segunda-feira, 12 de dezembro de 2016

"Ó esplêndida joia...!" - Palavras de Santa Hildegarda de Bingen a Nossa Senhora



Ó esplêndida joia, serenamente infusa com o Sol!
O Sol está em Ti como uma fonte do coração do Pai;
É Seu Verbo único, pelo qual Ele criou o mundo,
A matéria primitiva, que Eva lançou em desordem.
Ele formou o Verbo em Ti como um ser humano,
E, portanto, Tu és a joia que brilha da forma mais radiante,
Por meio de quem o Verbo exalou todas as virtudes,
Tal como, antigamente, da matéria primitiva Ele fez todas as criaturas.

Ó doce ramo verde, que floresces do tronco de Jessé!
Ó coisa gloriosa, que Deus tenha reparado em Sua mais bela filha,
Como a águia olha para a face do sol!
O Altíssimo Pai buscou  inocência de uma Virgem,
E quis que Seu Verbo devesse assumir nela Seu Corpo.
Pois a mente da Virgem foi iluminada pelo mistério dEle,
E de sua virgindade brotou a gloriosa Flor.


Scivias, Santa Hildegada de Bingen

quinta-feira, 17 de novembro de 2016

Comentário ao Evangelho do dia (16/11) por São Josemaria Escrivá



(1902-1975), presbítero, fundador
«Amigos de Deus», n.º 46

«Fazei-as render»

«Senhor, aqui está a tua mina, que eu guardei num lenço.» Que ocupação escolherá este homem, agora que abandonou o seu instrumento de trabalho? Tendo decidido irresponsavelmente optar pela comodidade de devolver só o que lhe entregaram, dedicar-se-á a matar o tempo: os minutos, as horas, os dias, os meses, os anos, a vida! Os outros afadigam-se, negoceiam, empenham-se nobremente em restituir mais do que receberam – o legítimo fruto, aliás, porque a recomendação foi muito concreta: «Fazei-as render até que eu volte», encarregai-vos deste trabalho para conseguirdes algum lucro, até que o dono regresse. Pois este não; este inutiliza a sua existência.

Que pena viver tendo como ocupação matar o tempo, que é um tesouro de Deus! Não há desculpas para justificar essa atuação. Adverte São João Crisóstomo: «Que ninguém diga: só tenho um talento, não posso ganhar coisa alguma. Também com um só talento podes agir de forma meritória.» Que tristeza não tirar partido, autêntico rendimento, de todas as faculdades, poucas ou muitas, que Deus concede ao homem para que se dedique a servir as almas e a sociedade! Quando, por egoísmo, o cristão se retrai, se esconde, se despreocupa, numa palavra, quando mata o tempo, coloca-se em perigo de matar o Céu. Quem ama a Deus, não entrega só o que tem, o que é, ao serviço de Deus: dá-se a si mesmo.

Fonte:

terça-feira, 15 de novembro de 2016

Comentário do Evangelho (15/11) por Santa Elisabeth da Santíssima Trindade



(1880-1906), carmelita
Último retiro, 42-44



«Eu hoje devo ficar em tua casa.»

«Só em Deus repousa a minha alma; dele vem a minha salvação. Só Ele é o meu rochedo e a minha salvação, a minha fortaleza; jamais vacilarei» (Sl 61,2-3). Eis o mistério que canta hoje a minha lira! Como a Zaqueu, o meu Mestre disse-me: «Desce depressa, que Eu hoje devo ficar em tua casa.» Desce depressa, mas aonde? Ao mais fundo de mim própria: depois de me ter deixado a mim própria, separado de mim própria, despojado de mim própria, numa palavra, sem mim própria.

«Eu hoje devo ficar em tua casa.» É o meu Mestre que me exprime esse desejo! O meu Mestre quer habitar em mim, com o Pai e o seu Espírito de amor, porque, segundo a expressão do discípulo amado, eu estou em comunhão com eles (1Jo 1,3). «Já não sois hóspedes nem peregrinos, mas sois concidadãos dos santos e membros da família de Deus», diz S. Paulo (Ef 2,19). E para mim ser «concidadãos dos santos e membros da família de Deus» consiste em viver no seio da tranquila Trindade, no meu abismo interior, nessa fortaleza inexpugnável do santo recolhimento de que fala S. João da Cruz. [...]

Oh! Que bela é esta criatura assim despojada, salva de si própria! [...] Ela sobe, eleva-se acima dos sentidos, da natureza; ultrapassa-se a si própria; ultrapassa toda a alegria, assim como toda a dor, e passa através das nuvens, para só descansar quando tiver penetrado no interior daquele que ama e que lhe concederá, Ele próprio, o repouso. [...] O Mestre disse-lhe: «Desce depressa.» É ainda sem de lá sair que ela viverá, à imagem da Trindade imutável, num eterno presente [...], tornando-se, por um olhar sempre mais simples, mais unitivo, «o esplendor da sua glória» (Heb 1,3), dito de outro modo, louvor e glória das suas adoráveis perfeições.

Fonte: Evangelho Quotidiano

segunda-feira, 14 de novembro de 2016

Comentário ao Evangelho (14/11) por Santa Teresa Benedita da Cruz (Santa Edith Stein)


Muitas vezes, tive a impressão de ficar sem forças. 
Mais vezes ainda, desesperei de ver a luz. 
Mas, quando o meu coração estava tomado pela dor, 
eis que uma estrela se elevou diante de mim. 
Ela conduziu-me e eu segui-a, 
primeiro com passo hesitante, depois com confiança. [...] 

Aquilo que tinha de esconder no mais fundo do meu coração, 
posso agora proclamá-lo alto e em bom som: 
«creio e confesso a minha fé». [...] 
Senhor, será possível que renasça 
quem já viveu metade da sua vida (Jo 3,4)? 
Tu o disseste e isso verificou-se comigo. 
O fardo de uma longa vida de faltas e sofrimentos 
caiu de cima dos meus ombros. [...] 

Ah! nenhum coração humano pode compreender 
o que Tu reservas aos que Te amam (1Cor 2,9). 
Agora que Te agarrei, nunca mais Te hei-de largar (Ct 3,4). 
Seja qual for o caminho que tome a minha vida, 
Tu estás comigo (Sl 22). 
Nada poderá separar-me do teu amor (Rom 8,39).

Créditos: Evangelho Quotidiano

quarta-feira, 2 de novembro de 2016

Comentário ao Evangelho (02/11 - Finados) feita por São Cipriano



Comemoração de Todos os Fiéis Defuntos

Comentário do dia 
São Cipriano (c. 200-258), bispo de Cartago e mártir 
Sobre a morte; PL 4, 583ss.

A nossa verdadeira morada

É conveniente nunca perdermos de vista, caros irmãos, que renunciámos ao mundo e que vivemos aqui em baixo como hóspedes de passagem, como estrangeiros (Heb 11,13). Bendigamos o dia que atribui a cada um a sua verdadeira morada, e que, depois de nos ter arrancado a este mundo e libertado das suas amarras, nos conduz ao paraíso e ao Reino dos Céus. Quem não se apressaria em regressar à pátria depois ter passado algum tempo o estrangeiro? Quem [...] não desejaria um vento favorável para navegar, para mais rapidamente abraçar os seus? A nossa pátria é o paraíso; desde sempre, tivemos os patriarcas por pais. 

