Encíclica «Lumen fidei / A luz da fé», §39 (trad. © Libreria Editrice Vaticana, rev)
«Maria pôs-se a caminho e dirigiu-se à pressa para a montanha»: a fé tende a convidar outros para a sua alegria
É impossível crermos sozinhos. A fé não é só uma opção individual que se realiza na interioridade do crente, não é uma relação isolada entre o «eu» do fiel e o «Tu» divino, entre o sujeito autónomo e Deus; mas, pela sua natureza, abre-se ao «nós», verifica-se sempre dentro da comunhão da Igreja. Assim no-lo recorda a forma dialogada do Credo, que se usa na liturgia baptismal.
O crer exprime-se como resposta a um convite, a uma palavra que não provém de mim, mas deve ser escutada; por isso, insere-se no interior de um diálogo […]. Só é possível responder «creio» na primeira pessoa porque se pertence a uma comunhão grande, por que se diz também «cremos». Esta abertura ao «nós» eclesial realiza-se de acordo com a abertura própria do amor de Deus, que não é apenas relação entre o Pai e o Filho, entre «eu» e «tu», mas, no Espírito, é também um «nós», uma comunhão de pessoas. Por isso mesmo, quem crê nunca está sozinho; e, pela mesma razão, a fé tende a difundir-se, a convidar outros para a sua alegria. […] Assim o exprimiu vigorosamente Tertuliano (De Baptismo, 20,5) ao falar do catecúmeno que, tendo sido recebido numa nova família «depois do banho do novo nascimento», é acolhido em casa da Mãe para erguer as mãos e rezar, juntamente com os irmãos, o Pai Nosso.
Créditos: Evangelho Quotidiano
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