terça-feira, 11 de setembro de 2012

O ardor amoroso de Santa Teresinha - Carta à Irmã Maria do Sagrado Coração.

Ser tua esposa, ó Jesus, ser carmelita, ser mãe das almas pela união contigo, deveria ser bastante para mim... Mas, assim não acontece... Sem dúvida, as três prerrogativas constituem exatamente minha vocação: Carmelita, Esposa, e Mãe. Contudo, sinto em mim outras vocações. Sinto em mim a vocação de GUERREIRO, de SACERDOTE, de APÓSTOLO, de DOUTOR, e de MÁRTIR. Sinto, afinal, a necessidade, o desejo de realizar por ti, Jesus, todas as obras, as mais heróicas... Sinto na alma o arrojo de Cruzado, de Zuavo Pontifício. Desejaria morrer no campo de batalha pela defesa da Igreja...

Sinto em mim a vocação de SACERDOTE. Com que amor, ó meu Jesus, não te carregaria nas mãos, quando à minha voz descesses do Céu... Com que amor te não daria às alma!... Mas, que fazer? Com todo o desejo de ser sacerdote, admiro e invejo a humildade de São Francisco de Assis, e sinto a vocação de imitá-lo, quando recusou a sublime dignidade do sacerdócio.

Ó Jesus! meu amor, minha vida... como conciliar tais contrastes? Como tornar realidade os desejos de minha pobre alminha?...

Oh! apesar de minha pequenez, quisera esclarecer as almas, como os Profetas, os Doutores. Tenho vocação de ser Apóstola... Quisera percorrer a terra, apregoar teu nome, e chantar em terra de infiéis tua gloriosa Cruz. Mas, ó meu Bem-Amado, uma única missão não me seria bastante. Quisera anunciar, ao mesmo tempo, o Evangelho pelas cinco partes do mundo até as ilhas mais remotas... Quisera ser missionária não só por alguns anos, mas quisera sê-lo desde a criação do mundo, e sê-lo até a consumação dos séculos... Mas, acima de tudo, quisera, ó meu amado Salvador, por ti quisera derramar meu sangue até a última gota...

Martírio! eis o sonho de minha juventude! O sonho que cresceu comigo à sombra dos claustros do Carmelo... Aí, também, percebo que meu sonho é loucura, pois não conseguiria limitar-me a apetecer um só gênero de martírio... Para me satisfazer, precisaria de todos eles... Quisera, como tu, meu adorado Esposo, ser flagelada e crucificada... Como São Bartolomeu, quisera morrer esfolada... Como São João, quisera ser escaldada em azeite a ferver. Quisera submeter-me a todos os tormentos que se infligiam aos mártires... Com Santa Inês e Santa Cecília, quisera apresentar meu pescoço à espada, e, como Joana D'Arc, minha querida irmã, quisera sobre a fogueira murmurar teu nome, ó JESUS... Pensando nos tormentos que serão a sorte dos cristãos na era do Anticristo, sinto o coração alvoroçar-se, e quisera que tais tormentos me fossem reservados... Jesus, Jesus, quisesse escrever todos os meus desejos, ser-me-ia necessário pedir emprestado teu Livro da Vida, onde se relatam todos os feitos dos Santos, e quereria tê-los praticado por amor a ti...

Sta Teresinha de Lisieux, Carta à Irmã Maria do Sagrado Coração.

Créditos: GRAA

sábado, 8 de setembro de 2012

Natividade da Virgem Maria - Sermão de São Bernardo


São Bernardo (1091-1153), monge cisterciense, doutor da Igreja

«Maria, da qual nasceu Jesus, que se chama Cristo»
«O nome da virgem era Maria» (Lc 1,27). Esse nome, que dizem significar «estrela do mar», convém admiravelmente à Virgem Mãe. Nada é mais justo do que compará-la a uma estrela que dá a sua luz sem se alterar, tal como deu à luz o seu Filho sem danificar o seu corpo virgem. Ela é efectivamente essa nobre «estrela surgida de Jacob», cujo esplendor ilumina o mundo inteiro, que brilha nos céus e penetra até aos infernos. [...] Ela é verdadeiramente essa linda e admirável estrela que havia de elevar-se acima do mar imenso, cintilante de méritos, iluminando pelo exemplo.