Porque não nos apressamos então para ver a nossa pátria, porque não corremos para saudar os nossos pais? Temos uma multidão de entes queridos à nossa espera, pais, irmãos, filhos, já seguros da sua própria salvação mas preocupados ainda com a nossa; eles desejam ver-nos entre eles. [...] É lá que se encontra o coro glorioso dos apóstolos, a multidão entusiasmada dos profetas, o exército inumerável de mártires, coroados com a sua vitória contra o inimigo e o sofrimento [...]; é lá que reinam as virgens [...]; é lá que, por último, são recompensados os homens que experimentaram compaixão, que multiplicaram os seus atos de caridade provendo às necessidades dos pobres e que, fiéis aos preceitos do Senhor, chegaram a elevar-se dos bens terrenos aos tesouros do Céu. Apressemo-nos por conseguinte a satisfazer a nossa impaciência de nos juntarmos a eles, e de comparecermos o mais depressa possível perante Cristo. Que Deus descubra em nós esta aspiração [...], Ele que concede a recompensa suprema da sua glória aos que a desejaram com o maior ardor.

Créditos: Evangelho Quotidiano

Solenidade de Todos os Santos - Comentário ao Evangelho feito por Santo Ambrósio



Comentário do dia
Santo Ambrósio (c. 340-397), bispo de Milão, doutor da Igreja
Sobre o bem da morte

«Apareceu na visão uma multidão enorme [...], de todas as nações, tribos, povos e línguas. Estavam de pé [...] diante do trono e diante do Cordeiro» (Ap 7,9)

Fortalecidos com os ensinamentos [da Escritura], caminhemos sem tremer para o nosso Redentor, Jesus, para a assembleia dos patriarcas, caminhemos para o nosso pai, Abraão, assim que o dia chegar. Caminhemos para a congregação dos santos, para a assembleia de justos. Iremos para junto dos nossos pais, daqueles que nos ensinaram a fé; mesmo que nos faltem as obras, que a fé nos ajude, defendamos a nossa herança! Iremos para o lugar onde Abraão abre o seu seio aos pobres como Lázaro (Lc 16,19s), onde repousam aqueles que suportaram o rude peso da vida deste mundo. Agora, Pai, estende mais e mais as tuas mãos para acolheres estes pobres, abre os teus braços, alarga o teu seio para os acolheres melhor, pois são muitos os que acreditaram em Deus. 

Iremos para o paraíso de felicidade, onde Adão, outrora caído numa emboscada de salteadores, já não pensa em curar as suas feridas, onde o próprio malfeitor goza da sua parte do Reino celeste (cf Lc 10,30; 23,43). Para onde nenhuma nuvem, nenhuma trovoada, nenhum raio, nenhuma tempestade de vento, nem trevas, nem crespúsculo, nem verão, nem inverno, marcarão a instabilidade dos tempos; nem frio, nem granizo, nem chuva. O nosso pobre sol, a lua, as estrelas, já não servirão para nada; só a luz de Deus resplandecerá, porque Deus será a luz de todos, e essa luz verdadeira que ilumina todo o homem resplandecerá para todos (Ap 21,5; Jo 1,9). Iremos para onde o Senhor Jesus preparou moradas para todos os seus servos, para que, onde Ele está, nós estejamos também (Jo 14,2-3). 

«Pai, quero que onde Eu estiver estejam também comigo aqueles que Tu me confiaste, para que contemplem a minha glória» (Jo 17,24). [...] Nós seguimos-Te, Senhor Jesus; mas, para isso, chama-nos, pois sem Ti ninguém ascende. Tu és o caminho, a verdade, a vida (Jo 14,6), a possibilidade, a fé, a recompensa. Recebe-nos, fortalece-nos, dá-nos a vida!

Créditos: Evangelho Quotidiano

segunda-feira, 31 de outubro de 2016

Comentário ao Evangelho do dia (31/10) por São Bernardino de Sena



(1380-1444), franciscano 
Tratado sobre a esmola


«Convida os pobres.»


Dá a tua esmola com alegria. Que tudo aquilo que fazes por amor a Deus cante a alegria, e não o enfado. Porque está escrito: «o espírito triste seca os ossos» (Pr 17,22); o que significa que, quando um pobre vem bater à tua porta e tu lhe estendes a esmola de má vontade, o teu mérito foi consumido antes mesmo de teres flanqueado o limiar. Deves torná-la alegre com o coração, com as palavras e com as obras. 

Quando te vem bater à porta um mendigo que te solicita uma oferta por amor de Deus, responde-lhe de bom grado: «Bem-vindo!» Deste modo, estarás a testemunhar-lhe, pelo teu coração, pelas tuas palavras, pela tua expressão afável e pela tua prontidão, que fazes a tua oferta com alegria. A palavra que acompanha a esmola alegra mais do que pensas. E que preciosa ela se torna quando a dás de boa vontade e provas essa disposição com uma palavra de afeto!


Fonte: Evangelho Quotidiano

São Padre Pio, o terço e Nossa Senhora de Lourdes

“Nada menos que cinco rosários na íntegra todos os dias”: é o compromisso que lemos no diário escrito por Padre Pio em 1929. Mas, na realidade, eram realmente raros os dias em que o capuchinho ficava limitado a esse número.

O padre Mariano Paladino uma vez perguntou-lhe quantos terços havia rezado, e ele respondeu:

– Trinta. Quase, tal vez um pouco mais, mas não menos.

– Como o senhor consegue? perguntou o surpreso confrade.

E padre Pio respondeu candidamente:

– Na noite o que há para fazer?


Em outra ocasião, o santo religioso acrescentou:

– Eu posso fazer três coisas ao mesmo tempo: rezar, confessar e ir ao redor do mundo.

Um de seus assistentes pessoais, o padre Marcellino Iasenzaniro, testemunhou que na parte da manhã era necessário lavar-lhe as mãos uma de cada vez, porque o Padre Pio nunca parava de rezar o Terço, que gostava de chamar de “arma de defesa e de salvação, doada por Nossa Senhora para usá-la contra as astutas ciladas do inimigo infernal”.

E ele explicou aos que estavam perto dele:

– Se a Imaculada em Lourdes e até mesmo o Imaculado Coração em Fátima recomendaram insistentemente a oração do Terço, não significa que esta oração tem um valor excepcional para nós e para os nossos tempos?



Um dia, o irmão padre Alessio Parente lhe perguntou por que ele sempre recitava o Terço e não outras orações. Sua resposta foi:

– Porque Nossa Senhora nunca me recusou uma graça através da recitação do terço.

Para si mesmo, como revelou ao padre Pellegrino Funicelli, ele tinha um pedido preciso:

“Meu filho, eu tenho um temperamento ruim. Muitas vezes, quando eu não concordo com as disposições do Superior, digo-lhe clara e rombudamente, embora, em seguida, eu cumpro suas disposições escrupulosamente.

“Eu peço todos os dias a Nossa Senhora a graça de ter um pouco de sua doçura e de sua ternura na obediência ao superior e à Igreja. Eu, então, Lhe peço uma segunda graça: não ter olhos para ver, exceto Jesus e sua Igreja nesta terra”.




O terço é arma poderosíssima para tirar do Purgatório as almas que ali padecem


O poder desta oração foi testado pessoalmente pelo capuchinho, que entre outras coisas, como relatou o padre Nello Castello, ensinou a valorizar o terço de indulgências de Monsenhor Cuccarollo, a quem o Papa São Pio X, na hora de nomea-lo bispo tinha concedido as indulgências de que dispunha, tirando o anel papal da mão e pondo-o no dedo do bispo simbolicamente.

Padre Pio disse:

– Com este terço esvaziamos um recanto do Purgatório.
Todas as noites, especialmente nos últimos anos de vida, o padre Pio queria que em seu quarto o Superior ou outro irmão de religião puxasse a Ave Maria, que ele e os presentes, em seguida, completavam concluindo com a invocação “Mater Divinae Gratiae, ora pro nobis” (“Mãe da Divina Graça, rogai por nós”).


