sábado, 20 de agosto de 2016

São Bernardo de Claraval: Que fareis, bravos cavaleiros?



Que fareis, bravos cavaleiros? Que fareis, soldados cristãos? Deverei crer que lançareis aos cães o que é sagrado, e as pérolas aos porcos?

Sermão de São Bernardo de Claraval, abade, Doutor da Igreja e pregador da Segunda Cruzada, em Vezélay:

A terra estremeceu (Sal.17, 8) porque o Senhor do céu principiou a perder a terra que é muito sua. Muito sua, insisto, porquanto nela, durante mais de trinta anos, a palavra invisível do Pai se tornou visível, instruiu o povo, e como um homem conversou entre os homens (Bar. 3, 38). Muito sua, por a ter glorificado com os seus milagres, consagrado com o seu sangue, adornado com as primeiras flores de sua gloriosa ressurreição. E agora, devido aos nossos pecados, os inimigos da Cruz ergueram o seu estandarte blasfemo, e destruíram com fogo e ferro a Terra Santa, Terra de Promissão! Em breve, a menos que encontrem forte oposição, irromperão na cidade do Deus dos vivos, para destruir os preciosos monumentos de nossa redenção e devastar os lugares sagrados, outrora avermelhados pelo sangue do Cordeiro Imaculado. Ai de nós! Ardem no profano desejo de invadir o próprio santuário da religião cristã, e violar o sepulcro, onde Cristo, que é a nossa vida (Col. 3, 4), por nós, dormiu o sono da morte.

Que fareis, bravos cavaleiros? Que fareis, soldados cristãos? Deverei crer que lançareis aos cães o que é sagrado, e as pérolas aos porcos? (Mat. 7, 6)

Oh quantas multidões de pecadores, confessando as suas penas com arrependimento, se reconciliam com Deus naquela Terra Santa, desde que as espadas dos guerreiros cristãos repeliram de lá os loucos pagãos! Viu-o o pecador e se indignou; rangeu os dentes e consumiu-se (Sal. CXI,10).

Agitou os instrumentos de sua impiedade; e, se alguma vez lograr apoderar-se do Santo dos Santos, (que Deus nunca o permita), não tolereis que permaneça vestígio de sua passagem junto dos monumentos e lugares associados com a paixão de Jesus Cristo.

Que dizeis, irmãos? Se fosse anunciado que o inimigo invadiu as vossas cidades, violou os vossos lares, ultrajou vossas famílias e profanou vossas igrejas, qual de vós não pegaria em armas? Fareis menos pela honra de Jesus Cristo? Todos esses males, e outros ainda piores atingiram a sua família, da qual sois membros. O lar do Salvador foi perturbado pela espada dos sarracenos; os bárbaros destruíram a casa de Deus e dividiram entre si a sua herança. Hesitareis em debelar semelhante mal em vingar tal perversidade? Suportareis que os infiéis contemplem em paz a extensa ruína que oneraram entre o povo cristão?

Recordai que o seu triunfo será motivo de desgosto inconsolável para gerações futuras, e de desgraça perpétua para nós que o consentimos. E mais do que isso: o Deus dos Vivos encarregou-me de proclamar que se vingará de todos os que se recusem defendê-lo de seus inimigos.


Às armas, pois! Que uma indignação sagrada vos anime ao combate, e que o grito do profeta vibre por toda a cristandade: ‘Maldito seja aquele que não ensanguentar a sua espada’

(Jerem. XL VIII, 10).” (J.F. Michaud, História das Cruzadas, ed. cit., vol.II – pp..235/236 e A. Lubby, S. Bernardo).
 
Fonte: Amor Mariano

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