Vós todos, quem quer que sejais, seja o que for que sentirdes hoje, em pleno mar, sacudidos pela tormenta e pela tempestade, longe da terra firme, mantende os olhos na luz dessa estrela para evitar o naufrágio. Se se levantarem os ventos da tentação, se vires aproximar-se o escolho das provações, olha para a estrela, invoca Maria! Se te sentires sacudido pelas vagas do orgulho, da ambição, da maledicência ou do ciúme, eleva os olhos para a estrela, invoca Maria. [...] Se te sentires perturbado pela enormidade dos teus pecados, humilhado pela vergonha da tua consciência, assustado pelo temor do julgamento, se estiveres a ponto de naufragar nas profundezas da tristeza e do desespero, pensa em Maria. No perigo, na angústia, na dúvida, pensa em Maria, invoca Maria!


Que o seu nome nunca saia dos teus lábios nem do teu coração. [...] Seguindo-a, não te perderás; rezando-lhe, não desesperarás; pensando nela, evitarás enganar-te no caminho. Se Ela te agarrar pela mão, não te afundarás; se Ela te proteger, nada temerás; conduzido por Ela, ignorarás a fadiga; sob a sua proteção, chegarás ao objectivo. E compreenderás, pela tua própria experiência, como são verdadeiras essas palavras: «O nome da virgem era Maria». 


Fonte: Evangelho Quotidiano

sexta-feira, 7 de setembro de 2012

Comentário ao Evangelho do dia (07/09) feito por Santo Agostinho (354-430), bispo de Hipona (Norte de África), doutor da Igreja – Sermão 210, 5



«Virão dias em que o Esposo lhes será tirado; então, nesses dias, hão-de jejuar»
Que «estejam cingidos os nossos rins e acesas as nossas lâmpadas»; sejamos
semelhantes «aos homens que esperam o seu senhor ao voltar do seu noivado»
(Lc 12,35). Não sejamos como aqueles ímpios que dizem: «Comamos e bebamos,
que amanhã morreremos» (1Co 15,32). Quanto mais incerto é o dia da nossa
morte, mais dolorosas são as tribulações desta vida; e devemos jejuar e
orar ainda mais porque efectivamente morreremos amanhã. «Dentro em pouco já
Me não vereis e pouco depois voltareis a ver-Me» (Jo 16,16). Agora é o
momento acerca do qual Ele disse: «Chorareis e lamentar-vos-eis; o mundo
alegrar-se-á e vós estareis tristes» (v. 20); é a altura desta vida cheia
de provações em que viajamos longe d’Ele. «Mas Eu hei-de ver-vos de novo; e
o vosso coração alegrar-se-á e ninguém vos poderá tirar a vossa alegria»
(v. 22).
Doravante a esperança que assim nos dá Aquele que é fiel às Suas promessas
não nos deixa totalmente sem alegria, até ficarmos cheios da alegria
transbordante do dia em que «seremos semelhantes a Ele porque O veremos
como Ele é» (1Jo 3,2), e em que «ninguém nos poderá tirar a nossa alegria».
[...] «Uma mulher, quando está para dar à luz, sente tristeza porque é
chegada a sua hora. Mas depois de ter dado à luz o menino já não se lembra
da aflição, pelo prazer de ter vindo ao mundo um homem» (Jo 16,21). É esta
alegria que ninguém nos pode tirar e de que ficaremos repletos quando
passarmos da presente concepção da fé para a luz eterna. Jejuemos então
agora e oremos, porque nos encontramos nos dias do parto.
fonte: www.evangelhoquotidiano.org

quinta-feira, 6 de setembro de 2012

Santa Catarina de Siena - Carta a Francisco Casini, sobre o pecado mortal



Santa Catarina de Sena fala sobre o pecado mortal

Em nome de Jesus Cristo crucificado e da amável Maria, caríssimo irmão, eu Catarina, serva e escrava dos servos de Jesus Cristo, vos escrevo no seu precioso sangue, desejosa de vos ver repudiando o pecado mortal.

É que de outro modo não podereis receber a graça divina em vossa alma. Mas nem vós, nem qualquer outra pessoa alcançará a graça sem a iluminação divina (da fé), que dê a conhecer a relevância do pecado e o valor da virtude. Ninguém ama o que desconhece. Assim, é impossível conhecer e amar algo digno de amor ou repudiar algo digno de repúdio, sem a fé. Portanto, precisamos da luz da fé, que é a pupila da nossa inteligência, supondo que o amor-próprio não a tenha obscurecido. Havendo egoismo na alma, cumpre eliminá-lo, para que nosso olhar interior não seja impedido. Através do amor santo, é preciso afastar o perverso amor da sensualidade, que abafa a graça divina na alma e corrompe toda a atividade. Acontece como numa árvore contaminada, cujos frutos são podres. A pessoa cheia de amor sensual perde o sentido da gravidade do pecado mortal. Toda a sua atividade se corrompe, desaparece sua luz interior. Nas trevas, a alma deixa de ver a verdade. Mais ainda, a sensibilidade espiritual e a tendência da alma são prejudicadas, de modo que as coisas boas lhe parecem más e as más parecem boas. Quem foge do amor a Deus e ao próximo, põe a felicidade nos prazeres e orgias deste mundo. E quando ama alguém, não o faz por causa de Deus, mas para a própria utilidade.