O padre Carmelo de San Giovanni in Galdo poeticamente pintou a cena como

“o fechamento de um dia de trabalho pesado, e um brado pedindo ajuda para a noite que se aproximava. Ele fitava para a grande imagem de Nossa Senhora, que pendia da parede ao pé da sua cama, como uma criança aguardando o beijo e a saudação da mãe”.

Seu sentimento filial para com Maria teve extraordinária intensidade, embora para sua humildade nunca achava suficientes suas demonstrações de afeto.

Durante uma confissão, a Irmã Maria Francesca Consolata confidenciou:

– Pai, eu tenho muita amargura na alma, porque eles não sabem amar Nossa Senhora com o amor que o senhor tem.

E ele, com um suspiro, disse, visivelmente emocionado:



– Minha filha, eu estou sofrendo porque eu A amo tanto ... e eu ainda não sei amá-La como Ela merece. Oremos juntos para alcançar essa grande graça.


A 14 de agosto de 1958, na véspera da festa da Assunção, o padre guardião do mosteiro pediu-lhe um pensamento espiritual.

O Padre Pio abaixou a cabeça, começou a soluçar, e, respondendo, disse:

– Nossa Senhora ...
Os soluços tornaram-se pranto; em seguida, retomou com esforço:

– Nossa Senhora ....
Tremores fortes fizeram estremecer todo o seu corpo.

– Nossa Senhora.., ele repetiu pela terceira vez, é nossa Mãe.
Então lágrimas brotaram incontroláveis, e o padre, com dificuldade, conseguiu levar o lenço para enxugar as lágrimas que lhe tinham molhado todo o rosto.

Mas sequer teve tempo e força para secá-lo, porque as lágrimas escorriam abundantes e incessantemente.

Em seguida, deixou cair as mãos sobre os joelhos e, chorando, ele continuou a gritar:

– Nossa Senhora é nossa Mãe! Nossa Senhora é nossa Mãe!

Por sua vez, o padre Eusébio contou que certa feita, no fim do dia, após a recitação do Rosário em honra de Nossa Senhora, a multidão de pessoas cantou a música “Levanta-te, Tu que és mais bela que a aurora”.

E enquanto cantavam o refrão “Tu és bela como o sol, pulcra como a lua”, o padre Pio teve uma expansão súbita:

– Oh, se fosse assim renunciaria até ao Paraíso.
O padre Eusébio, espantado com esta declaração que lhe parecia exagerada, objetou:

– Padre, isso é mais bonito do que o sol e a lua?

E ele quase com pena dele, disse:

– Eh ... o senhor precisa..
E o irmão, pegando no ar:

– Mas então, o senhor viu a Nossa Senhora?

Sua resposta foi o silêncio, acompanhado por um sorriso mais eloquente do que quaisquer palavras.


(Fonte: Blog Lourdes e Suas Aparições/ Saverio Gaeta, “Padre Pio. Sulla soglia del Paradiso”, San Paolo Edizioni, 2002, cap. XVI, Rosario e Madonna. L'“arma” della salvezza).

Palavras de São João Paulo II sobre a Oração do Rosário



"O Rosário é minha oração preferida. Oração maravilhosa em sua simplicidade e em sua profundidade. Nesta oração repetimos muitas vezes as palavras que a Virgem Maria escutou da boca do anjo e de sua prima Isabel. A estas palavras toda a Igreja se associa.

Podemos dizer que o Rosário é, de certo modo, uma oração-comentário do último capítulo da Constituição "Lumen Gentium" do Vaticano II, capítulo que trata da admirável presença da Mãe de Deus no mistério de Cristo e da Igreja. No fundo das palavras "Ave Maria", passam diante dos olhos do que reza os principais episódios da vida de Cristo, com seus mistérios gozosos, dolorosos e gloriosos, que nos fazem entrar em comunhão com Cristo, poderíamos dizer, através do coração de sua Mãe.

Nosso coração pode encerrar nestas dezenas do Rosário todos os atos que compõem a vida de cada indivíduo, de cada família, de cada nação, da Igreja e da humanidade: os acontecimentos pessoais e os do próximo e, de modo particular, daqueles que mais gostamos. Assim, a simples oração do Rosário pulsa no ritmo da vida humana".

João Paulo II

Fonte: Acidigital

Comentário ao Evangelho do dia (30/10) por Filoxeno de Mabug

(?-c. 523), bispo da Síria 
Homilia n.º 4, 79-80


Zaqueu descobre o único bem verdadeiro


Nosso Senhor chamou Zaqueu do sicómoro para onde ele tinha subido, e Zaqueu apressou-se a descer, recebendo-O imediatamente em sua casa. Isto porque, mesmo antes de ter sido chamado, tinha a esperança de O ver e de se tornar seu discípulo. É coisa admirável que tenha acreditado nele sem que Nosso Senhor lhe tenha falado e sem O ter visto com os olhos do corpo, mas simplesmente com base na palavra dos outros. A fé que havia nele, que tinha sido preservada na sua vida e saúde naturais, manifestou-se quando acreditou em Nosso Senhor, no momento em que soube que Ele tinha chegado. A simplicidade desta fé tornou-se evidente quando prometeu dar metade dos seus bens aos pobres e devolver o quádruplo daquilo de que se tivesse apoderado de forma desonesta. 

Com efeito, se o espírito de Zaqueu não tivesse sido, naquele momento, repleto da simplicidade que convém à fé, ele não teria feito semelhante promessa a Jesus, nem teria dispensado e distribuído em tão pouco tempo aquilo que tinha levado anos de trabalho a juntar. A simplicidade distribuiu por todos o que a astúcia tinha ajuntado, a pureza de alma dispersou o que a fraude tinha adquirido, e a fé renunciou ao que a injustiça tinha obtido e possuído, proclamando que nada daquilo lhe pertencia. 

Porque Deus é o único bem da fé, que se recusa a possuir outros bens com Ele. Para ela, os outros bens têm pouca importância, em comparação com o único bem duradouro que é Deus. Recebemos em nós a fé para encontrarmos a Deus e O possuirmos apenas a Ele, e para percebermos que, fora dele, coisa alguma vale seja o que for.

Fonte: Evangelho Quotidiano

quinta-feira, 20 de outubro de 2016

Comentário ao Evangelho do dia (14/10) por Isaac, o Sírio



(século VII), monge perto de Mossul 
Discursos Espirituais, 1.ª série, n.º 36


«Não temais. Valeis mais do que todos os passarinhos».


É preciso não desejar nem procurar estouvadamente sinais visíveis, uma vez que o Senhor está sempre pronto a socorrer os seus santos. Ele não manifesta o seu poder numa obra ou num sinal sensível sem necessidade, para não esbater a ajuda que dele recebemos nem nos prejudicar. É desta forma que providencia junto dos seus santos: quer mostrar-lhes que a atenção secreta que lhes presta não os abandona um instante mas que, em tudo, os deixa travar o combate segundo a medida das suas forças e esforçar-se por rezar. 

Porém, se alguma dificuldade os abate, quando estão doentes ou desencorajados porque a sua natureza é fraca, então Ele próprio faz, como é preciso e como Ele sabe, tudo o que está no seu poder para que sejam socorridos. Confirma-os secretamente tanto quanto pode, para que tenham força para suportar as dificuldades. Porque, na confiança que lhes dá, frustra essas dificuldades e, pela visão da fé, desperta-os para o louvor. [...] Contudo, se for preciso que esta ajuda secreta seja explicitada, Ele o faz, mas por necessidade. Os seus caminhos são de grande sabedoria: prolongam-se quando é preciso e necessário, mas nunca de qualquer maneira. 

