sábado, 2 de março de 2013

Santa Teresinha do Menino Jesus: "A Santíssima Virgem sorriu-me"



Na doença, meu maior consolo era receber carta de Paulina... Eu a lia, tornava a ler, até sabê-la de cor... Certa vez,minha querida Mãe, enviastes-me uma ampulheta e uma das minhas bonecas vestida de carmelita. Dar uma ideia de minha alegria é algo de impossível... Titio não ficou satisfeito, dizendo que, em vez de me fazerem lembrar do Carmelo, seria preciso mantê-lo longe do meu  espírito. Mas eu sentia, pelo contrário, que a esperança de ser um dia carmelita, me alentava viver... Meu gosto era trabalhar para Paulina. Fazia-lhe pequenos trabalhos de papel brístol, e minha maior ocupação era tecer grinaldas de boninas e miosótis para a Santíssima Virgem. Estávamos no belo mês de maio. Toda a natureza se guarnecia de flores e trescalava de alegria. Só a "florzinha" enlanguescia e parecia murchar para sempre...

Entretanto, tinha junto a si um Sol. Esse Sol era a estátua milagrosa da Santíssima Virgem que, por duas vezes, tinha falado à Mamãe. Amiúde, sim, bem amiúde, a florzinha pendia sua corola em direção do Astro bendito... Certo dia, vi quando Papai entrou no quarto de Maria, onde eu estava acamada. Deu-lhe, com expressão de grande tristeza, várias moedas de ouro, dizendo-lhe escrevesse para Paris, mandando celebrar missas em honra de Nossa Senhora das Vitórias, para curar sua pobre filhinhas. Oh! como me comoveu ver a fé e o amor do meu querido Rei! Queria poder dizer-lhe que estava curada, mas já eram demais as falsas alegrias que lhe tinha preparado. Não eram , pois, meus desejos que poderiam produzir milagre, e para minha cura se fazia mister um milagre... Era preciso um milagre, e foi Nossa Senhora das Vitórias que o fez. Num domingo( durante a novena de missas(, Maria saiu para o jardim, e deixou-me com Leônia, que lia perto da janela. A o cabo de alguns minutos, pus-me a chamar quase ue à surdina: "Mamã... Mamã". Habituada a ouvir-me sempre chamar assim, Leônia não me deu atenção. Isso durou muito tempo. Então chamei mais forte, e por fim Maria voltou. Vi perfeitamente quando entrou, mas não conseguia dizer que a reconhecia, continuando a chamar cada vez mais forte: "Mamã..." Padecia muito com a luta violenta e inexplicável, e Maria talvez sofresse mais do que eu. Após baldados esforços para me mostrar que estava junto a mim, pôs-se de joelhos perto de minha cama, com Leônia e Celina. Voltando-lhe com o fervor de uma mãe ue pede pela vida de sua filha, Maria alcançou o que desejava...


Por não encontrar nenhuma ajuda na terra, a coitada da Teresinha também se voltara para sua Mãe do Céu, suplicando-lhe de todo o coração, tivesse enfim piedade dela... De repente, a Santíssima Virgem me pareceu bela, tão bela, como nunca tinha visto nada tão formoso. O rosto irradiava inefável bondade e ternura, mas o que me calou no fundo da alma foi o "empolgante sorriso da Santíssima Virgem". Nesta altura, desvaneceram-se todos os meus sofrimentos. Das pálpebras me saltaram duas grossas lágrimas e deslizaram silenciosas sobre as faces. Eram lágrimas de uma alegria sem inquietação... Oh! pensei comigo, a Santíssima Virgem sorriu para mim, como sou feliz... Mas, nunca jamais o contarei a ninguém, porque então desaparecia minha felicidade. Sem nenhum esforço, baixei os olhos e exerguei Maria que olhava para mim com amor. Parecia emocionada e dava impressão de suspeitar o favor que a Santíssima Virgem me concedera... Oh! era exatamente a ela, às suas edificantes orações que devia a graça do sorriso da Rainha dos Céus. Quando viu meu olhar fito na Santíssima Virgem, disse de si para si: "Teresa está curada!" Sim, a florzinha ía renascer para a vida, o Raio luminoso que a reanimara não pararia suas beneficências. Não atuou de uma só vez, mas de modo manso e agradável foi levantando e revigorando sua flor, de tal sorte que cinco anos depois ela desabrocharia na montanha do Carmelo.

Santa Teresinha do Menino Jesus, Histórias de Uma Alma

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