Ao contrário, quem eliminou todo amor sensual ama o Criador acima de tudo e o próximo como a si mesmo. Mas, para chegar a tal amor, é preciso que a inteligência, iluminada (por Deus), reconheça antes o próprio nada, sua dependência de Deus quanto ao ser e a todo o mais que possui. Somente então a pessoa conhece a si mesma, a própria imperfeição e como Deus é bom. Também condena a própria imperfeição e sua fonte, que é o egoísmo. Passa a amar a vida virtuosa por amor do Criador, dispõe-se a sofrer toda dificuldade para não ofender a Deus e não prejudicar a vida na virtude. Afinal, orienta todas as suas atividades espirituais e materiais a Deus. Em qualquer estado de vida se encontre, ama e teme o Criador. Assim, se possui riquezas, alta posição social, filhos, parentes e amigos, tudo considera emprestado, não como coisa sua.

E tudo usa disciplinadamente, sem abusos. Vivendo no matrimônio, comporta-se segundo as normas do sacramento e as leis da santa Igreja. Tendo de conviver com outras pessoas e servi-las, age sem interesses pessoais, sem fingimento, livre e comprometida somente com Deus. Ele regulamenta as faculdades da alma e os sentidos corporais: orienta a memória para recordar-se dos benefícios divinos; a inteligência para conhecer qual é a vontade de Deus, que apenas quer a nossa santificação; a vontade, para amar o Criador acima de toda outra coisa. Assim reguladas as faculdades da alma, põe ordem nos sentidos.

É o que vos peço fazer, caríssimo irmão. Organizai vossa vida, procurai compreender a gravidade do pecado e a imensidão da bondade divina. Se o fizerdes, seresi do agrado divino em todas as condições em que vos encontrardes. Sereis uma árvore frutífera de santas e autêntica virtudes. Já neste mundo começareis a gozar as garantias da vida eterna. Julgando eu que de nenhum modo poderemos alcançar a paz, a quietude e a graça (divina) sem a iluminação da fé - que nos permite conhecer a nós mesmos, a gravidade do pecado mortal, abondade divina e o tesouro das virtudes - afirmei que desejava vos ver repudiando o pecado mortal. Espero que assim façais. Nada mais acrescendo. Permanecei no santo e doce amor de Deus.

Jesus Doce, Jesus amor.

Santa Catarina de Sena, Virgem e Doutora da Igreja, Carta para Francisco Casini, Cartas Completas.

Comentário ao Evangelho do dia feito por São Máximo de Turim

Sermões atribuídos a São Máximo de Turim, 39

                «De futuro, serás pescador de homens»

                Quando o Senhor, sentado no barco de pesca, disse a Pedro «faz-te ao largo; e vós, lançai as redes para a pesca», quis aconselhá-lo não tanto a lançar às profundezas da água as redes de pesca, mas a derramar no fundo dos corações as palavras da pregação. Foi neste abismo do coração que São Paulo penetrou quando clamou «oh, que profundidade de riqueza, de sabedoria e de ciência é a de Deus!» (Rm 11,33). [...] Tal como as redes trazem nas suas malhas, para dentro do barco, os peixes que apanharam, assim a fé conduz ao seu seio, para o descanso, todos os homens recolhidos por ela.
                Para fazer ainda crer que o Senhor estava a referir-Se à pesca espiritual, disse Pedro: «Mestre, trabalhamos durante toda a noite e nada apanhamos, mas porque Tu o dizes, lançarei as redes». O Senhor, nosso Salvador, é o Verbo, a Palavra de Deus; [...] e Pedro, ao lançar as redes a esta Palavra, estende a sua eloquência por todo o lado. Assim, Pedro estende as malhas da rede aparelhada segundo as diretrizes do seu Mestre, lançando, em nome do Senhor, palavras claras e eficazes que permitem salvar homens e já não criaturas sem razão.
                «Trabalhamos durante toda a noite e nada apanhamos». Sim, toda a noite trabalhara Pedro [...] mas, assim que brilhou a luz do Senhor, dispersaram-se as trevas e a fé permitiu-lhe distinguir nas profundezas da água aquilo que os seus olhos não podiam ver. Pedro sofreu a noite inteira até que o dia que é Cristo viesse em seu auxílio, conforme as palavras do apóstolo Paulo: «A noite adiantou-se e o dia está próximo» (Rm 13,12).