Fonte: Evangelho Quotidiano

Comentário ao Evangelho do dia (13/10) por Severino de Gabala

(?-c. 408), bispo da Síria 
Homilia sobre Caim e Abel


«Um sangue de aspersão que fala melhor que o de Abel» (Heb 12, 24)

Caim e Abel pareciam honrar a Deus com culto idêntico, mas na realidade apresentavam as suas oferendas com disposições bem diferentes: as do mais velho pareciam ser apenas um dom, enquanto as do mais novo davam testemunho da sua reverência e piedade. Daí nasceram os sentimentos de inveja [...], que resultaram no assassínio de Abel (Gn 4,3s). [...] 

Vejo no santo Abel a imagem de Cristo. Claro que o Salvador é o Justo por excelência [...] mas, de entre todos os homens da Antiga Aliança, o príncipe da justiça é Abel. [...] Aliás, o próprio Salvador posicionou Abel à cabeça da linha dos justos quando disse aos Judeus: «Deus vai pedir contas a esta geração do sangue de todos os profetas, que foi derramado desde a criação do mundo, desde o sangue de Abel até ao sangue de Zacarias, que pereceu entre o altar e o santuário.» [...] 

Coisa admirável: porque foi o primeiro a combater pela justiça, Abel teve a honra de ser o primeiro a sofrer pela piedade. Ele é verdadeiramente a prefiguração de Cristo, que foi condenado à morte por causa da verdade. O sangue de Abel anuncia o sangue de Cristo: ele clama à terra (Gn 4,10). O sangue do Senhor também clama, mas o sangue de Abel era suplicante, enquanto o de Cristo opera a reconciliação com o mundo. [...] O apóstolo Paulo, lembrando um e de outro, declara a superioridade do sangue de Cristo quando escreve: «Vós porém aproximastes-vos do monte Sião e da cidade do Deus vivo, da Jerusalém celeste, de míriades de anjos, da reunião festiva, da assembleia dos primogénitos inscritos nos céus, do Juiz que é o Deus de todos, dos espíritos dos justos que atingiram a perfeição, de Jesus, o Mediador da Nova Aliança e de um sangue de aspersão que fala melhor que o de Abel» (Heb 12,22-24). [...] Sim, este sangue fala, suplica pelos pecadores, intercede pelo mundo. O sangue de Cristo purifica realmente o mundo; o sangue de Cristo é a redenção dos homens.

Fonte: Evangelho Quotidiano

Comentário ao Evangelho do dia (12/10) por Isaac, o Sírio



(século VII), monge perto de Mossul 
Sentenças 117, 118

«Ai de vós, doutores da lei, porque impondes aos homens fardos insuportáveis»

A sobriedade vigilante ajuda mais o homem que as obras exteriores. [...] Não é possível que uma pessoa domine verdadeiramente os desejos corpóreos - a preguiça, a ira, a gula - e não adquira a mansidão. Exercido com discernimento o desprendimento de tudo, seguem-se a recusa do conforto corporal e da opinião dos outros. A pessoa que, por amor a Deus, acolhe com alegria e diligência o mal que lhe fazem é pura de coração (Mt 5,8); e, se não despreza ninguém, é verdadeiramente livre. [...] 

Não alimentes o ódio contra o pecador, porque todos somos culpados. Se, por amor a Deus, tiveres contra ele motivos de censura, lamenta-o. Porque lhe terias tu ódio? É o seu pecado que deves odiar, e rezar por ele, se quiseres ser como Cristo, que, longe de Se indignar com os pecadores, rezava por eles: «Perdoa-lhes, Pai, porque não sabem o que fazem» (Lc 23,34). [...] Que razão terias, pois, para odiar o pecador, tu que não passas de um homem? Seria por ele não estar à altura da tua virtude? Mas onde está a tua virtude se te falta a caridade?

Fonte: Evangelho Quotidiano

Comentário ao Evangelho do dia (11/10) por Balduíno de Ford

(?-c. 1190), abade cisterciense, depois bispo 
Homilia 6, sobre a Carta aos Hebreus


«Limpais o exterior. [...] Quem fez o interior não fez também o exterior?»


O Senhor conhece os pensamentos e as intenções do nosso coração. Ninguém duvida de que Ele os conhece de facto a todos, mas nós só conhecemos os que Ele nos torna manifestos pela graça do discernimento. Porque o espírito do homem nem sempre sabe o que há nele; e mesmo quando se trata dos seus próprios pensamentos, sejam eles queridos ou não, tem deles uma ideia que nem sempre corresponde à realidade. Nem os que se apresentam com evidência aos olhos do espírito discerne com precisão, tão obscurecido está o seu olhar. 

Com efeito, acontece frequentemente, por uma razão humana ou procedente do tentador, deixarmo-nos levar pelo pensamento para aquilo que é só aparência de piedade e que, aos olhos de Deus, não merece de maneira nenhuma a recompensa prometida à virtude. É que há coisas que podem apresentar o aspeto de verdadeiras virtudes, como também de vícios, e enganar os olhos do coração. Pelas suas seduções, podem perturbar a visão da nossa inteligência ao ponto de muitas vezes lhe fazer tomar por um bem realidades que realmente são más, e inversamente, levá-la a ver um mal onde, na verdade, não existe. É um aspeto da nossa miséria e da nossa ignorância que muito precisamos de deplorar e grandemente de temer. [...] 

Quem pode verificar se os espíritos procedem de Deus a não ser que tenha recebido de Deus o discernimento dos espíritos? [...] Este discernimento é a fonte de todas as virtudes.


Fonte: Evangelho do dia

quinta-feira, 13 de outubro de 2016

Comentário ao Evangelho do dia (10/10) por São Gregório de Nissa



c. 335-395), monge, bispo 
Homilia sobre o Cântico dos Cânticos (a partir da trad. de Migne 1992, p.40 rev.)


«Aqui está quem é maior do que Salomão!»

O texto do Cântico dos Cânticos de Salomão apresenta a alma como uma noiva, preparada para uma união incorpórea, espiritual e sem mancha com Deus. Aquele que «deseja que todos os homens se salvem e conheçam a verdade» (1Tim 2,4) expõe assim o meio mais completo, o feliz meio para alcançar a salvação, a saber, aquele que passa pelo amor. Há quem encontre a salvação no temor, evitando fazer o mal pela consideração dos castigos que nos ameaçam na geena. Há também quem leve uma vida de retidão e de virtude porque tem a esperança de receber o salário reservado àqueles que tiveram uma existência piedosa; estes agem, não por amor do bem, mas com a esperança de serem recompensados. 

Ora, para avançarmos na perfeição, temos de começar por expulsar da alma o temor; é uma atitude servil não estarmos vinculados ao Mestre apenas por amor. [...] Não amamos com todo o coração, com toda a alma e com todas as forças (Mc 12,30) um dos dons com os quais somos recompensados, mas Aquele que é a própria fonte destes bens. Assim deve ser a alma segundo a palavra de Salomão. [...] 

Julgas que evoco o Salomão, o filho de Bersabé, que no alto da montanha sacrificou mil bois e que, a conselho de sua mulher estrangeira, cometeu um pecado? Não. Estou a pensar noutro Salomão, naquele que também nasceu de David segundo a carne, e que tem por nome «paz» [pois o nome de Salomão significa «homem de paz»]. Esse é o verdadeiro Rei de Israel, o construtor do Templo de Deus, o detentor do conhecimento universal, Aquele cuja sabedoria é incomensurável - mais ainda, que é por essência sabedoria e verdade, cujo nome e cujo pensamento são perfeitamente divinos e sublimes. Ele serviu-Se de Salomão como de um instrumento; é Ele que, através da voz de Salomão, Se dirige a nós, primeiro nos Provérbios, depois no Eclesiastes, e depois no Cântico dos Cânticos, apresentando à nossa reflexão, com ordem e método, a forma de progredir com vista à perfeição.


