sexta-feira, 30 de novembro de 2012

Comentário ao Evangelho do dia (30/11) feito por Basílio de Selêucia

Sermão em louvor de Santo André, 2-3; PG 28, 1103; atrib. a Santo Atanásio


O primeiro discípulo do Senhor

André foi o primeiro dos apóstolos a reconhecer o Senhor como seu mestre [...]; deixou o ensinamento de João Baptista para frequentar a escola de Cristo. [...] À luz da lâmpada (Jo 5,35), procurava a luz verdadeira; sob o seu brilho incerto, acostumou-se ao esplendor de Cristo. [...] De mestre que era, João Baptista tornou-se servo e arauto de Cristo, presente diante dele: «Eis o Cordeiro de Deus que tira o pecado do mundo» (Jo 1:29). Aqui está Aquele que livra da morte; aqui está Aquele que destrói o pecado. Eu não fui enviado como esposo, mas como aquele que o acompanha (Jo 3,29). Eu vim como servo e não como senhor.


Tocado por estas palavras, André deixa o seu antigo mestre e precipita-se para Quem ele anunciava. [...] Precipita-se para o Senhor, o seu desejo é evidente no seu empenho [...], e traz consigo o evangelista João; os dois deixam a lâmpada para avançarem em direcção ao Sol. André é a primeira planta do jardim dos apóstolos, é ele que abre a porta ao ensinamento de Cristo, é ele o primeiro a colher os frutos do campo cultivado pelos profetas. [...] Ele foi o primeiro a reconhecer Aquele de quem Moisés disse: «O Senhor teu Deus suscitará em teu favor um profeta saído das tuas fileiras, um dos teus irmãos, como eu: é a ele que escutarás» (Dt 18,15). [...] André reconheceu Aquele que os profetas anunciaram, e levou até Ele seu irmão Pedro. Mostrou a Pedro o tesouro que este ainda não conhecia: «Encontrámos o Messias» (Jo 1,41), Aquele que desejávamos. Esperávamos a Sua vinda: vem agora desfrutar da Sua presença. [...] André levou seu irmão a Cristo [...]; foi o seu primeiro milagre.

Créditos: Evangelho Quotidiano

quinta-feira, 29 de novembro de 2012

Comentário ao Evangelho do dia (29/11) feito por Santo Agostinho

Bispo de Hipona (Norte de África), Doutor da Igreja - (354-430),
Discurso sobre o Salmo 95

                                  «Erguei-vos e levantai a cabeça, porque aproxima-se
                                                            a vossa redenção»

«Então, todas as árvores da floresta saltarão de alegria diante do Senhor, porque Ele vem para julgar a terra» (Sl 95,12-13). O Senhor veio da primeira vez e virá de novo. Veio da primeira vez «sobre as nuvens» (Mt 26,64), na Sua Igreja. Que nuvens O trouxeram? Os apóstolos, os pregadores. [...] Veio da primeira vez trazido pelos Seus pregadores e encheu toda a terra. Não oponhamos resistência à Sua primeira vinda, se não queremos temer a segunda [...]

Que deve pois fazer o cristão? Aproveitar este mundo mas não o servir. Em que consiste tal atitude? Em «possuir como se não se possuísse». É o que diz S. Paulo: «Irmãos, o tempo é breve. [...] Desde já, aqueles que choram seja como se não chorassem, os que são felizes, como se o não fossem, os que compram, como se nada possuíssem, os que tiram proveito deste mundo, como se não se aproveitassem dele. Porque este mundo, tal como o vemos, vai passar. Quereria ver-vos livres de toda a preocupação» (1Co 7,29-32). Quem está livre de toda a preocupação espera com segurança a vinda do seu Senhor. Será que se ama o Senhor quando se receia a Sua vinda? Meus irmãos, não nos envergonhamos disso? Amamo-Lo e receamos a Sua vinda? Amamo-Lo verdadeiramente ou amamos mais os nossos pecados? Odiemos pois os nossos pecados e amemos Aquele que há-de vir. [...]

«Todas as árvores da floresta saltarão de alegria diante do Senhor, porque Ele vem» da primeira vez [...] «Todas as árvores da floresta saltarão de alegria diante do Senhor, porque Ele vem» para julgar a terra, Então, encontrará cheios de alegria, «porque Ele vem», todos os que tiverem acreditado na Sua primeira vinda.

Créditos: Evangelho Quotidiano

quarta-feira, 28 de novembro de 2012

Comentário ao Evangelho do dia (28/11) feito por Santo Ambrósio

Bispo de Milão, Doutor da Igreja - (c. 340-397)
10º Sermão sobre o Salmo 118

«Não se perderá um só cabelo da vossa cabeça»

Em que é que os julgamentos de Deus são justos? No sentido em que é pelo esforço e pelas dificuldades que chegamos à recompensa do céu. Assim como, pelo julgamento dos homens, é atribuída a coroa de um prémio aos atletas que lutam, assim também a palma da vitória é concedida pelo juízo de Deus aos cristãos que combatem (cf 1 Cor 9,25). «Ao que vencer, farei que se sente Comigo no meu trono» diz o Senhor (Ap 3,21).

Tal como a prata se purifica pelo fogo, assim também a nossa vida é provada pelo fogo, a fim que a força da nossa virtude se manifeste nos combates. [...] Na verdade, fazemos alguma coisa de especial louvando a Deus no bem-estar, quando nada de desagradável nos perturba? O que é admirável é louvares o juízo de Deus no meio de dificuldades e aflições, não te revoltares nas privações, não permitires que estas te impeçam de louvar a Sua justiça. Quanto maior for a provação, maior o consolo que te está reservado. No entanto, para não caíres, quanto mais estiveres exposto às rudes dificuldades, mais deverás rezar ao Verbo de Deus para que te dê forças.
Créditos: Evangelho Quotidiano

terça-feira, 27 de novembro de 2012

Comentário ao Evangelho do dia (27/11) feito por Santa Teresa Benedita da Cruz

Carmelita, mártir, co-padroeira da Europa
A oração da Igreja

        «Louvai a Deus no Seu santuário. [...] Tudo o que respira louve o Senhor!» (Sl 150, 1;6)
Já na Antiga Aliança havia uma certa compreensão do carácter eucarístico da oração. A prodigiosa construção da Tenda da Aliança (cf Ex 25ss), tal como mais tarde a do Templo de Salomão (cf 1Rs 5-6), é imagem de toda a Criação agrupando-se em torno do seu Senhor para O adorar e servir. [...] Da mesma forma que, segundo a narração da Criação, o céu foi desdobrado como um toldo (cf Sl 104 [103],2), assim também a Tenda foi constituída por painéis de tecido; do mesmo modo que as águas que estavam sob o firmamento foram separadas das que estavam por cima (cf. Gn 1,7), assim também o véu do Templo separava o Santo dos Santos dos espaços envolventes. [...] O candelabro de sete braços era igualmente símbolo dos luzeiros do céu, tal como cordeiros e pássaros representavam a abundância de seres vivos que habitam as águas, os solos e os ares. E do mesmo modo que a terra foi confiada ao homem (cf Gn 1, 28), cabia ao Sumo Sacerdote permanecer no Santuário (Lv 21,10ss). [...]


Em lugar do Templo de Salomão, Cristo edificou um templo de pedras vivas (cf 1Pe 2,5), a comunhão dos santos, no centro do qual Ele permanece como Sumo Sacerdote eterno e sobre cujo altar é Ele próprio o sacrifício oferecido eternamente. E desta liturgia é participante toda a Criação: os frutos da terra, a ela associados em misteriosa oferenda, assim como as flores, as lâmpadas, as tapeçarias e o reposteiro do templo, o sacerdote consagrado, a unção e a bênção da casa de Deus.


Nem sequer os querubins estão ausentes, eles cujas figuras esculpidas montavam guarda ao Santo dos Santos: agora são os monges que, semelhantes aos anjos, não cessam de louvar a Deus dia e noite, na terra como no céu. [...] Os seus cânticos de louvor convidam desde a aurora toda a Criação a enaltecer em uníssono o Senhor: montanhas e colinas, rios e cursos de água, mares e terra firme e tudo o que aí habita, nuvens e ventos, chuva e neve, todos os povos da terra, homens de todas as raças e condições, habitantes do Céu, todos os Santos e Anjos de Deus (cf Dn 3, 57-90). [...] Devemos associar-nos, na nossa liturgia, a este louvor eterno de Deus. Nós, quem? Não apenas os religiosos regulares [...], mas todo o povo cristão.