6/9/2012

Fonte: Caritas in Veritate

quarta-feira, 5 de setembro de 2012

O poder do Santo Rosário nos escritos dos Santos


"A todos os que rezarem meu Rosário com devoção, prometo minha proteção especial e grandíssimas graças.” Palavras de Nossa Senhora ao frade dominicano Alano de la Roche, e ainda: “Prega as coisas que viste e ouviste. Não tenhas nenhum receio: eu estou contigo; eu te ajudarei e a todos os meus salmodiantes.”

poder do Santo Rosário, fundamentado na contemplação dos Mistérios de Nosso Senhor e na intercessão da Santíssima Virgem, nos é precisado, entre os santos canonizados pela Santa Igreja, sobretudo por dois grandes devotos da Mãe de Deus, que são Santo Afonso Maria de Ligório, doutor da Santa Igreja, e São Luiz Maria Montfort, autor do famoso “Tratado da Verdadeira Devoção à Santíssima Virgem”.


Escreve Santo Afonso de Ligório; a respeito da intercessão da Virgem Maria: “É impossível a tão benigna Rainha ver a necessidade de uma alma, sem ir em seu auxílio. Esta grande compaixão de Maria para com nossas misérias a leva a nos socorrer e consolar, mesmo quando não a invocamos. É o que mostrou durante sua vida, nas bodas de Caná. (…) Se Maria é tão pronta em ajudar, mesmo sem ser rogada, quanto mais o será para consolar que a invoca e a chama em seu auxílio?” (“Glórias de Maria”, cap. IV) E acrescenta: “Que seja Jesus Cristo o único Mediador de justiça, a reconciliar-nos com Deus, pelos seus merecimentos, quem o nega? Não obstante isto, compraz-se Deus em conceder-nos suas graças pela intercessão dos santos e especialmente de Maria, sua Mãe, a quem tanto deseja Jesus ver amada e honrada. (…) O que, porém, temos em vistas provar é que esta intercessão é também necessária à nossa salvação. Necessária sim, não absoluta, mas moralmente falando, como deve ser. A origem desta necessidade está na própria Vontade de Deus, o qual pelas mãos de Maria quer que passem todas as graças que nos dispensa. (…) Querendo exaltá-la de um modo extraordinário, determinou por isso o Senhor que por suas mãos hajam de passar e sejam concedidas todas as mercês dispensadas às almas remidas. (…) Não há dúvida, confessamos que Jesus Cristo é o único medianeiro de justiça, porque por seus méritos nos obtém a graça e a salvação. Mas ajuntamos que Maria é medianeira de graças, e como tal pede por nós em nome de Jesus Cristo e tudo nos alcança pelos méritos dele. Assim, pois, a intercessão de Maria, devemos de fato, todas as graças que solicitamos. (…) Assim o demônio envida todos os esforços para acabar com a devoção a Mãe de Deus nas almas. Pois, cortado esse canal de graças, muito fácil lhe torna a conquista.” (Glórias de Maria, cap. V)
Sobre a oração da Ave-Maria e do Santo Rosário, Santo Afonso escreve: “Muito agrada à Santíssima Virgem a saudação angélica. Por ela lhe renovamos a alegria que sentiu quando São Gabriel anunciou que fora eleita para Mãe de Deus. Nessa intensão devemos saudá-la muitas vezes com a Ave-Maria. Saudai-a com a Ave-Maria, diz Tomás de Kempis, porque ela gosta muita dessa saudação. Que não lhe podemos dirigir saudação mais agradável, do que a Ave-Maria, disse-o a Virgem a Santa Matilde. Por ela será também saudado todo aquele que a saúde. São Bernardo, certa ocasião, ouviu de uma estátua da Senhora as palavras: Eu te saúdo, Bernardo! Ora, a saudação de Maria consiste sempre em alguma nova graça, diz Conrado de Saxônia. Pergunta Ricardo: É possível que Maria recuse mais uma graça a quem dela se aproxima e lhe diz: Ave, Maria? A Santa Gertrudes a Mãe de Deus prometeu  tantos auxílios na hora de morte, quantas Ave-Maria lhe houvesse recitado em vida. Alano de Rupe afirma que, ao ouvir essa saudação angélica, alegra-se o céu, treme o inferno e foge o demônio. Com efeito, atesta-o Tomás de Kempis, pois com uma Ave-Maria pôs em fuga o demônio que lhe aparecera.” (…) “Atualmente, não há devoção mais praticada pelos fiéis de toda classe, do que esta do Santo Rosário. (…) É assaz notório o bem que trouxe ao mundo esta augusta devoção. Quantos, por meio dela, têm sido livres dos pecados! Quantos conduzidos a uma vida santa! Quantos, depois de uma boa morte, foram por ela salvos! (…) É preciso recitar o terço com devoção, sem esquecer o que a Santíssima Virgem disse a Santa Eulália. Cinco dezenas, disse-lhe a Senhora, recitadas com pausa e devoção, me são mais agradáveis do que quinze, ditas às pressas e com menor devoção. Por isso, é bom recitá-lo de joelhos, diante de uma imagem da Virgem, e fazer no princípio de cada dezena um ato de amor a Jesus e Maria, pedindo-lhe alguma graça. Note-se também que é melhor recitar o Rosário em comum do que só.” (Glórias de Maria, Tratado VI)