Fonte: Evangelho Quotidiano

Comentário ao Evangelho do dia (09/10) por São Bruno de Segni



(c. 1045-1123), bispo 
Comentário sobre o Evangelho de Lucas, 2, 40; PL 165, 426-428


A fé que purifica

Que representam os dez leprosos, senão o conjunto dos pecadores? [...] Quando Cristo Nosso Senhor veio, todos os homens sofriam de lepra da alma, mesmo que nem todos estivessem fisicamente doentes. [...] Ora, a lepra da alma é bem pior que a do corpo. 

Mas vejamos a continuação: «Conservando-se a distância, disseram em alta voz: "Jesus, Mestre, tem compaixão de nós!"» Esses homens mantinham-se à distância porque não ousavam, tendo em conta o seu estado, avançar para mais perto dele. O mesmo se passa connosco: enquanto permanecemos nos nossos pecados, mantemo-nos afastados. Portanto, para recuperarmos a saúde e nos curarmos da lepra dos nossos pecados, supliquemos com voz forte e digamos: «Jesus, Mestre, tem compaixão de nós!» Esta súplica, no entanto, não deve vir da boca, mas do coração, porque o coração fala mais alto. A oração do coração penetra os céus e eleva-se até ao trono de Deus.

Fonte: Evangelho Quotidiano

Comentário ao Evangelho do dia (07/10) por São Boaventura



(1221-1274), franciscano, doutor da Igreja 
Vida de São Francisco, legenda maior, cap. 12


«Se é pelo Espírito de Deus que Eu expulso os demónios, então chegou até vós o Reino de Deus» (Mt 12,28)


Em todas as suas ações, Francisco foi auxiliado pelo Espírito do Senhor, de quem recebeu a unção e a missão (cf Is 61,1), e por «Cristo, virtude e sabedoria de Deus» (1Cor 1,24). [...] A sua palavra era um fogo ardente que penetrava até ao fundo dos corações e enchia de admiração todos quantos o ouviam, pois não exibia ornamentos inventados pela inteligência humana, mas espalhava o perfume das verdades reveladas por Deus. 

Este facto tornou-se bem percetível um dia em que, tendo de pregar na presença do Papa e dos seus cardeais [...], tinha memorizado um sermão cuidadosamente composto. [...] Mas, uma vez diante da assembleia, esqueceu-se completamente dele, não conseguindo recordar-se de uma única palavra. Confessou-o com humildade, recolheu-se para invocar a graça do Espírito Santo, e de imediato encontrou uma eloquência tão persuasiva, tão poderosa sobre a alma dos seus ilustres ouvintes, que se tornou bem claro que já não era ele quem falava, mas o Espírito do Senhor [...]. 

Não tinha por hábito afagar os vícios dos grandes, mas tratá-los com vigor; nem condescender com a vida dos pecadores, mas admoestá-los severamente. Censurava pequenos e grandes com a mesma firmeza de espírito, e tinha a mesma alegria em falar a pequenos grupos e a grandes multidões. Homens e mulheres, jovens e velhos, acorriam para ver e ouvir este homem novo enviado do Céu; ele percorria as várias regiões, anunciando com fervor o Evangelho; e «o Senhor cooperava, confirmando a palavra com os sinais que a acompanhavam» (Mc 16,20). De facto, em nome do Senhor, este arauto da verdade expulsava os demónios, e curava os enfermos (Mc 16,17; 6, 13).

Fonte: Evangelho Quotidiano

sexta-feira, 7 de outubro de 2016

O Poder do Santo Rosário

Nossa Senhora entregando o Santo Rosário ao Beato Alano de La Roche
"Toda graça que é comunicada a esta terra passa por três ordens sucessivas. De Deus é comunicada a Cristo, de Cristo à Virgem, e da Virgem a nós" (S. Bernardino de Sena, Sermo VI in Festis B. M. V., De Annunciatione, a. 1, c. 2).

São Luís Maria Grignion de Montfort (1673 –1716), grande apóstolo de Maria Santíssima, escreveu: “A Santíssima Virgem revelou ao Bem-aventurado Alain de la Roche que, depois do Santo Sacrifício da Missa, que é o primeiro e mais vivo memorial da Paixão de Jesus Cristo, não havia devoção mais excelente e meritória que o Rosário, que é como que um segundo memorial e representação da vida e da Paixão de Jesus Cristo”.

Assim sendo, depois da Santa Missa o Santo Rosário é a mais poderosa arma de eficácia comprovada contra Satanás e seus sequazes, que procuram perder as almas. É um meio de salvação dos mais poderosos e eficazes que nos foi oferecido pela Divina Providência. O Rosário soluciona inúmeros problemas, assegura a salvação eterna e antecipa a implantação no mundo do Reino do Imaculado Coração de Maria.

O Rosário, Instrumento de Salvação.

(Extraído do livro: A eficácia maravilhosa do Santo Rosário,
de São Luís Maria Grignion de Montfort)

A Santíssima Virgem revelou ao Beato Alano que, quando São Domingos pregou o Rosário, pecadores endurecidos foram tocados e choraram amargamente seus crimes, e até crianças fizeram penitências incríveis.

O fervor foi tão grande, por toda a parte onde ele pregava, que os pecadores mudaram de vida e edificaram todo o mundo por suas penitências.

Se vós sentis vossa consciência carregada de pecados, tomai o Rosário e rezai uma parte dele em honra de alguns dos mistérios da vida, da paixão ou da glória de Jesus Cristo.

Convencei-vos de que, enquanto estiverdes meditando e honrando esses mistérios, no céu Ele mostrará suas chagas sagradas ao Pai, tomará a vossa defesa e obterá a contrição e o perdão dos vossos pecados. Ele mesmo disse um dia ao Beato Alano: "Se esses míseros pecadores rezassem frequentemente o Rosário, participariam dos méritos da minha paixão e Eu, como seu advogado, aplacaria a Justiça divina".

Nossa vida é uma guerra e uma tentação contínuas, na qual não temos que combater inimigos de carne e de sangue, mas as próprias potências do inferno.

Armai-vos, pois, com a arma de Deus que é o santo Rosário. Esmagareis assim a cabeça do demônio e permanecereis inabaláveis diante de todas as suas tentações.

É por isso que o Rosário, ainda que considerado materialmente, é tão terrível ao demônio, e os Santos dele se serviram para expulsá-lo dos corpos de possessos, como testemunham muitas narrativas.

O Beato Alano atesta que livrou grande número de possessos colocando o Rosário em seu pescoço.
Santo Agostinho assegura que não há exercício mais frutuoso e mais útil para a salvação do que pensar frequentemente nos sofrimentos de Nosso Senhor.

Santo Alberto Magno, mestre de São Tomás, soube por revelação que a simples lembrança ou meditação da paixão de Jesus Cristo é mais meritória ao cristão do que jejuar a pão e água todas as sextas-feiras de um ano inteiro, ou tomar a disciplina até o sangue todas as semanas, ou recitar todos os dias os cento e cinqüenta Salmos.

O Padre Dorland conta que a Santíssima Virgem declarou ao venerável Domingos, cartuxo devoto do santo Rosário, que residia em Trèves no ano de 1481, que "todas as vezes que um fiel recita o Rosário com as meditações dos mistérios da vida e da paixão de Jesus Cristo em estado de graça, ele obtém plena e inteira remissão de todos os seus pecados".