Créditos: Evangelho Quotidiano

segunda-feira, 26 de novembro de 2012

Santo Afonso - Meditação: Do pecado mortal



Sto Afonso Maria de Ligório
Considera como, sendo tu criado por Deus para amar, com ingratidão infernal te rebelastes contra ele, trataste-o como inimigo, desprezastes a sua graça e a sua amizade. Sabias que lhe davas um grande desgosto com a aquele pecado, e ainda assim o cometestes. Quem peca, que faz? Volta as costas a Deus, perde-lhe o respeito, levanta a mão para dar-lhe uma bofetada, aflige o coração de Deus: Et afflixerunt Spiritum Sanctum eius. Quem peca diz a Deus com suas obras: afasta-te de mim, não quero obedecer, não quero servir-te, não quero reconhecer-te por meu Senhor, não quero ter-te por meu Deus: o meu deus é este prazer, este interesse, esta vingança.
Assim o disssestes no teu coração, quando preferistes a criatura ao teu Deus. Santa Maria Madalena Pazzi não podia compreender como um cristão, a olhos abertos, pudesse cometer um pecado mortal. E tu, que nisto meditas, que dizes…? Quantos pecados, tens tu cometido…? Meu Deus perdoai-me, tende piedade de mim. Ofendi-vos, Bondade Infinita: agora odeio os meus pecados, amo-vos, e arrependo-me de vos ter ofendido tanto, ó meu Deus, que sois digno de infinito amor.
Considera como Deus te dizia, quando pecavas: Filho, eu sou o Deus que te criei do nada e que te resgatei com o meu sangue; proíbo-te de cometeres este pecado sob pena de te separares da minha graça. Porém tu, pecando, dissestes a Deus, Senhor quero satisfazer este gosto e não me importa desagradar-vos e perder a vossa graça. Dixisti: non serviam. Ah, meu Deus, e eu tenho feito isto tantas vezes! Como me tendes suportado? Quem me dera ter antes morrido do que vos ter ofendido! Eu não quero mais desgostar-vos; quero amar-vos, ó Bondade infinita. Concedei-me o dom da perseverança e vosso santo amor.
Considera como Deus, segundo os seus imperscrutáveis decretos, não costuma suportar em todos um igual número de pecados, nas a uns tolera mais, a outros menos, e quando está cheia aquela medida, lança mão de terribilíssimos castigos. E, com efeito, tantas vezes sucede vir a morte tão improvisamente, que o pecador não tem tempo de se preparar! Quantos morrem na própria ocasião de pecado! Quantas vezes uma pessoa se deitou no leito com boa saúde, e de manhã apareceu um frio cadáver! Quantos outros, à força de cometerem pecados sobre pecados, de tal modo se cegaram e endureceram, que, tendo todos os meios para se prepararem para uma boa morte, não querem se aproveitar deles, e morrem impenitentes! Enquanto o pecador vive, pode, se o quer deveras, converter-se com o divino auxílio; porém muitas vezes os pecados o tornam tão obstinados, que não desperta nem sequer na hora da morte. E assim se têm perdido tantos… E estes também esperavam que Deus lhes perdoasse, mas veio a morte, e condenaram-se… Teme que te aconteça o mesmo. Não merece misericórdia aquele que quer servir-se da bondade de Deus para ofendê-lo. Depois de tantos e tão graves pecados que Deus te perdoou, deves ter bem fundado temor de que te não perdoe qualquer outro pecado mortal que cometas.
Dá-lhe graças de te ter esperado até agora, e toma neste ponto uma resolução de antes morrer do que cometer outro pecado. De hoje em diante repetirás sempre: Senhor, bastam as ofensas que tenho cometido até agora. A vida que me resta não quero passá-la a ofender-vos; não, que vós não o mereceis; quero passá-la só a amar-vos e a chorar as ofensas que tenho feito. Arrependo-me de todo o meu coração. Meu Jesus, quero amar-vos, daí-me força; Maria, minha Mãe, ajudai-me.
Fruto:
Medita sobre estas palavras: sempre, nunca, eternidade.
O inferno dura sempre, a eternidade não acaba nunca. Toma um punhado de cinzas ou de areia lá contigo: Quando tiveres passado tantos milhões de séculos quantos são estes pequeninos grãos, não terá passado da eternidade um só momento. Quando puderes, considera, que grande mal seria este ou aquele trabalho, se não acabasse nunca, e não há dúvida que as penas do inferno nunca acabarão. Considera bem isto.
Fonte: Deus Lo Vult

quinta-feira, 22 de novembro de 2012

Comentário ao Evangelho do dia feito por Santo Isaac, o Sírio

Monge em Nínive, perto de Mossul
Discurso ascético, 1 ª Série, n º 60


Chorando com Cristo

Não desprezes o pecador, porque todos nós somos culpados. Se por amor a Deus pensas em insurgir-te contra ele, em vez disso chora por ele. Por que o desprezas? Despreza os seus pecados, e reza por ele, para fazeres como Cristo, que não Se irritou contra os pecadores, mas rezou por eles (cf Lc 23,34). Não viste como Ele chorou sobre Jerusalém? Porque também nós, mais do que uma vez, fomos joguetes do demónio. Por quê desprezar alguém que foi, como nós, joguete do diabo que troça de todos nós? Por que desprezas o pecador, tu, que não passas de um homem? Porque ele não é justo como tu? Mas onde está a tua justiça, uma vez que não tens amor? Por que não choras por ele? Em vez disso, persegue-lo. É por ignorância que alguns se irritam contra os outros, eles que acreditam ter o discernimento das obras dos pecadores.


Créditos: Evangelho Quotidiano

terça-feira, 20 de novembro de 2012

Comentário ao Evangelho do dia (20/11) feito por São Gregório de Narek

Monge e poeta arménio - (c. 944-c. 1010),
Jesus, Filho único do Pai, 668-673; SC 203

«Desce depressa»

Não me ergui desta terra miserável,
Como Zaqueu, o publicano,
Montado em alta árvore de sabedoria
Para Te contemplar na Tua divindade.

A pequena estatura do homem espiritual que há em mim
Não cresceu por boas obras:
Ao contrário, foi sempre diminuindo
Até me fazer voltar a beber leite, como criança (cf 1Co 3,2).

Pegando às avessas na parábola,
Direi que subi à árvore da sensualidade
Por amor às coisas de agradável gosto deste mundo,
Tal outro Zaqueu montado em diversa figueira.

Com Tuas poderosas palavras,
Faz-me daí descer depressa, como fizeste a ele;
Vem-Te abrigar na casa da minha alma,
E, conTigo, o Pai e o Santo Espírito.

Faz que este corpo que tanto mal causou à minh'alma
Lhe dê o quádruplo em serviço
E metade de seus bens
A este meu empobrecido livre arbítrio.

A fim de que, segundo as palavras de salvação que dirigiste a Zaqueu,
Também eu seja digno de ouvir a Tua voz,
Pois também eu sou filho de Abraão,
E sigo a fé do nosso patriarca.
 
Créditos: Evangelho Quotidiano

sábado, 17 de novembro de 2012

Comentário ao Evangelho do dia (17/11) feito por Beata Teresa de Calcutá

Fundadora das Irmãs Missionárias da Caridade - (1910-1997)
«No Greater Love», c. 1
«Orai sempre»

Somente através da meditação e da leitura espiritual podemos cultivar o dom da oração. A oração mental cresce simultaneamente com a simplicidade, ou seja, o esquecimento de si próprio, a superação do corpo e dos sentidos, e a renovação das aspirações que alimentam a nossa oração. É, como diz São João Maria Vianney, «fechar os olhos, fechar a boca e abrir o coração». Na oração vocal somos nós que falamos com Deus; na oração mental, é Ele que nos fala. É neste momento que Ele se derrama em nós.

A nossa oração deve ser feita de palavras quentes, nascidas da fornalha do nosso coração cheio de amor. Nas tuas orações, dirige-te a Deus com grande reverência e confiança. Não te atrases nem te precipites, não grites, nem te entregues ao mutismo, mas com devoção, com grande delicadeza, com toda a simplicidade, sem qualquer afectação, oferece o teu louvor a Deus com todo o teu coração e com toda a tua alma.

Finalmente, deixa que o amor de Deus possua inteira e absolutamente o teu coração e deixa esse amor tornar-se no teu coração uma segunda natureza; não permitas que o teu coração seja penetrado do que lhe é contrário; deixa-o aplicar-se continuamente ao crescimento deste amor, procurando agradar a Deus em todas as coisas, não Lhe recusando nada; deixa-o aceitar tudo o que lhe acontece como vindo das mãos de Deus; faz com que esteja firmemente determinado a jamais cometer qualquer ofensa deliberada ou conscientemente - ou, se não, deixa-o humilhar-se e aprender a erguer-se logo a seguir. Então, esse coração estará continuamente em oração. 