 São Luis Montfort escreve: “Foi preciso que a Santíssima Virgem aparecesse várias vezes a grandes santos muito doutos, para demonstrar-lhes o mérito desta pequena oração, como sucedeu a S. Domingos, a S. João Capistrano, ao bem-aventurado Alano de la Roche. E eles compuseram livros inteiros sobre as maravilhas e a eficácia da Ave-Maria, para conversão das almas. Altamente publicaram e pregaram que a salvação do mundo começou pela Ave-Maria, e a salvação de cada um em particular está ligada a esta prece; que foi esta prece que trouxe à terra seca e árida o fruto da vida, e que é esta mesma prece que deve fazer germinar em nossa alma a palavra de Deus e produzir o fruto de vida, Jesus Cristo (…) Aprendei que a Ave-Maria é a mais bela de todas as orações, depois do Pai-Nosso. É a saudação mais perfeita que podeis fazer a Maria, pois é a saudação que o Altíssimo indicou a um arcanjo, para ganhar o coração da Virgem de Nazaré. E tão poderosas foram aquelas palavras, pelo encanto secreto que contêm, que Maria deu seu pleno consentimento para a Encarnação do Verbo, embora relutasse em sua profunda humildade. É por esta saudação que também vós ganhareis infalivelmente seu coração, contanto que a digais como deveis. A Ave-Maria, rezada com devoção, atenção e modéstia, é, como dizem os santos, o inimigo do demônio, pondo-o logo em fuga, e o martelo que o esmaga; a santificação da alma, a alegria dos anjos, a melodia dos predestinados, o cântico do Novo Testamento, o prazer de Maria e a glória da Santíssima Trindade. A Ave-Maria é um orvalho celeste que torna a alma fecunda; é um beijo casto e amoroso que se dá em Maria, é uma rosa vermelha que se lhe apresenta, é uma pérola preciosa que se lhe oferece, é uma taça de ambrosia e de néctar divino que se lhe dá. Todas estas comparações são de santos ilustres. Rogo-vos instantemente, pelo amor que vos consagro em Jesus e Maria, que não vos contenteis de recitar a coroinha da Santíssima Virgem, mas também o vosso terço, e até, se houver tempo, o vosso rosário, todos os dias, e abençoareis, na hora da morte, o dia e a hora em que me acreditastes; e, depois de ter semeado sob as bênçãos de Jesus e de Maria, colhereis bênçãos eternas no céu.” (Tratado da Verdadeira Devoção à Santíssima Virgem, 252-254)
Fonte: O Segredo do Rosário

 

domingo, 2 de setembro de 2012

Carta aos amigos da cruz - São Luís Maria Grignion de Montfort

CARTA AOS AMIGOS DA CRUZ

Por São Luís de Montfort

    1. Visto que a cruz divina me guarda em retiro e me previne de lhes falar pessoalmente, eu não posso e nem mesmo desejo expressar sobre os sentimentos de meu coração na excelência e nas práticas de sua união à cruz sagrada de Cristo. De qualquer forma, nesse último dia de meu isolamento, eu deixo os deleites da vida interior para traçar sobre esse papel uns breves pontos da cruz com os quais penetro em seus corações generosos. Quisera Deus que eu pudesse usar o sangue de minhas veias em preferência à tinta de minha caneta! Aliás, mesmo que o sangue fosse requerido, o meu não seria bom o suficiente. Eu rezo com a intenção que o Espírito do Deus Vivo possa ser a vida, força e a mão orientadora dessa carta; que sua unção possa ser minha tinta, a cruz sagrada minha caneta, e seu coração meu livro.

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