Ao Beato Alano, Ela disse: "Grande quantidade de indulgências foram concedidas ao meu Rosário, mas fica sabendo que Eu acrescentarei ainda muitas mais, aos que rezarem o terço em estado de graça, de joelhos e devotamente. E a quem nas mesmas condições perseverar nessa devoção, Eu lhe obterei no fim da vida, como recompensa por esse bom serviço, a plena remissão da pena e da culpa de todos os seus pecados".

Fonte: Gloria.tv/ Derradeiras Graças

Comentário do Evangelho do dia (08/10) por São Bernardo



(1091-1153), monge cisterciense, doutor da Igreja 
Sermão 31 sobre o Cântico dos cânticos



«Feliz aquela que acreditou que teriam cumprimento as palavras que lhe foram ditas da parte do Senhor» (Lc 1,45)

Os homens da antiga aliança viviam sujeitos a um regime de símbolos. Para nós, pela graça de Cristo, presente na carne, resplandeceu a própria verdade. E contudo, por relação ao mundo futuro, vivemos ainda, de certa maneira, à sombra da verdade. Escreve o Apóstolo Paulo: «A nossa ciência é imperfeita e a nossa profecia também é imperfeita» (1Cor 13,9); e ainda: «Não que eu tenha já alcançado a meta» (Fil 3,13). Com efeito, não podemos deixar de distinguir aquele que caminha pela fé e aquele que se encontra já na visão clara. Assim, «o justo viverá da fé» (Hab 2,4; Rom 1,17), enquanto o bem-aventurado exulta na visão da verdade; agora, o homem são vive à sombra de Cristo [...]. E é boa, esta sombra da fé, que filtra a luz que cega os nossos olhos ainda mergulhados nas trevas, e os prepara para suportar a luz. Com efeito, está escrito que Deus «purificou os seus corações pela fé» (At 15,9). A fé não tem, pois, como efeito a extinção da luz, mas a sua conservação. Tudo aquilo que os anjos contemplam a descoberto é preservado para mim pela luz da fé, que o faz repousar no seu seio, a fim de o revelar no momento ideal. Não será preferível ela manter oculto aquilo que ainda não és capaz de captar sem véu? 

Aliás, a Mãe do Senhor também vivia na sombra da fé, uma vez que lhe disseram: «Feliz aquela que acreditou» (Lc 1,45); e, do corpo de Cristo, recebeu também uma sombra, segundo a mensagem do anjo: «A força do Altíssimo estenderá sobre ti a sua sombra» (Lc 1,35). Esta sombra nada tem, pois, de desprezível, uma vez que é projetada pela força do Altíssimo. Com efeito, a carne de Cristo tinha um poder que cobriu a Virgem com a sua sombra, a fim de que o filtro desse corpo vivificante lhe permitisse suportar a presença divina e sustentar o brilho da luz inacessível, o que seria impossível a uma mortal. Este poder iludiu todas as forças adversas; o poder desta sombra expulsou os demónios e protegeu os homens. Poder verdadeiramente vivificante e sombra verdadeiramente refrescante! Quanto a nós, é à sombra de Cristo que vivemos, pois caminhamos pela fé e recebemos a vida, sendo alimentados pela sua carne.


Fonte: Evangelho Quotidiano

quinta-feira, 6 de outubro de 2016

Comentário do Evangelho do dia (06/10) por São Macário (atribuído a ele)



(?-390), monge do Egipto 
Homilia n.º 16


«Quanto mais o Pai do Céu dará o Espírito Santo àqueles que Lho pedem!»»


Para conseguir o pão do corpo, o mendigo não se constrange em bater de porta em porta a pedi-lo; se não lho dão, avança um pouco e pede, ainda mais sem cerimónia, pão, roupas ou sandálias para consolo do corpo; se nada lhe derem, insiste e dali não sai, ainda que o expulsem. Nós, que procuramos receber o pão celeste e verdadeiro para nos fortificar a alma, que desejamos vestir as celestes roupas de luz e que aspiramos a calçar as imateriais sandálias do Espírito para refrigério da nossa alma imortal, muito mais devemos, incansável e resolutamente, com fé e amor, ter sempre paciência, bater à porta espiritual de Deus e pedir com perfeita constância para sermos considerados dignos da vida eterna. 

Por isso dizia o Senhor «uma parábola sobre a obrigação de orar sempre, sem desfalecer» (Lc 18,1), a que acrescentava estas palavras: quanta «justiça para com os que Lhe imploram noite e dia» (v. 6) terá então nosso Pai Celeste. E disse ainda, sobre o amigo: «Se ele não se levantar por ser amigo, ao menos, por causa da sua insistência, levantar-se-á para lhe dar tudo aquilo de que precisa». Acrescenta então: «Pedi e dar-se-vos-á; procurai e encontrareis; batei à porta e abrir-se-vos-á. Porque quem pede recebe; quem procura encontra; e a quem bate à porta, abrir-se-á». E prossegue: «Se vós, que sois maus, sabeis dar coisas boas aos vossos filhos, quanto mais o Pai do Céu dará o Espírito Santo àqueles que Lho pedem!» É por isso que o Senhor nos exorta a pedir sempre, incansável e tenazmente, a procurar e a bater à porta continuamente: porque Ele prometeu dar aos que pedem, procuram e batem, não aos que não pedem. É por Lhe rezarmos, Lhe suplicarmos e O amarmos que Ele quer dar-nos a vida eterna.


Fonte: Evangelho Quotidiano

quarta-feira, 5 de outubro de 2016

Comentário ao Evangelho do dia (05/10) por Santo Agostinho



Bispo de Hipona (norte de África), doutor da Igreja 
Sermão 80


«Ensina-nos a orar»


Acreditais, irmãos, que Deus ignora o que vos é necessário? Aquele que conhece a nossa aflição conhece antecipadamente os nossos desejos. Por isso, quando ensinava o Pai Nosso, o Senhor recomendou aos discípulos que fossem sóbrios nas palavras: «Nas vossas orações, não sejais como os gentios, que usam de vãs repetições, porque pensam que, por muito falarem, serão atendidos. Não façais como eles, porque o vosso Pai celeste sabe do que necessitais antes de vós Lho pedirdes» (Mt 6,7-8). Se o vosso Pai sabe o que vos é preciso, para quê dizê-lo, mesmo por poucas palavras? [...] Se o sabes, Senhor, será mesmo necessário pedir-To em oração? 

Ora, quem nos diz: «Não useis de vãs repetições» declara-nos noutro passo: «Pedi e recebereis»; e, para que não pensemos que o diz com leveza, acrescenta: «Procurai e encontrareis»; e, para que não pensemos que se trata de uma simples maneira de falar, vede como termina: «Batei, e hão-de abrir-vos» (Mt 7,7). Ele quer portanto que, para que possas receber, comeces por pedir, para que possas encontrar, te ponhas a procurar, para que possas entrar, não deixes, enfim, de bater à porta. [...] Porquê pedir em oração? Porquê procurar? Porquê bater? Porquê cansarmo-nos a pedir, a procurar, a bater, como se estivéssemos a instruir Aquele que tudo sabe já? E lemos inclusive, noutra passagem: «Disse-lhes uma parábola sobre a obrigação de orar sempre, sem desfalecer» (Lc 18,2). [...] Pois bem, para esclareceres este mistério, pede em oração, procura e bate à porta! Se Ele cobre com véus este mistério, é porque quer animar-te e levar-te a que procures e encontres tu próprio a explicação. Todos nós, todos, devemos animar-nos a orar.