Créditos: Evangelho Quotidiano

quinta-feira, 15 de novembro de 2012

Comentário ao Evangelho do dia (15/11) feito por Imitação de Cristo

Tratado espiritual do século XV - II Parte, cap. 1, 1-2
«
O Reino de Deus está entre vós»

«O Reino de Deus está dentro de vós» (Lc 17,21), diz o Senhor. Volta-te com todo o teu coração para o Senhor e deixa este mundo miserável; e a tua alma achará repouso. Aprende a desprezar as coisas exteriores e a entregar-te às interiores, e verás chegar para ti o Reino de Deus. Na verdade, «o Reino de Deus é a paz e a alegria do Espírito Santo» (Rom 14,17), que não é dado aos ímpios. Cristo virá junto de ti, mostrando-te a Sua consolação, se Lhe tiveres preparado interiormente uma morada digna. Toda a Sua glória e beleza são de dentro, e é aí que Se compraz. Ele visita frequentemente o homem recolhido, e a Sua conversa é doce, a Sua consolação agradável, a Sua paz imensa, o Seu convívio admirável.

Vai, alma fiel, prepara o teu coração para este Esposo, para que Se digne vir a ti e em ti habitar. Na verdade, Ele diz assim: «Se alguém Me ama, ouvirá a Minha palavra; e viremos a ele e nele faremos morada» (Jo 14,23). 

Créditos: Evangelho Quotidiano

quarta-feira, 14 de novembro de 2012

Primeiro Sonho de São João Bosco





Na idade de 9 anos tive um sonho, que me ficou profundamente impresso na mente por toda a vida. Pareceu-me estar perto de casa. Numa área bastante espaçosa onde uma multidão de meninos estava a brincar. Alguns riam, outros divertiam-se, não poucos blasfemavam. Ao ouvir as blasfêmias, lancei-me de pronto no meio deles, tentando, com socos e palavras, fazê-los calar.
Neste momento apareceu um homem venerando, de aspecto varonil, nobremente vestido. Um manto branco cobria-lhe o corpo; seu rosto, porém, era tão luminoso que eu não conseguia fitá-lo. Chamou-me pelo nome e mandou que me pusesse à frente daqueles meninos, acrescentando estas palavras:
Não é com pancadas, mas com a mansidão e a caridade que deverás ganhar esses teus amigos. Põe-te imediatamente a instruí-los sobre a fealdade do pecado e a preciosidade da virtude.
Confuso e assustado, repliquei que eu era um menino pobre e ignorante, incapaz de lhes falar de religião. Senão quando aqueles meninos, parando de brigar, de gritar e blasfemar, juntaram-se ao redor do personagem que estava a falar.
Quase sem saber o que dizer, acrescentei:
- Quem sois vós que me ordenais coisas impossíveis?
Justamente porque te parecem impossíveis, deves torná-las possíveis com a obediência e a aquisição da ciência.
- Onde, com que meios poderei adquirir a ciência?
- Eu te darei a mestra, sob cuja orientação poderás tornar-te sábio, e sem a qual toda sabedoria se converte em estultície.
- Mas quem sois vós que assim falais?
- Sou o filho daquela que tua mãe te ensinou a saudar três vezes ao dia.
- Minha mãe diz que sem sua licença não devo estar com gente que não conheço; dizei-me, pois, vosso nome.
Pergunta-o à minha mãe




Nesse momento vi ao seu lado uma senhora de aspecto majestoso, vestida de um manto todo resplandecente, como se cada uma de suas partes fosse fulgidíssima estrela. Percebendo-me cada vez mais confuso em minhas perguntas e respostas, acenou para que me aproximasse e, tomando-me com bondade pela mão, disse:
2
- Olha.
Vi então que todos os meninos haviam fugido, e em lugar deles estava uma multidão de cabritos, cães, gatos, ursos, e outros animais.
Eis o teu campo, onde deves trabalhar. Torna-te humilde, forte, robusto; e o que agora vês a esses animais, deves fazê-los aos meus filhos.
Tornei então a olhar, e em vez de animais ferozes apareceram mansos cordeiros que, saltitando e balindo, corriam ao redor daquele homem e daquela senhora, como a fazer-lhes festa.
Neste ponto, sempre no sonho, desatei a chorar, e pedi que falassem de maneira que eu pudesse compreender, porque não sabia o que significava tudo aquilo. A senhora descansou a mão em minha cabeça dizendo:
A seu tempo tudo compreenderás.
Após essas palavras, um ruído qualquer me acordou, e tudo desapareceu.
Permaneci atônito. Parecia que minhas mãos doíam devido aos socos que tinha dado, que minha face doía pelos socos recebidos. Aquele personagem, aquela senhora, as coisas ditas e ouvidas, me ocuparam de tal forma a mente que não consegui retomar o sono aquela noite."
P. João Bosco


Retirado da página: http://www.sdb.org/sdbweb/index.asp?Lingua=5&MySez=10&MySotsez=6&MyDetSotSez=2&FileCentro=_5_10_6_2_.htm

Comentário ao Evangelho do dia (14/11) feito por São Bruno de Segni

Comentário sobre o Evangelho de Lucas, 2, 40; PL 165, 428

Purificados da lepra do pecado

«Enquanto iam a caminho ficaram purificados.» É preciso que os pecadores ouçam estas palavras e façam um esforço para as compreender. É fácil ao Senhor perdoar os pecados. Com efeito, o pecador é muitas vezes perdoado antes de ir ter com o sacerdote. Na realidade, fica curado no próprio momento em que se arrepende; qualquer que seja o momento em que se converte, passa da morte para a vida. [...] Que se lembre, porém, de que conversão se trata. E que escute o que diz o Senhor: «Mas agora, ainda, convertei-vos a Mim de todo o vosso coração, com jejuns, com lágrimas e com gemidos. Rasgai os vossos corações e não as vossas vestes.» (Jl 2,12ss) Qualquer conversão deve, portanto, efectuar-se no coração.

«Um deles, vendo-se curado, voltou, glorificando a Deus em voz alta.» Na realidade, este homem representa todos aqueles que foram purificados pelas águas do baptismo ou curados pelo sacramento da penitência. Eles já não seguem o demónio mas imitam a Cristo, caminham atrás d'Ele glorificando-O e dando-Lhe graças e não deixam o Seu serviço. [...] «Jesus diz: 'Levanta-te e vai; a tua fé salvou-te'.» Grande é pois o poder da fé, pois «sem fé é impossível agradar a Deus» (Heb 11,6). «Abraão teve fé em Deus e isso foi-lhe tido em conta de justiça» (Rm 4,3). É, portanto, a fé que salva, a fé que justifica, a fé que cura o homem na sua alma e no seu corpo.

Créditos: Evangelho Quotidiano

terça-feira, 13 de novembro de 2012

Comentário ao Evangelho do dia feito por Santo Agostinho

Bispo de Hipona (Norte de África), doutor da Igreja
Sermões sobre o Evangelho de João, 14,5; CCL 36, 143-144
 
O serviço humilde

Antes da vinda do Senhor Jesus, os homens gloriavam-se de si próprios. Ele veio como homem para que diminuísse a glória do homem e crescesse a glória de Deus. Porque Ele veio sem pecado e nos encontrou a todos pecadores. Se Ele veio para perdoar os pecados, é porque Deus é misericordioso: compete ao homem reconhecê-lo. Porque a humildade do homem está nesse reconhecimento, e a grandeza de Deus na sua misericórdia.


Se Ele veio perdoar ao homem os seus pecados, que o homem tome consciência da sua pequenez e de que Deus exerce a Sua misericórdia. «Ele deve crescer e eu diminuir» (Jo 3,30). Ou seja: é necessário que Ele dê e que eu receba; que Ele tenha a glória e que eu a reconheça. Que o homem entenda qual é o seu lugar, que reconheça Deus e escute o que o apóstolo Paulo diz ao homem soberbo e orgulhoso que pretendia superiorizar-se: «Que tens tu que não hajas recebido? E, se o recebeste, porque te glorias como se não o tivesses recebido?» (1 Cor 4,7). Que o homem que queria chamar seu ao que não era dele compreenda pois que o recebeu e se faça pequenino, porque é bom para ele que Deus seja glorificado nele. Que se diminua pois em si mesmo, para que Deus cresça nele. 

Créditos: Evangelho Quotidiano

segunda-feira, 12 de novembro de 2012

Comentário ao Evangelho do dia (12/11) feito por Beato Charles de Foucauld

Eremita e Missionário no Saara - (1858-1916),Carta de 15/07/1916

«Perdoa-lhe»

O amor não consiste em sentirmos que amamos, mas em querermos amar. Quando queremos amar, amamos; quando queremos amar acima de tudo, amamos acima de tudo. Se acontecer sucumbirmos a uma tentação, é porque o amor é demasiado fraco, não é porque ele não exista. É preciso chorar, como São Pedro, arrependermo-nos como São Pedro [...] mas, também como ele, dizer três vezes: «Amo-Vos, amo-Vos, amo-Vos, Vós sabeis que, apesar das minhas fragilidades e pecados, eu Vos amo» (Jo 21,15ss).

