altar, com piedosa assistência dos guerreiros do castelo. Ora, enquanto todos estavam em oração, um nevoeiro espesso envolveu a fortaleza e seus arredores. O ataque tornou-se impossível, ao passo que, do alto das torres, a guarnição, perfeitamente livre, seguia todos os movimentos dos assaltantes e lhes infligia perdas consideráveis.
Roberto, vendo suas tropas muito enfraquecidas, levantou o sítio, e retirou-se apressadamente.”
Sem dúvida, Maria nem sempre responde com milagres estrondosos aos nossos clamores de angústia, porém, nunca a invocamos em vão; e como ela está, por sua dignidade de Mãe de Deus, incomparavelmente mais próxima da Santíssima Trindade do que os outros Santos, sua intercessão é também mais poderosa do que a deles.”
(A Santa Missa para Leigos: Uma Explicação do Santo Sacrifício da Missa, por Frei Martinho de Cochem)
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