Fonte: Evangelho Quotidiano

terça-feira, 4 de outubro de 2016

Elevação à Santíssima Trindade - Santa Elizabeth da Santíssima Trindade



Ó meu Deus, Trindade que adoro, ajudai-me a esquecer-me inteiramente de mim mesma para fixar-me em Vós, imóvel e pacífica, como se minha alma já estivesse na eternidade. Que nada possa perturbar-me a paz e nem me fazer sair de Vós, ó meu imutável, mas que em cada minuto eu me adentre mais na profundidade de Vosso Mistério. Pacificai minha alma, fazei dela o Vosso céu, Vossa morada preferida e o lugar de Vosso repouso. Que eu jamais Vos deixe só, mas aí esteja toda inteira, totalmente desperta em minha fé, toda em adoração, entregue inteiramente à Vossa Ação criadora.

Ó meu Cristo amado, crucificado por amor, quisera ser uma esposa para Vosso Coração, quisera cobrir-Vos de glória, amar-Vos... Até morrer de amor! Sinto, porém, minha impotência e peço-Vos revestir-me de Vós mesmo, identificar minha alma com todos os movimentos da Vossa, submergir-me, invadir-me, substituir-Vos a mim, para que minha vida seja uma verdadeira irradiação da Vossa. Vinde a mim como Adorador, como Reparador e como Salvador. Ó Verbo Eterno, Palavra de meu Deus, quero passar minha vida a escutar-Vos, quero ser de uma docilidade absoluta para tudo aprender de Vós. Depois, através de todas as noites, de todos vazios, de todas as impotências, quero ter sempre os olhos fixos em Vós e ficar sob Vossa grande luz; ó meu Astro amado, fascinai-me a fim de que não me seja mais possível sair de Vossa irradiação.

Ó Fogo devorador, Espírito de Amor, "vinde a mim" para que uma encarnação do Verbo; que eu seja para Ele uma humanidade de acréscimo na qual Ele renove todo o Seu Mistério. E Vós, ó Pai, inclinai-Vos sobre Vossa pobre e pequena criatura, cobri-a com Vossa sombra vendo só o Bem-Amado, no qual pusestes todas as Vossas complacências.

Ó meu Três, meu Tudo, minha Beatitude, Solidão infinita, Imensidade onde me perco, entrego-me a Vós qual uma presa. Sepultai-Vos em mim para que eu me sepulte em Vós, até que vá contemplar em Vossa luz o abismo de Vossas grandezas.


Santa Elisabeth da Santíssima Trindade, OCD

Fonte: Carmelo de São José - Campos dos Goytacazes

Comentário do Evangelho do dia (04/10) por Santo Aelredo de Rievaulx



(1110-1167), monge cisterciense 
Sermão para a Assunção

Marta e Maria


«Uma mulher chamada Marta recebeu-O em sua casa. Ela tinha uma irmã chamada Maria». Se o nosso coração é o lugar onde Cristo habita, é preciso que nele habitem estas duas mulheres: uma que se senta aos pés de Jesus para O escutar, outra que trata de O alimentar. Enquanto Cristo for, neste mundo, pobre, sujeito à fome, à sede, à tentação, será preciso que estas duas mulheres habitem a mesma casa, que no mesmo coração coexistam estas duas atividades. […] 

Assim, durante esta vida de labor e de misérias, é preciso que Marta habite em vossa casa. […] Enquanto precisarmos de comer e de beber, teremos também de dominar a nossa carne ou o nosso corpo pela vigília, pelo jejum e pelo trabalho.; é essa a parte que compete a Marta. Mas é preciso que em nós esteja também presente Maria, a ação espiritual. Porque não temos de nos dedicar constantemente aos exercícios corporais; temos também de repousar e saborear como é suave o Senhor, sentando-nos para isso aos pés de Jesus e escutar a sua Palavra. 

Amigos, não negligencieis Maria por Marta, nem Marta por Maria! Se negligenciais Marta, quem servirá Jesus? Se negligenciais Maria, de que vos servirá a visita de Jesus, uma vez que não Lhe saboreais a doçura?

Fonte: Evangelho Quotidiano

segunda-feira, 3 de outubro de 2016

A consagração a Maria e a Comunhão


Conheça o modo próprio do consagrado a Virgem Maria viver esta devoção na santa comunhão.


São Luís Maria Grignion de Montfort, ensina como os consagrados a Nossa Senhora devem participar da comunhão eucarística, no final do seu extraordinário livro “Tratado da Verdadeira Devoção a Santíssima Virgem”. Apesar deste ser o último tema do Livro, não é o menos importante. Ao contrário, o grande Santo nos fala da comunhão separadamente das práticas interiores e exteriores justamente por causa da sua importância na santa escravidão a Jesus Cristo pelas mãos da Virgem Maria. Podemos dizer que esta última parte do Tratado é um coroamento da devoção que São Luís Maria nos ensinou. Não poderia ser diferente, pois participar bem da Santa Missa, principalmente da comunhão, recebendo o Corpo e o Sangue de Jesus Cristo devotamente, em estado de graça e com um coração bem disposto, faz toda a diferença para o crescimento na vida espiritual.

A participação no sacrifício eucarístico de Jesus Cristo é a fonte e o centro de toda a vida cristã. Mais ainda, a Eucaristia é o ápice, o ponto mais alto, do mistério de nossa comunhão com Cristo e, n’Ele, com o Pai e com o Espírito Santo. Sendo assim, para participar bem do momento mais sublime e elevado de nossa fé, que é a Eucaristia, uma boa preparação é necessária. São Luís Maria sabia muito bem disso, tanto que, como grande pedagogo que é, de forma extraordinária, nos ensina não somente a nos preparar bem para receber a comunhão, mas também a comungar devotamente e a viver bem o momento de ação de graças.


A devoção a Virgem Maria antes da comunhão


A preparação para a comunhão começa antes mesmo da celebração da Santa Missa, ou da Palavra com comunhão, com o jejum eucarístico de pelo menos de uma hora antes – que tem como finalidade não somente de abster-nos de comida e de bebida, mas principalmente de despertar em nós “fome” e “sede” de Deus – e a busca do silêncio e do recolhimento interior. Além disso, as práticas seguintes, ensinadas por São Luís Maria para antes da comunhão, podem ser feitas durante a celebração, mas é muito salutar se forem vividas antes, ainda que num breve momento de meditação e oração. De qualquer forma, nesta preparação para a comunhão, devemos:

1º – Humilhar-nos profundamente diante de Deus;

2º – Renunciar ao nosso fundo mau, todo corrompido, e às nossas más disposições, embora o nosso amor próprio as faça parecer boas;

3º – Renovar a nossa consagração dizendo: “’Todo Vosso sou, ó querida Mãe, e tudo o que tenho é Vosso!‘ (Tuus totus ego sum, et omnia mea tua sunt!)”;

4º – Suplicar a Virgem Maria que nos empreste o seu Coração de Mãe, para nele receber seu Filho com as disposições dela. Pois, a glória de seu Filho exige que não seja recebido num coração tão manchado e tão inconstante como o nosso. Se recebermos o Senhor em nosso coração, este não demorará em fazer-nos perdê-Lo, ou em privar-nos da Sua glória. Mas, se Nossa Senhora quiser vir habitar em nosso coração para receber seu Filho, poderá fazê-lo pelo domínio que tem sobre os corações. Dessa forma, seu Filho será bem recebido, sem mancha nem perigo de ser ultrajado ou perdido. Então, digamos confiantemente a Mãe de Deus que tudo o que lhe oferecemos dos nossos bens é bem pouca coisa para honrá-la. Por isso, desejamos dar-lhe, pela santa comunhão, o mesmo presente que o Pai Eterno lhe deu: seu Filho Jesus Cristo. Deste modo, a Virgem Maria será mais honrada do que se lhe oferecêssemos todos os bens do mundo. Podemos dizer a Virgem de Nazaré que seu Filho Jesus a ama muito particularmente, e que ainda quer ter nela as suas alegrias e o seu repouso, mesmo que agora seja em nossa alma, mais suja e pobre que o estábulo, onde Jesus não pôs dificuldades em vir, porque ela lá estava. Enfim, peçamos a Nossa Senhora o seu Coração, com estas ternas palavras: “Tomo-Vos como toda a minha riqueza. Dai-me o Vosso Coração, ó Maria!”.