Quanto ao amor que Jesus tem por nós, Ele provou-o à abundância para que nele acreditemos sem o sentirmos. Sentir que O amamos e que Ele nos ama seria o céu; mas o céu, salvo em raros momentos e excepções, não é aqui em baixo.

Lembremos sempre uns aos outros esta história dupla: a das graças que Deus nos deu pessoalmente desde o nascimento e a das nossas infidelidades ; e aí acharemos [...] motivos infinitos para nos perdermos, com ilimitada confiança, no Seu amor. Ele ama-nos porque é bom, não porque somos bons; não amam as mães os filhos desencaminhados? E muitas razões havemos de encontrar para nos enterrarmos na humildade e na falta de confiança em nós próprios. Procuremos resgatar um pouco os nossos pecados pelo amor ao próximo, pelo bem feito ao próximo. A caridade para com o próximo, os esforços para fazer bem aos outros são um excelente remédio a opor às tentações: é passar da simples defesa ao contra-ataque.

Créditos: Evangelho Quotidiano

Comentário ao Evangelho do dia (11/11) feito por Santa Teresinha do Menino Jesus

Carmelita, Doutora da Igreja - (1873-1897),Manuscrito autobiográfico B, 1

«Ela, da sua penúria, deitou tudo quanto possuía»

«Quero fazer-te ler no livro da vida, onde está contida a ciência do Amor». Oh, sim, a ciência do amor! Esta palavra soa-me docemente ao ouvido da alma, e eu não desejo outra coisa; por essa sabedoria, e mesmo tendo dado todas as minhas riquezas, parece-me, como a esposa [do Cântico] dos Cânticos, nada ter dado (Ct 8,7) afinal. Compreendo tão bem que só o amor nos pode tornar agradáveis ao Bom Deus, que este amor é o único bem que ambiciono.
Jesus compraz-Se em mostrar-me o único caminho que conduz a esta fornalha divina; esse caminho é o abandono da criança que adormece sem receio nos braços do seu Pai. «Quem for simples venha a Mim», disse o Espírito Santo pela boca de Salomão (Pr 9,4) e o mesmo Espírito de amor disse ainda que «o pequeno encontrará misericórdia» (Sb 6,6). Em seu nome, o profeta Isaías revelou-nos que, no último dia, o Senhor «é como um pastor que apasscenta o rebanho, reúne-o com o cajado na mão, leva os cordeiros ao colo e faz repousar as ovelhas que têm crias» (Is 40,11). [...]

Ah, se todas as almas fracas e imperfeitas sentissem o que sente a mais pequena de todas, a alma da vossa Teresinha, nem uma desesperaria por chegar ao cimo da montanha do amor, pois Jesus não pede grandes acções, pede só abandono e reconhecimento. Ele disse no salmo 49: «Não reivindico os novilhos da tua casa, nem os cabritos dos teus currais; pois são Meus todos os animais dos bosques, e os que se encontram nos altos montes. [...] Honra-Me quem oferece o sacrifício do louvor.» Eis portanto tudo o que Jesus nos exige: Ele não precisa das nossas obras, apenas do nosso amor. Porque este mesmo Deus, que declara não precisar já de nos dizer se tem fome (Sl 49), não temeu em mendigar um pouco de água à Samaritana (Jo 4,7). Ele tinha sede, [...] tinha sede de amor. Ah, sinto-o como nunca, Jesus está sedento, só encontra ingratos e indiferentes entre os discípulos do mundo. E entre os Seus próprios discípulos, são poucos, ai!, os corações que encontra capazes de a Si se entregarem sem reserva, capazes de compreenderem toda a ternura do Seu amor infinito.
Créditos: Evangelho Quotidiano

sábado, 10 de novembro de 2012

Carta de Santa Catarina de Siena a um judeu (Carta 15)

(carta 15) CONVITE À CONVERSÃO



Para o judeu Consílio
Saudação e objetivo
Louvado seja Jesus Cristo crucificado, filho da gloriosa virgem Maria. A ti, caríssimo irmão, (1) resgatado como eu pelo precioso sangue do Filho de Deus, eu Catarina indigna escrevo, obrigada pelo Cristo crucificado e pela sua amável mãe Maria, a fim de pedir a recordar com insistência que abandoneis a infidelidade, vos convertais e recebais a graça do santo batismo, pois sem ele não podeis receber a graça de Deus e o dom divino.
Apelo à conversão
Quem não é batizado não participa dos benefícios da santa Igreja, mas como um membro apodrecido e separado da comunidade dos fiéis cristãos, passa da morte temporal para a morte eterna, e com razão recebe o castigo e as trevas, porque não quis lavar-se na água do santo batismo e desprezou o sangue do Filho de Deus, que o derramou com tanto amor.
Caríssimo irmão em Jesus Cristo!Abre o olhar da inteligência e contempla a infinita Bondade, que age no teu coração e mediante os seus servidores (2) te pede e convida, que deseja fazer a paz contigo; sem olhar a longa guerra que lhe fizeste por tua infidelidade.
Nosso Deus é tão bondoso e benigno, que depois que nos veio a lei do amor e que o Filho de Deus nasceu da virgem Maria, derramou seu sangue no madeiro da cruz e podemos acolher em abundância a misericórdia divina. A lei de Moisés baseava-se na justiça, na punição. A nova lei, dada por Cristo crucificado, fundamenta-se no amor e na misericórdia. Deus é bondoso e benigno: acolhe quem a Ele retorna com humildade, fidelidade e fé na vida eterna. Parece nem se recordar das ofensas que lhe fazemos, não quer condenar-nos eternamente. Deus só deseja ser misericordioso.
Portanto, meu irmão, levante-te desejoso de unir-te a Cristo. não durmas na cegueira. Deus não quer, nem eu, que a morte te encontre na cegueira. A minha quer ver-te batizado, como um servo sedento da água viva (sl 41,2). Não resistas ao Espírito Santo, que te chama; não desprezes o amor de Maria por ti; não recuses as orações que são feitas a teu favor. Em tudo isso seria grave o julgamento divino.
Exortação. Conclusão
Permanece na santo e doce amor de Deus. Pessoalmente peço à Verdade suprema que nos ilumine, nos encha de sua santissima graça e realize o meu desejo em ti, Consílio. É o que Jesus Cristo mandou dizer-te  Consílio. Louvado seja Jesus Crucificado e sua amável mãe, a gloriosa virgem Maria. Jesus doce, Jesus amor
(1) Consílio era um judeu nascido em Pádua, que se estabelecera em Sena como banqueiro de empréstimos, junto com seu irmão Dattaro. Eram riquíssimos. Obtida da República a licença para tal trabalho, não incorriam em penas eclesiásticas. Catarina convida Consílio a se batizar. Talvez ela pensasse também no irmão, pois a certa altura fala em vós.
(2) Com a palavra sevidores o texto quer  indicar os discípulos de Catarina, muito numerosos em Sena, os quais certamente falaram a ela sobre o banqueiro

Fonte: Cartas Completas
Servos dos Servos de Deus

Comentário ao Evangelho do dia (10/11) feito por São Clemente de Alexandria

Teólogo - (150-c. 215),Sermão «Que rico pode ser salvo?», § 31


                                                     «Arranjai amigos»


«Quem der de beber a um destes pequeninos, ainda que seja somente um copo de água fresca, por ser Meu discípulo, em verdade vos digo: não perderá a sua recompensa» (Mt 10,42). [...] Este é o único salário que não perderá o seu valor: «Arranjai amigos com o dinheiro desonesto, para que, quando este faltar, eles vos recebam nas moradas eternas.» As riquezas de que dispomos não devem servir apenas para nós; com bens injustos pode fazer-se uma obra justa e salutar, e aliviar um daqueles que o Pai destinou à Sua morada eterna. [...] Que admirável é esta palavra de Paulo: «Deus ama quem dá com alegria» (2Co 9,7), aquele que dá esmola do coração, que semeia sem medida para colher de forma igualmente abundante, que partilha sem murmurar, sem hesitação nem reticência. [...] E ainda é maior esta palavra que o Senhor diz noutro lado: «Dá a todo aquele que te pede» (Lc 6,30). [...]


Reflecte então na magnífica recompensa que te é prometida pela tua generosidade: a morada eterna. Que bom negócio! Que negócio extraordinário! Compramos a imortalidade com dinheiro; trocamos os bens perecíveis deste mundo por uma morada eterna no céu! Se vós, os ricos, tendes sabedoria, aplicai-vos a este comércio. [...] Por que vos deixais fascinar por diamantes e esmeraldas, por casas que o fogo devora, que o tempo faz desmoronar, que um tremor de terra derruba? Aspirai apenas a viver nos céus e a reinar com Deus. Um homem, um pobre dar-vos-á esse reino. [...]


