Comentário do dia
Santo Agostinho (354-430), bispo de Hipona (Norte de África), doutor da Igreja
Comentário sobre a primeira carta de João, 1,1
«Viu e começou a crer»
«O que existia desde o princípio, o que ouvimos, o que vimos com os nossos olhos, o que contemplámos e as nossas mãos tocaram do Verbo da Vida – porque a Vida manifestou-Se» (1Jo 1,1). Haverá quem toque com suas mãos o Verbo da Vida, sem ser porque «o Verbo fez-Se homem e veio habitar connosco»? (Jo 1,14) Ora, este verbo que Se fez homem para ser tocado por nossas mãos começou por ser carne no seio da Virgem Maria. Mas não começou a ser o Verbo nesse momento, porque o era «desde o princípio», diz São João. Vede como a sua carta confirma o seu evangelho, onde ouvistes ler: «No princípio existia o Verbo; o Verbo estava em Deus; e o Verbo era Deus.»
Talvez alguns entendam o «Verbo da Vida» como uma qualquer fórmula para designar Cristo, e não precisamente o corpo de Cristo, que as mãos tocaram. Mas vede o seguimento: «A Vida manifestou-Se». Cristo era então o Verbo da Vida. E como Se manifestou esta vida? Porque, embora existisse desde o princípio, não Se manifestara aos homens: manifestara-Se aos anjos, que a viam e que dela se alimentavam como de pão. É o que diz a Escritura: «todos comeram o pão dos anjos» (Sl 77,25).
Portanto, a própria Vida manifestou-Se na carne: com a sua plena manifestação, uma realidade que apenas era visível pelo coração tornava-se visível também aos olhos, para assim sarar os corações. Porque só o coração vê o Verbo, a carne não O vê. Nós éramos capazes de ver a carne, mas não o Verbo. O Verbo fez-Se homem […] para sarar em nós o que nos torna capazes de ver o Verbo […]. «Dela damos testemunho e anunciamos-vos a Vida eterna que estava junto do Pai e que Se manifestou a nós» (1Jo 1,2).
Créditos: Evangelho Quotidiano
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