Cardeal Joseph Ratzinger e Papa São João Paulo II


A devoção a Santíssima Virgem durante a comunhão


Segundo a devoção ensinada por São Luís Maria, quando se aproximar o momento sublime de receber Jesus Cristo, depois do “Pai-Nosso”, diremos três vezes: “Senhor, eu não sou digno de que entreis em minha morada, mas dizei uma só palavra e serei salvo!”, cada uma delas por uma pessoa da Santíssima Trindade:

1ª – A primeira vez será para dizer ao Pai Eterno que não somos dignos de receber seu Filho Unigênito, por causa dos nossos maus pensamentos e ingratidões para com um Pai tão bom. Mas eis que Maria, a Serva do Senhor, está conosco, representa-nos e dá-nos confiança e esperança singulares junto da Divina Majestade;

2ª – A segunda vez, diremos ao Filho que não somos dignos de recebê-Lo por causa das nossas inúteis e más palavras, por causa da nossa infidelidade ao Seu serviço. Suplicaremos a Jesus que tenha piedade de nós, porque O introduziremos na casa da sua própria Mãe e nossa. Diremos que não O deixaremos partir sem que venha morar na casa de Maria: “Detive-o e não o deixarei até o introduzir na casa de minha Mãe e no quarto daquela que me gerou”. Pediremos a Cristo que se levante e venha descansar no lugar do seu repouso, na arca da sua santificação: “Levantai-Vos, Senhor, entrai no Vosso repouso, tu e a arca da tua santidade”. Não colocaremos nenhuma confiança nos nossos méritos, em nossas forças e na nossa preparação, como Esaú, mas nas mãos de Maria, nossa querida Mãe, como o jovem Jacó se colocou aos cuidados de Rebeca. Embora pecador e Esaú que somos, ousamos aproximar-nos da santidade do Filho de Deus apoiados e revestidos dos méritos e virtudes de sua Santa Mãe;

3ª – Na terceira vez, diremos ao Espírito Santo que não somos dignos de receber a obra-prima da sua caridade, por causa da tibieza e iniquidade das nossas ações e das nossas resistências às suas inspirações, mas que toda a nossa confiança está em Maria, sua Fiel Esposa. Com São Bernardo, exclamaremos: “Ela é a minha grande confiança, é toda a razão da minha esperança!” Neste momento, podemos pedir ao Espírito de Deus que venha mais uma vez a Virgem Maria, sua esposa inseparável; que seu seio é tão puro e seu Coração tão abrasado como sempre; e que sem que Ele desça à nossa alma, Jesus e Maria nela não poderão ser bem acolhidos, nem bem formados.



A devoção a Nossa Senhora depois da comunhão

Depois da santa comunhão, interiormente recolhidos, com os olhos fechados, introduziremos espiritualmente Jesus Cristo no Coração de Maria. Nós O daremos “à sua Mãe, que O receberá amorosamente, O instalará honorificamente, O adorará profundamente, O amará perfeitamente, O abraçará com amor e Lhe tributará, em espírito e verdade, várias homenagens que nos são desconhecidas, a nós, envoltos nessas densas trevas”. Ou então, permaneceremos profundamente humilhados em nosso coração, na presença de Jesus fazendo sua morada em Maria. Ou ficaremos como um escravo à porta do palácio do Rei, onde Ele está a falar com a Rainha e, enquanto Eles falam, sem precisar de nós, iremos em espírito ao Céu e pela Terra inteira para pedir a todas as criaturas que agradeçam, adorem e amem Jesus em Maria, por nós. “Vinde, adoremos, vinde!”. Ou então, nós mesmos pediremos a Jesus, em união com Maria, a vinda do seu Reino sobre a Terra, por intermédio de sua Santa Mãe. Ou pediremos a Sabedoria Divina, ou o Amor Divino, ou o perdão dos nossos pecados, ou qualquer outra graça, mas sempre por Maria e em Maria. Então diremos, considerando-nos com desconfiança: Senhor, não olheis para os nossos pecados, mas que os Vossos olhos só vejam em nós as virtudes e os méritos de Maria. E, recordando-nos dos nossos pecados, acrescentaremos: “Foi o inimigo que fez isto!”. Pois, nós mesmos somos o maior inimigo com quem temos que lutar; fomos nós que cometemos estes pecados. Ou então: Livrai-nos, Senhor, do homem perverso e mentiroso, que somos nós mesmos. Podemos dizer ainda: meu Jesus, é necessário que vós cresçais na minha alma e que nós diminuamos. Ó Maria, é necessário que cresçais em nós, e que sejamos menores do que nunca! “Crescei e multiplicai-vos”: ó Jesus e Maria, crescei em nós, e multiplicai-Vos fora de nós nos outros.


O segredo de Maria na comunhão eucarística


Assim, o Espírito Santo nos inspirará uma infinidade de pensamentos, se formos interiores, mortificados e fiéis a esta grande e sublime devoção ensinada por São Luís Maria. Não tenhamos medo de clamar a presença de Nossa Senhora antes de receber Jesus Cristo na comunhão. Recordemos que, quanto mais deixarmos agir Maria na nossa comunhão, mais Jesus será glorificado. Além disso, tanto mais deixaremos agir Maria por Jesus e Jesus em Maria, quanto mais profundamente nos humilharmos e os escutarmos em paz e silêncio, sem procurar ver, gostar ou sentir. “Pois o justo vive, em tudo, da Fé, e particularmente na Sagrada Comunhão, que é um ato de fé: ‘O meu justo viverá da Fé!’”. Neste ato de fé, está o segredo para viver bem a comunhão e deixar que Jesus e Maria realizem a obra da Santíssima Trindade em nós. Na comunhão, não devemos buscar visões, consolações ou sensações, senão permaneceremos no exterior e praticamente impediremos a ação de Deus. Pois, é em nosso interior, no mais profundo de nossas almas, que Jesus e Maria realizam as maiores maravilhas da graça. Que Nossa Senhora nos ajude a acolher Jesus Cristo, a Palavra de Deus que se fez carne, em nosso interior, no mais íntimo do nosso coração. Ó Virgem Maria, Mãe de Deus, rogai por nós!


Natalino Ueda - Blog Todo de Maria 

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Referências:


1 Cf. CONCÍLIO VATICANO II. Constituição Dogmática Lumen Gentium, 11.


2 Cf. PAPA JOÃO PAULO II. Carta Encíclica Ecclesia de Eucharistia, 22.


3 Cf. PAPA JOÃO PAULO II. Código de Direito Canônico, Cânon 919 — § 1. Quem vai receber a santíssima Eucaristia, abstenha-se, pelo espaço de ao menos uma hora antes da sagrada comunhão, de qualquer comida ou bebida, exceto água ou remédios.


4 TVD 266.


5 Cf. Lc 2, 7.


6 TVD 266.


7 Idem, 267.


8 Cf. Sl 4, 10.


9 Ct 3, 4.


10 Sl 131, 8.


11 Cf. Gn 27, 1-29.


12 TVD 269.


13 Idem, 270.


14 Sl 94, 6.


15 Mt 13, 28.


16 Cf. Sl 42, 1.


17 Cf. Jo 3, 30.


18 Gn 1, 28.


19 TVD 273. Cf. Hb 10, 38.


20 Cf. Jo 1, 14.


21 Cf. Lc 2, 19.51;
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