De resto o Senhor não disse: «Dai, sede generosos, socorrei os vossos irmãos», mas «fazei amigos». A amizade não nasce duma única doação, mas duma longa familiaridade. Nem a fé nem a caridade nem a paciência, são obra de um dia: «Mas aquele que se mantiver firme até ao fim será salvo» (Mt 10,22).


Créditos: Evangelho Quotidiano

sexta-feira, 9 de novembro de 2012

Santo Rosário - São Josemaría Escrivá - Mistérios Gozosos (Quarto e Quinto Mistério)

4































Segundo a Lei de Moisés, uma vez decorrido o tempo da purificação da Mãe, é preciso ir com o Menino a Jerusalém, para O apresentar ao Senhor (Lc II, 22).

E desta vez, meu amigo, hás-de ser tu a levar a gaiola das rolas. - Estás a ver? Ela - a Imaculada! - submete-se à Lei como se estivesse imunda.

Aprenderás com este exemplo, menino tonto, a cumprir a Santa Lei de Deus, apesar de todos os sacrifícios pessoais?

Purificação! Sim, tu e eu, é que precisamos de purificação! Expiação e, além da expiação, o Amor. - Um amor que seja cautério: que abrase a imundície da nossa alma, e fogo que incendeie, com chamas divinas, a miséria do nosso coração.

Um homem justo e temente a Deus, que, movido pelo Espírito Santo, veio ao templo - tinha-lhe sido revelado que nãohttp://www.blogger.com/blogger.g?blogID=6176770844546582640#editor/target=post;postID=6405327535930194551 havia de morrer, antes de ver Cristo - toma o Messias nos braços e diz-Lhe: Agora, Senhor, agora sim; podes levar deste mundo, em paz, o Teu servo, conforme a tua promessa... porque os meus olhos viram o Salvador (Lc II, 25-30).



5 Onde está Jesus? - Senhora: o Menino!... Onde está?

Maria chora. - Bem corremos, tu e eu, de grupo em grupo, de caravana em caravana; não O viram. - José, depois de fazer esforços inúteis para não chorar, chora também... E tu... E eu.

Eu, como sou um criadito rústico, choro até mais não poder e clamo ao céu e à terra..., por todas as vezes que O perdi por minha culpa e não clamei.

Jesus! Que eu nunca mais Te perca... E então, a desgraça e a dor unem-nos, como nos uniu o pecado, e saem de todo o nosso ser gemidos de profunda contrição e frases ardentes, que a pena não pode, não deve registar.

E, ao consolar-nos com a alegria de encontrar Jesus - três dias de ausência! - disputando com os Mestres de Israel (Lc II, 46), ficará bem gravada, na tua alma e na minha, a obrigação de deixarmos os de nossa casa, para servir o Pai Celestial.


Fonte: São Josemaría Escrivá

Carta sobre o modo de estudar - Santo Tomas de Aquino


São Tomás de Aquino
São Tomás de Aquino, Catedral de Notre Dame de Paris, França

O que me pedistes, João caríssimo em Cristo, de te demonstrar o modo de adquirir o tesouro da ciência, tal como a mim, te dou um conselho: não logo pelo mar escolhas entrar, mas inicia-te pelos rios, porque, pelas coisas mais fáceis se chega a conhecer as mais difíceis.
Esta é minha advertência e a tua instrução. Te recomendo ser tardo no falar ou para achegar-se ao locutório; abraçai a pureza de consciência.
Não deixes as orações; frequenta muito o teu quarto para que adquiras o vinho do saber.
Para todos mostra-te amável; nada de desagradável desejes para teu próximo, não te mostres muito familiar a ninguém, porque demasiada intimidade gera rixas e subtração dos estudos. Das palavras e fatos mundanos não te intrometas, discursar sobre tudo, abstenha-te; não deixes de imitar os passos dos bons e dos santos; não prestes atenção em tudo que ouvirdes, mas do que foi dito de bom, guarda na memória. O que lerdes e ouvirdes procurai entender, do que é duvidosos certifica-te, e retenhas o que puderdes guardar na mente, assim enchereis o vaso, mas não desejais coisas mais altas que possais reter.
Seguindo estes passos, ramos e frutos na vinha do Senhor dereis, e a vida tereis, profícua e produtiva. Se isto seguirdes, podereis atingir o que desejais.
(Tradução : Marcos Eduardo Melo dos Santos)

Fonte: Praecones Latine

Comentário ao Evangelho do dia (09/11) feito por Santo Aelredo de Rielvaux

Monge cisterciense
Sermão 8 para a a festa de São Bento


«O templo de Deus é santo e esse templo sois vós» (1Co 3,17)

Ouvimos muitas vezes dizer que Moisés, depois de ter conduzido Israel para fora do Egipto, construiu no deserto um tabernáculo, uma tenda de santuário, graças às doações dos filhos de Jacob. [...] É preciso ver, como diz o apóstolo Paulo, que tudo isso era um símbolo (1Co 10,6). [...] Sois vós, meus irmãos, que sois agora o tabernáculo de Deus, o templo de Deus, como explica o apóstolo: «O templo de Deus é santo, e esse templo sois vós.» Templo onde Deus reinará eternamente, vós sois a Sua tenda, pois Ele acompanha-vos no caminho; Ele tem sede em vós, tem fome em vós. Essa tenda continua a ser transportada [...] pelo deserto desta vida, até chegarmos à Terra Prometida. Então a tenda tornar-se-á Templo e o verdadeiro Salomão dedicá-lo-á «durante sete dias mais sete dias» (1R 8,65), isto é, durante o duplo repouso [...] da imortalidade para o corpo e da beatitude para a alma.


Mas, de momento, se somos verdadeiros filhos espirituais de Israel, se saímos espiritualmente do Egipto, façamos todos oferendas para a construção do tabernáculo [...]: «Cada um recebe de Deus o seu próprio carisma, um de uma maneira, outro de outra» (1Co 7,7). [...] Que tudo seja, portanto, comum a todos. [...] Que ninguém considere o carisma que recebeu de Deus como seu bem pessoal; que ninguém tenha ciúmes dum carisma que o seu irmão tenha recebido. Mas cada um considere aquilo que lhe pertence como sendo de todos os irmãos, e não hesite em considerar como seu o que é de seu irmão. Segundo o Seu desígnio misericordioso, Deus age para connosco de modo que todos tenhamos necessidade dos outros: o que um não tem, pode encontrá-lo no irmão. [...] «Os muitos que somos formamos um só corpo em Cristo, mas individualmente somos membros que pertencem uns aos outros» (Rm 12,5).

Créditos: Evangelho Quotidiano

quinta-feira, 8 de novembro de 2012

Santo Rosário - São Josemaría Escrivá - Mistérios Gozosos - Segundo e Terceiro


2 Agora, menino amigo, espero que já saibas desembaraçar-te. Acompanha, alegremente, José e Santa Maria... e ficarás a par das tradições da Casa de David.

Ouvirás falar de Isabel e de Zacarias, enternecer-te-ás com o amor puríssimo de José e baterá com mais força o teu coração, cada vez que pronunciarem o nome do Menino que há-de nascer em Belém...

Caminhamos, apressadamente, em direcção às montanhas, até uma aldeia da tribo de Judá (Lc I, 39).

Chegamos. - É a casa onde vai nascer João Baptista. - Isabel aclama, agradecida, a Mãe do Redentor: Bendita és tu, entre todas as mulheres, e bendito é o fruto do teu ventre! - A que devo eu tamanho bem, que venha visitar-me a Mãe do meu Senhor? (Lc I, 42 e 43).

O Baptista, ainda por nascer, estremece... (Lc I, 41)... A humildade de Maria verte-se no Magnificat... E tu e eu, que somos - que éramos - uns soberbos, prometemos ser humildes.



3
Foi promulgado um édito de César Augusto, que manda recensear toda a gente. Para isso, cada qual tem de ir à terra dos seus antepassados. - Como José é da casa e da família de David, vai com a Virgem Maria, de Nazaré até à cidade chamada Belém, na Judeia (Lc II, 1-5).

E, em Belém, nasce o nosso Deus: Jesus Cristo! Não há lugar na pousada: num estábulo. - E Sua Mãe envolve-O em paninhos e reclina-O no presépio (Lc 11, 7) . Frio. - Pobreza. - Sou um escravozito de José. - Que bom é José! Trata-me como um pai a seu filho. - Até me perdoa, se estreito o Menino entre os meus braços e fico, horas e horas, a dizer-Lhe coisas doces e ardentes!...

E beijo-O - beija-O tu - e embalo-O e canto para Ele e chamo-Lhe Rei, Amor, meu Deus, meu Único, meu Tudo!... Que lindo é o Menino... e que curta a dezena!


Fonte: São Josemaría Escrivá







Comentário ao Evangelho do dia (08/11) feito por São Pedro Crisólogo

Bispo de Ravena, Doutor da Igreja - (c. 406-450)
Sermão 168, 4-6

«Alegrai-vos comigo, porque encontrei a minha ovelha perdida!»

Este homem que possui cem ovelhas é o Bom Pastor (Jo 10,11), Cristo, que havia estabelecido todo o rebanho da raça humana numa só ovelha, isto é, em Adão, a quem colocara num Paraíso de delícias, numa região de pastagens vivificantes. Mas essa ovelha, confiando nos uivos de lobos, esqueceu a voz do Pastor e, perdendo-se no caminho que conduz ao redil da salvação, achou-se toda coberta de feridas mortais. Cristo veio a este mundo procurar a ovelha perdida e recuperou-a no seio da Virgem. Ele, que veio até nós nascido da carne, colocou-a depois sobre a cruz e levou-a aos ombros da Sua Paixão. Então, cheio da alegria da Ressurreição, ergueu-a, na Sua Ascensão, até às moradas do Céu.

Ele convoca os amigos e vizinhos, isto é, os Anjos, e diz-lhes: Alegrai-vos Comigo, porque encontrei a Minha ovelha perdida, e os Seus Anjos rejubilam e exultam com Cristo por causa do regresso da ovelha do Senhor. Não se irritam por vê-la sentar-se diante deles no trono de majestade, dado que a inveja não existe no Céu, de onde foi banida com o diabo, e esse pecado não poderá jamais lá reentrar graças ao Cordeiro que tira o pecado do mundo (Jo 1,29).
Irmãos, assim nos veio Cristo procurar à Terra. Procuremo-Lo no Céu. Assim nos levou Ele até à glória da Sua divindade. Levemo-Lo no nosso corpo com a santidade de toda a nossa vida.
Créditos: Evangelho Quotidiano

terça-feira, 6 de novembro de 2012

Verdade, Humildade e Conhecimento Próprio



Sta Teresa D'Avila
Também acontece, assim muito de repente e de maneira que nem se sabe dizer, mostrar Deus em Si mesmo uma verdade que parece deixa obscurecidas todas as que há nas cruaturas, e muito claramente dá a entender que só Ele é a verdade que não pode mentir; e dá-se bem a entender o que diz David em um salmo, que todo o homem é mentiroso; coisa que nunca jamais se entenderia assim, ainda que se ouvisse muitas vezes, e é verdade que não pode falhar. Lembro-me de Pilatos, o muito que perguntava a Nosso Senhor, quando em Sua Paixão Lhe disse: "O que é a verdade?", e de quão pouco aqui entendemos desta suma Verdade.


Eu quisera poder dar-me melhor a entender neste caso, mas não se pode dizer. Tiremos daqui, irmãs, que para nos conformarmos com o nosso Deus e Esposo em alguma coisa, será bem que procuremos muito andar sempre nesta verdade. Não digo só que não digamos mentiras, pois nisso, glória a Deus, já vejo que tendes em grande conta nestas casas de não a dizer por coisa nenhuma, mas que andemos em verdade diante de Deus e das gentes, de quantas maneiras pudermos; em especial, não querendo que nos tenham por melhores do que somos e, em nossas obras, dando a Deus o que é Seu e a nós o que é nosso, e procurando em tudo a verdade, e assim termos em pouco este mundo que é todo mentira e falsidade e, como tal, não é perdurável.


Uma vez estava eu considerando por que razão era Nosso Senhor tão amigo desta virtude da humildade, e logo se me pôs diante - a meu parecer sem eu considerar nisso, mas de repente - isto: é porque Deus é a suma Verdade, e a humildade é andar na verdade. E é muito grande verdade não termos coisa boa de nós mesmos, senão a miséria e sermos nada; e, quem isto não entende, anda em mentira. Quem melhor o entende, mais agrada à suma Verdade, porque anda nela. Praza a Deus, irmãs, nos faça mercê de não sairmos nunca deste próprio conhecimento, amen.


Sta Teresa D'Avila, Castelo Interior
Créditos: Amor e Pobreza

Que farsa é tudo o que há no mundo... - Santa Teresa D'Avila



Oh! irmãs minhas, que não é nada o que deixamos, nem nada o que fazemos, nem quanto pudermos fazer por um Deus que assim se comunica a um vermezinho! E, se temos esperança de ainda nesta vida gozar deste bem, que fazemos e em que nos detemos? Que coisa é bastante para que deixemos um só momento de buscar a este Senhor, como o fazia a Esposa, por bairros e praças? Oh! e que farsa é tudo o que há no mundo, se não nos leva e ajuda a isto, ainda mesmo que durassem para sempre os seus deleites, riquezas e gozos, todos quantos se puderemo imaginar, que tudo é asco e lixo, comparado a estes tesouros que se hão-de gozar sem fim! Mesmo estes são nada em comparação de ter por nosso o Senhor de todos os tesouros do Céu e da terra.


Oh cegueira humana! Até quando, até quando estaremos até que nos caia esta terra de nossos olhos? Pois, embora entre nós não parece ser tanta que nos cegue de todo, vejo uns argueirinhos, umas manchazinhas que, se os deixamos crescer, bastarão para nos fazer grande dano; senão que, por amor de Deus, irmãs, aproveitemo-nos destas faltas para conhecer a nossa miséria e elas nos dêem melhor vista, como a deu o lodo ao cego a quem sarou o nosso Esposo. E assim, vendo-nos tão imperfeitas, cresça mais em nós o suplicar-Lhe que tire bens das nossas misérias, para em tudo contentarmos a Sua Majestade.


Sta Teresa D'Avila, Castelo Interior.
Créditos: Amor e Pobreza

segunda-feira, 5 de novembro de 2012

Desprendimento


São Josemaria Escrivá


Por que te debruçares a beber nos charcos dos consolos mundanos, se podes saciar a tua sede em águas que saltam para a vida eterna?


Desprende-te das criaturas até ficares despido delas. Porque - diz o Papa São Gregório - o demônio nada tem de seu neste mundo, e acode nu à contenda. Se vais vestido lutar com ele, em breve cairás por terra. Por que terá por onde te pegar.


Desprendimento. Como custa!... Quem me dera não estar atado senão por três pregos, nem ter outra sensação em minha carne que a Cruz!


Jesus não se satisfaz "compartilhando"; quer tudo.


Não queres submeter-te à Vontade de Deus... E, no entanto, acomodas-te à vontade de qualquer pobre criatura.


Não percas a perspectiva: se se dá a ti o próprio Deus, por que esse apego às criaturas?


Agora, tudo são lágrimas. - Dói, não é mesmo? - Pois é claro! Por isso precisamente te acertaram com o dedo na chaga.


Tens expansões de ternura. E eu te digo: - Caridade com o próximo, sempre.

Mas - ouve-me bem, alma de apóstolo -, é de Cristo, e só para Ele, este sentimento que o próprio Senhor põe em teu peito.

- Além disso..., não é verdade que, ao abrires algum ferrolho do teu coração - necessitas de sete ferrolhos -, mais de uma vez ficou pairando em teu horizonte sobrenatural a nuvenzinha da dúvida... e perguntaste a ti mesmo, preocupado, apesar da tua pureza de intenção: - não será que fui longe demais nas minhas manifestações exteriores de afeto?


"Se o teu olho direito te escandaliza..., arranca-o e joga-o para longe!" - Pobre coração, que é ele que te escandaliza!

Aperta-o, amarfanha-o entre as mãos; não lhe dês consolações. - E, cheio de uma nobre compaixão, quando as pedir, segreda-lhe devagar, como em confidência: - "Coração: coração na Cruz, coração na Cruz!"


Como vai esse coração? - Não te inquietes; os santos - que eram seres bem constituídos e normais, como tu e como eu - sentiam também essas "naturais" inclinações. E se não as tivessem sentido, a sua reação "sobrenatural" de guardar o coração - alma e corpo - para Deus, em vez de entregá-lo a uma criatura, pouco mérito teria tido.

Por isso, uma vez visto o caminho, creio que a fraqueza do coração não deve ser obstáculo para uma alma decidida e "bem enamorada".


"Ah, se eu tivesse cortado no princípio", disseste-me. - Oxalá não tenhas que repetir essa exclamação tardia.


A dor esmaga-te porque a recebes com covardia. - Recebe-a como um valente, com espírito cristão; e a estimarás como um tesouro.


O Amor... bem vale um amor!


S. Josemaria Escrivá de Balaguer, Caminho.

Créditos: Amor e Pobreza

Comentário ao Evangelho do dia (05/11) feito por São Gregório de Nazianzo

Bispo, Doutor da Igreja (330-390) - Sermão sobre o amor dos pobres

«Convida os pobres»

Deus, comovido pela grande aflição do homem, deu-lhe a Lei e os profetas, depois de lhe ter dado a lei não escrita da natureza (cf Rm 1,26) [...]; por fim entregou-Se a Si próprio para a vida do mundo. Deu-nos prodigamente os apóstolos, os evangelistas, os doutores, os pastores, as curas, os prodígios. Trouxe-nos à vida, destruiu a morte, triunfou sobre aquele que nos tinha vencido, deu-nos a Aliança prefigurativa, a Aliança verdadeira, os carismas do Espírito Santo, o mistério da nova salvação. [...]

Deus enche-nos de bens espirituais, se quisermos recebê-los, e não hesita em vir em auxílio dos necessitados. Tu dá sobretudo àquele que te pedir, até antes que ele te peça, dando sem cessar a esmola da doutrina espiritual. [...] Se não tiveres esses dons, propõe-lhe pelo menos serviços mais modestos: dá-lhe de comer, oferece-lhe roupa que já não uses, fornece-lhe medicamentos, liga-lhe as chagas, pergunta-lhe pelas suas provações, ensina-lhe a paciência. Aproxima-te dele sem medo. Não há perigo de ficares mal ou de contraíres a sua doença. [...] Apoia-te na fé; que a caridade triunfe sobre as tuas reticências. [...] Não desprezes os teus irmãos, não fiques surdo aos seus apelos, não fujas deles. Sois membros de um mesmo corpo (cf 1Cor 12,12s), mesmo que ele tenha sido atingido pela desgraça; tal como Deus, não esqueças o clamor dos infelizes (Sl 9,13).
Créditos: Evangelho Quotidiano

domingo, 4 de novembro de 2012

Symphonia Virginium - Santa Hildegarda von Bingen

 

“Ó amante cheio de doçura, de dóceis abraços, ajuda-nos a conservar nossa virgindade. Fomos formadas do pó, ai!, ai!, e no crime de Adão. Bem duro é contradizer o gosto que o fruto tem. Dá-nos coragem, ó Cristo, Salvador. Nós desejamos ardentemente seguir-te. Ó como é gravoso, para nós miseráveis, a ti imaculado e inocente Rei dos Anjos imitar. Confiamos em ti, todavia, pois é teu desejo a pedra preciosa permanecer sem putrefação. Invocamos-te agora, Esposo e consolador, que nos redimiste na cruz. Por teu sangue comprometidas somos para ti esposas repudiando homem para te preferir a ti Filho de Deus. Ó belíssima forma, ó suavíssimo perfume de desejáveis delícias, sempre por ti suspiramos no exílio das lágrimas, na esperança de contemplar-te e contigo permanecer. Nós estamos no mundo e tu em nossa mente, abraçamos-te no profundo coração quase como se foras presente. Tu, fortíssimo leão, rompeste o céu para descer ao útero duma Virgem e destruíste a morte para elevar a vida à cidade de ouro. Concede-nos habitar dentro de seus muros e permanecer contigo, dileto Esposo, pois nos livrastes das fauces do Diabo, que seduziu nossos primeiros pais.”
(SYMPHONIA VIRGINUM, de Santa Hildegard von Bingen, Doutora da Igreja).


Comentário ao Evangelho do dia (04/11) feito por São Bernardo

Sermões sobre o Cântico dos Cânticos, nº 83
 
«Amarás o Senhor, teu Deus, com todo o teu coração»

Li que Deus é amor (1Jo 4,16) e não que Ele é honra ou dignidade. Não é que Deus não queira ser honrado, visto que disse: «Se Eu sou Pai, onde está a honra que me é devida?» (Ml 1,6). Fala aqui como Pai. Mas, se Se mostrasse como esposo, penso que mudaria o Seu discurso para: «Se Eu sou Esposo, onde está o amor que Me é devido?» Pois já anteriormente tinha dito: «Se Eu sou Senhor, onde está o respeito por Mim?» (ib.) Ele pede pois para ser respeitado como Senhor, honrado como Pai, amado como Esposo.


Desses três sentimentos, qual é o mais valioso? O amor, sem dúvida. Pois sem amor o respeito é árduo e a honra fica sem retribuição. O temor é servil enquanto o amor não o vem validar, e uma honra que não é inspirada no amor não é uma honra, é adulação. Claro que só a Deus são devidas a honra e a glória, mas Deus só as aceita temperadas com o mel do amor.


O amor é auto-suficiente, agrada por si mesmo, é o seu próprio mérito e a sua recompensa. O amor não quer outra causa, outro fruto, senão ele próprio. O seu verdadeiro fruto é ser. Amo porque amo. Amo para amar. [...] De todos os movimentos da alma, de todos os seus sentimentos e afectos, o amor é o único que permite à criatura responder ao seu Criador, senão de igual para igual, pelo menos de semelhante para semelhante (cf Gn 1,26). 

Créditos: Evangelho Quotidiano

sábado, 3 de novembro de 2012

Comentário ao Evangelho do dia (03/11) feito por São (Padre) Pio de Pietrelcina

Capuchinho - (1887-1968) GB 69

«Quem se exalta será humilhado, quem se
humilha será exaltado»

A humildade é a verdade, e a verdade é que eu sou somente nada. Portanto, tudo o que é bom em mim vem de Deus. Ora, acontece muitas vezes que desperdiçamos o que Deus pôs de bom em nós. Quando as pessoas me perguntam qualquer coisa, acontece-me não pensar no que posso dar-lhes, mas no que não sou capaz de dar, e consequentemente, tantas almas permanecem na sua sede, porque eu não tenho sabido transmitir o dom de Deus.

A ideia de que, em cada dia, o Senhor vem a nós e nos dá tudo deveria tornar-nos humildes. Ora, é o oposto que acontece, porque o demónio faz brotar dentro de nós ataques de orgulho. Isso em nada nos honra. Temos de lutar contra o nosso orgulho. Quando não pudermos mais, paremos um instante e façamos um acto de humildade; então Deus, que ama os corações humildes, virá ao nosso encontro. 

Fonte: Evangelho Quotidiano

sexta-feira, 2 de novembro de 2012

Comentário ao Evangelho do dia (02/11) feito por Santo Ambrósio

Bispo de Milão, doutor da Igreja
Sobre a morte de seu irmão, I, 70-71
 
«Porque choras?» (Jo 20,13)

Chorem, os que não podem ter a esperança da ressurreição; não é a vontade de Deus que lhes tira essa esperança, mas a dureza daquilo em que acreditam. Tem de haver uma diferença entre os servos de Cristo e os pagãos. Eis o que é essa diferença: estes choram os seus pensando-os mortos para sempre; não podem assim pôr fim às suas lágrimas, não encontram descanso para a tristeza: [...] enquanto para nós, servos de Deus, a morte não é o fim da existência mas o fim da nossa vida. Dado que a nossa existência é restaurada por uma condição melhor, que a chegada da morte nos varra portanto todos os choros. [...]


Quão maior será a nossa consolação, por acreditarmos que as boas acções que fizermos prometem melhores recompensas depois da morte. Os pagãos têm a sua consolação: para eles a morte é um repouso para todos os males. Como pensam que os seus mortos estão privados de fruir a vida, pensam também que ficam privados de toda a faculdade de sentir e libertos da dor das duras e contínuas tribulações que se sofre nesta vida. Mas nós, assim como devemos ter um espírito mais elevado por causa da recompensa esperada, devemos também suportar melhor a dor graças a essa consolação. [...] Os nossos mortos não foram enviados para longe de nós, mas apenas antes de nós – eles a quem a morte não tragará, mas a quem a eternidade receberá. 

Créditos: Evangelho Quotidiano

Tratado do Purgatório de Santa Catarina de Genova



Alguns trechos essenciais do "Tratado do Purgatório"

Via com os olhos da alma e compreendia a condição dos fiéis no Purgatório, eram ali para purificar-se antes de serem apresentados diante de Deus, no Paraíso.

A ferrugem do pecado é o impedimento e o fogo vai consumindo a ferrugem e assim a alma com o passar do tempo vai descobrindo o divino influxo...

Assim a ferrugem (isto é, o pecado) é a cobertura das almas e no Purgatório se vai consumindo pelo fogo e quanto mais consome, mais se corresponde ao verdadeiro sol, Deus. Porém cresce a alegria enquanto diminui a ferrugem e se descobre a alma ao divino raio. E assim um cresce e o outro diminui, até que seja terminado o tempo.

A pena existe, mas somente o tempo de estar nessa pena. E quanto à vontade, não posso dizer que aquelas sejam penas, porque são contentes pela ordem dada por Deus, com a qual é unida a vontade deles na pura caridade.

Têm uma pena tão extrema que não se encontra língua que possa narrar, nem intelecto que possa entender uma mínima cintila, se Deus não lhe mostrasse por graça especial.

Nasce neles um extremo fogo, parecido com aquele do inferno, exceto a culpa, a qual è aquela que faz a vontade maligna aos danados do Inferno, aos quais Deus não corresponde a sua bondade e por isso restam naquela desesperada, maligna vontade contra a vontade de Deus.

Oh! Quanto é perigoso o pecado feito com malicia: porque o homem difficilmente se arrepende e não arrependendo-se, sempre está na culpa, a qual persevera quanto o homem está na vontade do pecado cometido ou a ser cometido!

De quanta importância seja o Purgatório, nem a língua o pode exprimir, nem mente entender, somente que vejo tantas penas como no Inferno e vejo a alma a qual em si sente uma mínima mancha de imperfeição, recebê-lo por misericórdia (como se disse), não fazendo em um certo modo estima, em comparação daquela mancha que impede o seu amor.

Quando a alma, por interior vista, vê-se aproximada a Deus com tanto amoroso fogo, aí por aquele calor do amor do seu doce Senhor e Deus, que sente rebombar na sua mente, tudo se liquefaz.

Vendo a luz divina e como Deus não cessa de aproximá-la dEle e amorosamente a conduz à interar sua perfeição, com tanta cura e contínua provisão e que o faz somente por puro amor.

Vejo ainda proceder daquele divino amor à alma certos raios e lampos, tão penetrantes e fortes, que parecem que devem abater não somente o corpo, mas ainda a alma se fosse possível.

Esses raios fazem duas operações: com a primeira purificam; com a segunda, abatem.

Saiba que aquilo que o homem pensa que em si é perfeição, perante Deus, é defeito: portanto tudo aquilo que tem aparência de perfeição, como as vê, as escuta, as entende, as quer, ou seja, tem uma memória, sem o reconhecimento de Deus, tudo se contamina e se suja.

E’ verdade que o amor de Deus, o qual é abundante na alma (segundo aquilo que vejo) dá uma alegria tão grande, que não se pode exprimir, mas essa alegria às almas que estão no Purgatorio, não cancela nem uma cintila de pena deles.

Isto é, aquele amor é que faz a pena deles e quanto maior a pena quanto maior a perfeição do amor o qual Deus lhes dá.

Me vem vontade de gritar, um grito forte, que amedrontasse todos os homens que estão na face da terra e dizer: Oh míseros, porque vos deixais corromper por este mundo, que não vos dá nada e que na hora da vossa morte, o que vos concederá?

Todos estão cobertos pela esperança da misericórdia de Deus, a qual dizeis ser tão grande, mas não vedes que tanta bondade de Deus vos será em juízo, por ter feito contra a vontade de um tão bom Senhor?

Não ter confiança dizendo: Eu me confessarei e depois terei a Indulgência Plenária e serei naquele ponto purgado de todos os meus pecados e assim serei salvo.

Pensa que a confissão e contrição a qual precisa para essa Indulgência Plenária é muito dificil de conseguir, que se tu o soubesses, tremerias de tanto medo e serias mais certo de não tê-la que de poder conseguir.

Fonte:Católicos Tradicionais

O segredo do Rosário

quinta-feira, 1 de novembro de 2012

Não te esquives ao dever

 
 
Não gosto de tanto eufemismo: à covardia chamais prudência. - E a vossa "prudência" é ocasião para que os inimigos de Deus com o cérebro vazio de idéias, tomem ares de sábios e ascendam a postos a que nunca deviam ascender.

Esse abuso não é irremediável. - É falta de caráter permitir que continue, como coisa desesperada e sem possível retificação.

Não te esquives ao dever. - Cumpre-o em toda a linha, ainda que outros deixem de cumpri-lo.
São Josemaria Escrivá, Caminho, nº 35-36
Créditos: GRAA

O nome de Maria...

 
 
A Virgem, cheia de graça, ultrapassou os Anjos, por sua plenitude de graça. E por isto é chamada Maria, que quer dizer, "iluminada interiormente", donde se aplica a Maria o que disse Isaías: (58,11) O Senhor encherá tua alma de esplendores. Também quer dizer: "Iluminadora dos outros", em todo o universo; por isso, Maria é comparada, com razão, ao sol e à lua.

(...) O Anjo reverenciou a Bem-Aventurada Virgem, como mãe do Soberano Senhor e, assim, ela mesma como Soberana. O nome de Maria, em siríaco, significa soberana, o que lhe convém perfeitamente.

A Virgem ultrapassou os anjos em pureza. Não só possuía em si mesma a pureza, como procurava a pureza para os outros. Ela foi puríssima de toda culpa, pois foi preservada do pecado original e não cometeu nenhum pecado mortal ou venial, como foi livre de toda pena.

(...) A Virgem foi isenta de toda maldição e bendita entre as mulheres. Ela é a única que suprime a maldição, traz a bênção e abre as portas do paraíso. Também lhe convém, assim, o nome de Maria, que quer dizer "Estrela do mar". Assim como os navegadores são conduzidos pela estrela do mar ao porto, assim, por Maria, são os cristãos conduzidos à Glória.

São Tomás de Aquino, O Pai Nosso e a Ave Maria
Créditos: GRAA

Eucaristia e a Novidade Divina

 
 
Quando o Senhor instituiu a Sagrada Eucaristia na Última Ceia, era de noite, o que manifestava - comenta São João Crisóstomo - que os tempos se tinham cumprido. Caía a noite sobre o mundo, porque os velhos ritos, os antigos sinais da misericórdia infinita de Deus para com a humanidade se iam realizar plenamente, abrindo caminho a um verdadeiro amanhecer: a nova Páscoa. A Eucaristia foi instituída durante a noite, preparando de antemão a manhã da Ressurreição.

Também em nossas vidas temos de preparar essa alvorada. Tudo o que é caduco e nocivo, tudo o que não presta  - o desânimo, a desconfiança, a tristeza, a covardia -, tudo isso tem de ser lançado fora. A Sagrada Eucaristia introduz a novidade divina nos filhos de Deus, e devemos corresponder in novitate sensus, com uma renovação de todos os nossos sentimentos e de toda a nossa conduta. Foi-nos dado um princípio novo de energia, uma raiz poderosa, enxertada no Senhor. Não podemos voltar ao antigo fermento, nós que temos o Pão de hoje e de sempre"

São Josemaria Escrivá, É Cristo que Passa.
Céditos: GRAA

Comentário ao Evangelho do dia (01/11) feito por Santa Teresinha do Menino Jesus

Carmelita, doutora da Igreja
Novissima Verba (Últimos Colóquios), 15/7/1897


A comunhão dos santos

A Irmã Maria da Eucaristia queria acender as velas para uma procissão e, como não tinha fósforos, vendo a lamparina que arde diante das relíquias, dela se aproxima mas oh!, encontra-a quase apagada, não lhe restando senão uma pálida luzinha no pavio carbonizado. Apesar disso, consegue acender a sua vela e, a partir dela, as da comunidade toda que, daí a pouco, tinha todas as velas acesas. Foi, pois, esta pequena lamparina, quase extinta, que produziu outras chamas seguras, as quais, por sua vez, puderam produzir uma infinidade doutras e, até, incendiar o universo. No entanto, se quiséssemos determinar a origem desse incêndio, seria preciso reportar-nos sempre àquela minúscula lamparina. Como poderiam então as outras chamas, sabendo disso, gloriar-se de ter causado tamanho incêndio, uma vez que apenas foram acesas por contágio da pequena centelha? [...]

O mesmo se passa com a comunhão dos santos. Sem o sabermos, muitas vezes as graças e as luzes que recebemos ficam a dever-se a uma alma escondida, porque o Deus de bondade quer que os santos comuniquem uns aos outros a graça através da oração, para poderem depois dedicar uns aos outros um grande amor no Céu, um amor muito maior do que o de qualquer família da terra, mesmo a mais perfeita.

Quantas vezes pensei que todas as graças que recebi se ficaram a dever à oração que uma qualquer boa alma tenha feito por mim ao Deus de amor, e que só no Céu conhecerei. Sim, uma pequena centelha basta para fazer nascer grandes clarões em toda a Igreja, como doutores e mártires, que ocuparão no Céu um lugar bem acima do dela; mas nem por isso se pode concluir que a glória deles não será também a dela, porque no Céu não haverá olhares indiferentes ─ todos reconhecerão que se devem mutuamente as graças que lhes mereceram essa coroa de glória.

Créditos: Evangelho Quotidiano
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